Com plenário lotado, a interrogação que marcou a sessão solene nesta quarta-feira (15), em homenagem à vereadora, ativista dos direitos humanos, Marielle Franco, assassinada cruelmente há 5 anos foi “quem mandou matar Marielle?”. A execução de Marielle e de seu motorista, Anderson Gomes, ocorreu no dia 14 de março de 2018.
A sessão contou com a presença do ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio de Almeida, e da ministra da Igualdade Racial e irmã de Marielle, Anielle Franco.
“Não existe possibilidade de o Brasil superar a desigualdade, o autoritarismo e avançar para uma sociedade verdadeiramente democrática, superar o racismo, se nós não nos comprometermos enquanto sociedade com a elucidação do assassinato de Marielle Franco”, reagiu Silvio de Almeida.
O ministro reiterou o compromisso do governo para que o assassinato seja desvendado e os mandantes sejam punidos. “Punir os mandantes desse assassinato é antes de tudo passar um recado para todos aqueles que ameaçam defensores dos direitos humanos, ambientalistas, que ameaçam as comunidades indígenas, os quilombolas, que ameaçam parlamentares, especialmente mulheres, que esses covardes gostam de ameaçar”, afirmou o ministro.
Luta contra violência política
Em sua fala, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, afirmou que desvendar quem são os mandantes do assassinato “é uma forma de luta contra a violência política que atinge as mulheres pretas”.
“Os nossos corpos por estarem aqui hoje, todos os corpos pretos, de mulheres negras aqui presentes, por estarem vivas, já é um ato político. Enquanto a gente não responder quem mandou matar a Mari, a gente segue com essa democracia fragilizada, e espero que a gente não tenha que ficar mais cinco anos para esperar resposta dos mandantes”, criticou.
Dia de memória e de luto
Ao se pronunciar em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, a deputada Ana Pimentel (MG) disse que essa data representa sofrimento para as mulheres brasileiras. Segundo ela, é um dia de memória, de luto e que é importante que todos lembrem dessa triste página da história todos os dias.
“São cinco anos sem respostas. São cinco anos de um assassinato que marca a história do nosso País. A morte da Marielle lembra de um País que não queremos mais, lembra de um País que ainda hoje assassina negros, negras, mulheres, lembra um País que ainda hoje não aceita que mulheres ocupem espaços da política”, lamentou Ana Pimentel.
A deputada mineira destacou a presença dos ministros na sessão solene. “Nós sabemos que isso é um marco fundamental, que o governo anterior negava, que o governo anterior atrasou as investigações e foi cúmplice de tudo que aconteceu”, acusou a parlamentar.
A sessão contou também com a participação do líder do Governo, deputado José Guimarães (PT-CE), das deputadas Benedita da Silva (PT-RJ) e Erika Kokay (PT-DF).
Benildes Rodrigues com Agência Câmara dos Deputados