Sem política econômica, 26% dos brasileiros ficam desempregados 2 anos ou mais

Foto: José Cruz/Agência Brasil

Cerca de 6 milhões de trabalhadores e trabalhadoras perderam o emprego no Brasil há mais de um ano. Número de desempregados que buscam recolocação há mais de um ou dois anos cresceu durante o governo de Bolsonaro, segundo estudo do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (DIEESE).

Destes, 3,8 milhões já estão sem trabalho há mais de dois anos. O total de trabalhadores em busca de colocação há mais de um ano subiu de 6,7% para 15,1%. E o total daqueles que buscam há mais de dois anos subiu de 23,9% para 26,1%. Ou seja, quanto mais tempo o trabalhador fica desempregado, menor é a chance de recolocação no mercado de trabalho.

Para os parlamentes do PT Natália Bonavides (RN) e Vicentinho (SP), para mudar o cenário caótico em que o Brasil se encontra é preciso que o presidente Jair Bolsonaro seja afastado. Bolsonaro não tem políticas para tirar o país de todas as crises que se encontra como a econômica, política, social, hídrica, sanitária e de meio ambiente, muito pelo contrário, com suas políticas neoliberais a situação fica cada vez pior e os principais atingidos são os mais pobres e trabalhadores.

“Para reverter os atuais índices de desemprego, precisamos começar mudando o governo e a sua política. Bolsonaro e seus aliados são os principais responsáveis pela situação atual. A política neoliberal, de teto de gastos, baixos investimentos e privatizações é desastrosa”, criticou Natália Bonavides.

A parlamentar defende que é preciso investimento para gerar empregos, novos postos de trabalho. “É fundamental revogar o teto de gastos e suspender as privatizações. As empresas públicas, como Petrobras e Eletrobras precisam ser recuperadas para que possam ajudar num projeto nacional de desenvolvimento. Também precisamos garantir direitos sociais e trabalhistas, amparando os trabalhadores e desfazendo todos os ataques da direita que apenas precarizaram e pioraram as condições de vida da maioria do povo”, sugeriu.

Deputada Natália Bonavides. Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

“Para reverter o desemprego, gerar emprego e o País voltar a se desenvolver, nós precisamos de política industrial, garantir direito dos trabalhadores – porque também são consumidores -, garantir a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, valorizar o salário mínimo e Fora Bolsonaro, porque com Bolsonaro nada disso irá acontecer”, afirmou o deputado Vicentinho.

Deputado Vicentinho. Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Governo sem propostas

Manchetes de alguns jornais, baseadas em análises de consultorias econômicas, dizem que esse quadro é uma das consequências da pandemia do novo coronavírus. Isso é uma falácia, diz o presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre. Para ele, a necessária paralisação das atividades econômicas para conter a disseminação da Covid-19 não é a principal causa do alto índice de desemprego no país, como afirma Bolsonaro.

“Desde que assumiu o governo, Bolsonaro não apresentou nenhuma proposta efetiva para geração de emprego e renda. Suas escolhas erradas na política econômica resultaram em desemprego recorde e aumento da fome”, afirma o dirigente, acrescentando que somente com investimento do Estado é possível enfrentar de forma eficaz o desemprego.

Para Sérgio Nobre, os números de hoje seriam melhores se o governo não tivesse reduzido investimentos e quadro de pessoal para privatizar estatais como Eletrobras e tentado vender os Correios e a Petrobras, além de desmontar o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que abandonou o financiamento industrial.

“Sem as estatais, o BNDES e os bancos públicos fazendo investimentos não tem Ministério do Trabalho que consiga promover mais empregos”, diz o presidente da CUT.

Desemprego de longa duração

O cenário atual é de desemprego prolongado, que tem consequências trágicas para a classe trabalhadora e para a economia do país, de acordo com o diretor-técnico do Dieese, Fausto Augusto Jr.

“Uma pessoa que fica dois anos sem emprego sofre algumas consequências. Ela vai mais rápido ao desalento porque procurar trabalho significa também ter custos”, diz Fausto, lembrando que o número dos já desalentados, ou seja, aqueles que desistiram de procurar emprego por não conseguir uma oportunidade depois de muito tentar, já é alto.

Os números de desemprego prolongado, que se referem ao primeiro trimestre deste ano, são de levantamento da consultoria Idados, que fez uma análise com exclusividade para o jornal Valor Econômico, baseada na Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios (Pnad-Contínua), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O desemprego prolongado atinge trabalhadores que mesmo antes da pandemia já vinham sofrendo as consequências da crise econômica, que foi aprofundada pela crise sanitária e pela falta de política econômica e social do governo Bolsonaro e seu ministro da Economia, Paulo Guedes.

Lorena Vale com CUT

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