Setembro Amarelo e o suicídio de jovens no Amazonas

Deputado José Ricardo. Foto: Najara Araújo/Câmara dos Deputados

Este mês é chamado de Setembro Amarelo, período definido para ações de combate ao suicídio. O número crescente de suicídios no Brasil e no Amazonas, principalmente de jovens e de indígenas, necessita de ações efetivas de prevenção por parte do poder público.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio é uma das principais causas de mortes em todo mundo, sendo que em 2019 mais de 700 mil pessoas morreram por suicídio, o equivalente a uma em cada 100 mortes. No Brasil, não é diferente. Entre 2014 e 2019, aumentaram em 28% os casos de suicídios, passando de 9,7 mil para 12,4 mil casos.

No Amazonas, segundo a Secretaria de Segurança Pública, em 2019, 124 pessoas tiraram a própria vida e, no primeiro semestre de 2020, o número já passava de 60. Em Manaus, no ano de 2020, foram 119 casos de suicídios, um aumento de 13% em relação ao ano anterior. Em 2021, entre os meses de janeiro e abril, foram registrados na capital 46 casos. Ao todo, entre os anos de 2019 e 2021, foram registrados em Manaus 270 suicídios e no interior foram 79 mortes, totalizando 349 casos no Amazonas em quase três anos.

A maioria das pessoas que se suicidam são homens. Os especialistas dizem que 90% dos casos de suicídios estão relacionados a doenças mentais, principalmente, devido à depressão. Este é o caso dos jovens, onde 97% dos casos são transtornos mentais: depressão, transtorno bipolar e abuso de drogas. Mas também contribuem para o suicídio as situações de desemprego, sensações de vergonha, desonra, desilusões amorosas.

O que chama atenção é o número crescente de suicídio de indígenas no país. Segundo o Relatório de Violência contra os Povos Indígenas, do Conselho Missionário Indigenista (CIMI), foram registrados 101 suicídios de indígenas no país em 2020, sendo o maior número no Amazonas (39 casos). Segundo a Fiocruz, a taxa de mortalidade de suicídio de indígenas chega a ser dez vezes maior do que a taxa da população não indígena. E dos indígenas, o maior número de mortes é de jovens, na maioria homens e por enforcamento.

No Município de São Gabriel da Cachoeira, que visitei semana passada, uma assistente social que atua como voluntária na Fazenda Esperança local, informou que é grande e preocupante a quantidade de jovens indígenas que cometeram suicídio.

Neste sentido é urgente que o poder público assuma responsabilidades com políticas públicas de prevenção e campanhas de orientação. Começaria pelo cumprimento da Lei 10.216/2001, que trata da proteção das pessoas acometidas de transtorno mental, assegurando atendimento especializado, pelos CAPS e outros organismos de saúde.

Nas escolas, está na hora de ter assistência psicológica e de serviço social para atender alunos, professores e familiares. Na Constituição Estadual, foi incluso artigo neste sentido. Na Câmara dos Deputados, apresentei o PL 3426/2019 e a PEC 111/2019, defendo a atuação dos profissionais da psicologia e do serviço social nas escolas.

Os governos federal, estadual e municipal deveriam, no mínimo, fazer campanhas entre os adolescentes e jovens, principalmente, nas escolas, para orientar e reduzir essas trágicas estatísticas e tratar o assunto como um caso de saúde pública.

Não estou otimista. O Governo Federal reduziu os recursos para a saúde pública no Orçamento Federal de 2022, enviado para o Congresso Nacional. O que é lamentável. Mas mesmo assim, não há motivos para que a sociedade cruze os braços diante da inoperância do Estado e do problema que pode ser minimizado.

Por isso, vamos divulgar o Disque 188, que oferece apoio emocional e prevenção ao suicídio. É um atendimento gratuito.

José Ricardo é deputado federal  (PT-AM)

Artigo publicado originalmente no site Amazonas Atual

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