DataFolha revela que maioria dos brasileiros defende impeachment de Bolsonaro, PT pede que Lira ouça a voz das ruas

Ato pelo impeachment de Bolsonaro em Brasília. Foto: Lula Marques

Pela primeira vez desde que o Instituto Datafolha começou a questionar os brasileiros sobre o impeachment de Bolsonaro, em abril de 2020, a maioria dos entrevistados se diz a favor da abertura do processo, que depende exclusivamente de decisão do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), que é aliado do presidente Bolsonaro. São 54% a favor da ação, ante 42% que se mostram contrários à iniciativa e 4% não sabem, segundo matéria divulgada neste sábado (10), pelo jornal Folha de S. Paulo.

Foram ouvidos de forma presencial 2.074 maiores de 16 anos, em todo o país, nos dias 7 e 8 de julho. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou menos.

Vários parlamentares da Bancada do PT na Câmara usaram as suas redes sociais para divulgar o resultado da pesquisa e reforçar a necessidade da abertura do processo de impedimento do Bolsonaro. O líder do partido na Câmara, deputado Bohn Gass (RS), que tem cobrando sistematicamente do presidente Lira a abertura de um dos mais de cem pedidos de impeachment, reforçados pelo “superpedido” – protocolado no dia 30 de junho e atribui a Bolsonaro 23 crimes de responsabilidade -, destacou que 54% do povo brasileiro defende a abertura do processo de impeachment de Bolsonaro.

O deputado Henrique Fontana (PT-RS), autor de proposta (PL 1.816/21), que pretende tirar a prerrogativa exclusiva do presidente da Câmara de abrir processo de impeachment, destacou em sua conta no Twitter que o presidente Arthur Lira precisa ouvir a voz das ruas e levar para o plenário a decisão sobre a abertura do impeachment de Bolsonaro. “Os crimes de responsabilidade do presidente precisam ser julgados e punidos!”, defendeu.

O deputado Enio Verri (PT-PR) ao comentar a pesquisa questionou se alguém tinha dúvida? “A incompetência, o descontrole e o autoritarismo imperam na cabeça do presidente. Ele diz que não pode tomar providências diante de uma denúncia de corrupção, está fazendo o que no cargo?”, completou.

E o deputado José Guimarães (PT-CE) indagou até quando o desejo do povo será negligenciado pelo Parlamento?

Para Nilto Tatto (PT-SP), não adianta Bolsonaro fazer motociata pelo Brasil: “A maioria no País defende impeachment de Bolsonaro, são 54% que querem a abertura de processo pela Câmara, ante 42% que rejeitam ação”, enfatizou.

O deputado Carlos Veras (PT-PE) ironizou: “É ‘mito’ caindo no seu mar de lamas”, e o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) profetizou: “A maioria vai tirar o genocida”.

Antes da confissão

O deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) também destacou o resultado da pesquisa, na qual a maioria dos brasileiros defende o impeachment. “Isso porque o levantamento foi feito antes de Bolsonaro confessar o crime de prevaricação. A tendência é que a insatisfação contra seu governo cresça ainda mais”, observou. O deputado se refere à entrevista concedida pelo presidente hoje, à rádio Gaúcha, na qual Bolsonaro “confessou” que foi avisado pelo deputado Luís Miranda sobre os indícios de corrupção na compra da vacina Covaxin e nada fez, alegando que “não posso simplesmente, ao chegar qualquer coisa pra mim, tomar providência”. “Esta declaração é a confirmação do crime de prevaricação”, afirmou Reginaldo.

Os deputados Afonso Florence (PT-BA), Airton Faleiro (PT-PA), Paulo Pimenta (PT-RS), Rogério Correia (PT-MG) e Rubens Otoni (PT-GO), também destacaram o resultado da pesquisa e reforçaram o pedido de impeachment de Bolsonaro.

Rodada anterior

Na última pesquisa, feita em 11 e 12 de maio, os favoráveis ao impeachment eram 49%, mas estavam empatados tecnicamente com os contrários à iniciativa, que chegavam a 46%. Agora, a diferença aumenta.

Perfil

Defendem mais o impeachment mulheres (59%), jovens (61%), mais pobres (60%, no grupo mais volumoso da estratificação econômica da pesquisa, 57% da amostra) e moradores do Nordeste (64%). Esses dados seguem a linha das outras abordagens feitas pelo Datafolha sobre Bolsonaro.

Valores ainda mais altos de aprovação ao processo são encontrados entre os que se declaram pretos (65%) e homossexuais ou bissexuais (77%).

Já o apoio ao presidente se mostra maior entre mais velhos (49% de rejeição a processo), entre os evangélicos (56%), quem ganha de 5 a 10 salários mínimos (62%), mais ricos (59%) e os empresários (68%, mas um grupo com apenas 2% da amostra).

Regionalmente, a história de outros ângulos da pesquisa se repete. Bolsonaro vê a rejeição ao impedimento ganhar por 52% a 46% no Norte/Centro-Oeste e registra um empate no Sul, com 49% para cada lado —as duas áreas são as mais bolsonaristas do país.

Caminho do impeachment

O presidente da Câmara dos Deputados é o responsável por analisar pedidos de impeachment do presidente da República. Ele pode decidir sozinho o destino dos pedidos e não tem prazo para fazê-lo. Nos casos encaminhados, o mérito da denúncia deve ser analisado por uma comissão especial e depois pelo plenário da Câmara. São necessários os votos de pelo menos 342 dos 513 deputados para autorizar o Senado a abrir o processo

 

Vânia Rodrigues, com Folha de S.Paulo

 

 

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