A defesa da democracia, cerne de atuação da União Nacional dos Estudantes desde sua fundação em 1960, foi relembrada em um encontro realizado na segunda-feira (22) em Porto Alegre.
O ato que teve como mote a “Defesa da Legalidade do e do Direito de Lula ser Candidato”, reuniu ex-presidentes da UNE, da UBES, e lideranças que fizeram história no movimento estudantil, a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann e ex-presidente da UBES, o deputado Orlando Silva, ex-presidente da UNE, o senador Lindbergh Farias, militante da campanha dos caras pintadas, a deputada estadual Manuela D’Ávila, e Aldo Arantes, então presidente da UNE em 61.
Assim como em 1961, as sedes da UNE e da UBES foram transferidas para Porto Alegre somando forças às mobilizações em todo o Brasil contra a condenação ilegal de Lula e contra o caráter político do processo. Uma placa simboliza a transferência de sedes.
No evento, que contou ainda com a presença dos deputados Leo de Brito (AC), Pedro Uczai (SC) e Paulo Teixeira (SP), a atual presidenta da UNE, Marianna Dias, falou sobre a mudança de sede 57 anos depois. “Serão três dias marcados pela resistência, por isso decidimos transferir, assim como foi em 61, as sedes da UNE e da UBES para que todos os estudantes sejam representados. A UNE não admite que Lula ou qualquer outra pessoa seja condenada sem provas”, afirmou Marianna.
A senadora Gleisi Hoffmann destacou que todos são a favor do combate à corrupção, o que não se pode é utilizar os instrumentos regulatórios para fazer perseguição política. Ela agradeceu a solidariedade que os movimentos estudantis deram a Lula com a transferência das sedes para a capital gaúcha.
“O que está em jogo não é só perda do direito de ele ser candidato e da democracia, mas o direito de uma parcela expressiva da população expressar seu voto. Se eles queriam fazer enfrentamento político conosco, eles deram a largada. Eles mexeram em um vespeiro e o mundo todo está de olho em Porto Alegre”, declarou Gleisi Hoffmann.
O senador Lindbergh Farias defendeu a construção de uma nova esquerda uma vez que as instituições se renderam ao golpe e o país não tem a quem recorrer. “Se formos pensar, a democracia não é tradição brasileira, é exceção. Então, vamos ter que construir uma nova esquerda para tomar as ruas, resistir, já que só a luta institucional não funciona.”
A deputada estadual Manuela D’Ávila (PCdoB) defendeu que a esquerda se mantenha unida no momento em que a Justiça atua como um braço dos patrocinadores do golpe para tentar impedir que Lula se candidate. “Defender o direito de Lula ser candidato é defender saídas democráticas”, disse a deputada que destacou o caráter ilegal em torno do processo contra Lula.
O deputado federal e ex-presidente da UNE, Orlando Silva (PCdoB), falou sobre a importância da juventude e do povo se unir contra os efeitos do golpe e fazer a disputa ideológica com a imprensa e parte do judiciário que atuam contra a democracia.
“Essa politização que foi feita do processo Lula é absurda. Aqui o tribunal leva em média cem dias para analisar um processo e no caso dele foi em 50 dias. Semana passada uma juíza penhorou o apartamento que é de uma empresa. Não precisa demonstrar mais nada, media cem dias e foi pra cinquenta, n precisa demonstrar mais nada”, declarou. Para ele, os golpistas deram um tiro no pé ao tentar inviabilizar a candidatura do petista já que levou toda a esquerda para rua.
O ato ecoa um histórico de resistência e luta do movimento estudantil brasileiro. A campanha da Legalidade foi encampada pelo então governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, que hoje completaria 96 anos, em defesa do direito de João Goulart tomar posse na Presidência da República, após a renúncia de Jânio Quadros.
Agora, em 2018, os jovens se uniram novamente na resistência aos interesses das elites e do mercado capitalista que não querem que Lula e a esquerda voltem ao poder.
“A campanha da Legalidade foi um momento extremamente importante na história brasileira que eu vivi de perto. O que estamos passando agora tem tudo a ver com aquele momento, mas agora não vão conseguir nos impor isso. Eleição sem Lula é mais um golpe. O impeachment da presidenta Dilma foi um ato inconstitucional, sem fundamento legal e o objetivo era golpear um projeto de governo e sociedade”, declarou Aldo Arantes presidente da UNE em 1961 que atuou junto a Brizola na campanha.
(Agência PT de Notícias)