Deputados e deputadas participaram de uma emocionante homenagem à ex-vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco, e seu motorista, Anderson Gomes, no Plenário da Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (26/3). Marielle e Anderson foram brutalmente assassinados em março de 2018, e a sessão solene, requerida pela deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ), foi uma forma de relembrar suas vidas e seus legados, além de cobrar justiça pelos crimes.
A presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), destacou em seu discurso: “Quiseram calar Marielle, quiseram calar Anderson. Mas, ao querer calar Marielle, não sabiam que estavam dando voz mais forte àqueles que combatem a injustiça, àqueles que combatem as milícias, àqueles que combatem a insegurança em nosso País”.
Já a 2ª Secretária da Mesa, deputada Maria do Rosário (PT-RS), ressaltou a importância de Marielle como representante das mulheres, do povo negro periférico, dos mais pobres e dos trabalhadores. Ela afirmou que Marielle ensinou que “a verdadeira mudança só existe quando nós nos unimos”.
Maria do Rosário também fez questão de mencionar o impacto da luta de Marielle para as mulheres negras: “Mulheres negras, vocês se levantaram. Obrigada, em nome do Brasil, a cada menina negra e a cada mulher negra que ocupa o espaço na política e diz: ‘Nunca mais sem nós’. Essa é a voz de vocês. Marielle é a voz de vocês. E vocês não permitiram que a voz de Marielle fosse calada. Defensora dos direitos humanos, Marielle carregava o futuro. Anderson, um trabalhador, carregava esperanças, uma família. Sua luta tem sido levada adiante”.
A homenagem foi um momento de lembrança e reconhecimento da importância da luta de Marielle e Anderson, além de ressaltar a necessidade contínua de se combater a violência, a injustiça e a desigualdade em nossa sociedade
Símbolo nacional
O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, enfatizou que Marielle Franco se tornou um símbolo nacional. “Marielle Franco não é mais um símbolo do Rio de Janeiro, não é mais um símbolo da comunidade negra, não é mais um símbolo das mulheres. Marielle Franco agora virou um símbolo nacional, virou uma prova da nossa força, da nossa capacidade de nos reorganizar e de resistir às barbáries que este País nos perpetra”.
Os assassinos
Após seis anos, as investigações sobre o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes avançaram significativamente com a prisão de Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Chiquinho Brazão, deputado federal do Rio de Janeiro, e Rivaldo Barbosa, ex-chefe de Polícia Civil do Rio, suspeitos de serem os mandantes do crime. A operação conjunta entre a Polícia Federal, a Procuradoria-Geral da República e o Ministério Público do Rio de Janeiro, nesse último domingo (24/3) foi baseada na delação de Ronnie Lessa, executor do crime, que os apontou como os responsáveis, em delação homologada.
Gleisi Hoffmann parabenizou a operação, mas ressaltou que ainda há muitas perguntas a serem respondidas. Ela questionou por que as investigações não avançaram durante o governo Bolsonaro e apontou que também é preciso investigar as circunstâncias que permitiram que o crime ocorresse.
“Foi preciso mudar o governo federal para que pudéssemos avançar nas investigações. Portanto, precisamos também, além das investigações sobre as pessoas que já estão presas, investigar o que aconteceu nestes governos — por que, durante o governo Bolsonaro, não se avançou nas investigações sobre a morte de Marielle e Anderson? Por que, no Governo do Rio de Janeiro, não se deixou avançar também nas investigações sobre a morte de Marielle e Anderson? Essas perguntas devem ser sempre a nossa referência”, destacou Gleisi Hoffmann.
Justiça
A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) espera que a justiça seja completa. “Eu estou me esforçando para não chorar, porque eles não merecem nossas lágrimas, mas o nosso protesto, a nossa indignação, a nossa ira, a nossa raiva, isso eles merecem. É por isso que aqui estamos todas nós para pedir que eles sejam verdadeiramente condenados, mas não que paguem uma fiança e daqui a pouco estejam entre nós. É preciso fazer justiça, e ela tem que ser completa”.
Os deputados Reimont (PT-RJ), Reginete Bispo (PT-RS), Carol Dartora (PT-PR), Dandara (PT-MG) e Erika Kokay (PT-DF) também discursaram na sessão.
Assista a homenagem na íntegra:
Lorena Vale