A situação do general Eduardo Pazuello, especialista em logística que esteve à frente do Ministério da Saúde durante dez meses, o período mais crítico da pandemia de Covid-19 no País, anda cada vez mais complicada. A poucos dias de o general ser ouvido na CPI da Covid, no Senado, nesta quarta-feira (19), o jornal Folha de S. Paulo revelou que a Saúde ignorou pelo menos sete alertas, feitos pelos estados, sobre escassez de insumos necessários para intubar pacientes com Covid.
De acordo com a reportagem, entre os meses de maio e julho de 2020, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) informou a pasta que havia pouco suprimento de sedativos, anestésicos e bloqueadores musculares, fundamentais para o processo de intubação. O jornal teve acesso a dois lotes de documentos do conselho detalhando as advertências.
Ainda segundo a reportagem, além dos alertas, há pedidos de auxílio para o envio do chamado kit intubação. Os dois primeiros relatórios foram enviados ao então ministro Nelson Teich. Os demais foram recebidos por Pazuello.
“E agora, Pazuello?”, questionou o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS). “A maior parte dos pedidos foi recebida na gestão do ex-ministro, mostram documentos obtidos pela Folha de S.Paulo”, comentou o deputado, pelo Twitter, antecipando o duro interrogatório que espera o ex-ministro no Senado.
Os documentos detalham os insumos e as demandas dos estados. Em maio, 19 Secretarias Estaduais relataram “falta ou dificuldade de aquisição” de medicamentos usados na intubação. No dia 10 de junho, um novo ofício pediu “máxima priorização” e apoio para aquisição dos insumos.
A Saúde justificou, por meio de nota, que a entrega dos medicamentos ficou comprometida devido a uma alta demanda internacional. “Desde setembro de 2020, o ministério acompanha, semanalmente, a disponibilidade dos medicamentos de intubação em todo o Brasil e envia informações da indústria e distribuidores para que Estados possam realizar as aquisições”, limitou-se a responder a pasta.
Da Agência PT de Notícias