A cidade de São Paulo assistiu na tarde desta quinta-feira (26) à primeira grande manifestação popular contra a falta de transparência do governo estadual sobre a “crise hídrica” no estado. Convocada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), a manifestação contou com a participação de diversos movimentos sociais e partidos políticos e reuniu cerca de 15 mil manifestantes.
O deputado Nilto Tatto (PT-SP) elogiou a manifestação, mas lembrou que a luta apenas começou. “Essa foi a primeira grande manifestação em São Paulo pela água, desde que as torneiras começaram a secar. Foi grande, foi forte, e muito importante! Vamos em frente, pois a falta d’água em São Paulo vai exigir muito de todos nós”, disse o parlamentar.
A falta de água que atinge 60% do comércio da capital, que prejudica 70 outros municípios e que compromete a qualidade de vida de 14 milhões de pessoas. Na grande São Paulo, mais de oito milhões de pessoas são afetadas, e bairros inteiros na zona leste da capital chegam a ficar seis dias seguidos sem água.
A distribuição de caixas d’água na periferia, a identificação dos locais onde o desabastecimento é crônico e a reavaliação dos contratos de demanda dos grandes consumidores são algumas das principais reivindicações dos movimentos. Os pleitos foram entregues ao diretor metropolitano da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Paulo Massato.
Apesar das evidências, até hoje o governador Geraldo Alckmin (PSDB) não admitiu a interrupção constante no fornecimento de água que ocorre em várias cidades do estado. Na avaliação do dirigente tucano, que está no 3º mandato, o que existe é apenas uma “crise hídrica” causada pela falta de chuva.
Contaminação – Em depoimento à CPI da Sabesp na Câmara de São Paulo, na última quarta-feira (25), Paulo Massato, confirmou que a adoção de rodízio no abastecimento traria riscos de contaminação da água, mas minimizou o problema. “É um risco que queremos evitar mantendo a mesma condição de operação da rede de distribuição que temos hoje”, afirmou o diretor, que também assumiu que em consequência da contaminação poderia ocorrer um aumento de casos de disenteria.
Héber Carvalho com agências
Foto: MTST