Na última reunião de debates da comissão especial que analisa a Reforma Trabalhista (6787/16), nesta quinta-feira (6), na Câmara, o ex-ministro do Trabalho do governo da presidenta Dilma Rousseff, Miguel Rossetto, desmontou os argumentos do governo ilegítimo de Michel Temer de que a proposta será indutora da recuperação econômica do país ao promover a geração de empregos.
“Esta é uma agenda errada quando escolhe o mundo do trabalho como alvo prioritário para compensar o custo de uma política econômica suicida e profundamente equivocada do ponto de vista brasileiro”, disse.
Lembrou o ministro que o que impede o investidor de criar empregos no Brasil não é a legislação do trabalho. “Fosse isso, em 2014, há dois anos, não estaríamos vivenciando uma condição de quase pleno emprego com a mesma legislação trabalhista”, alegou Rossetto, se referindo ao desempenho positivo do mercado de trabalho naquele período.
“Nós encerramos 2014 com uma taxa de desemprego de 4, 5% e vivemos no final daquele ano a maior remuneração média do trabalhador brasileiro, com essa mesma legislação”, observou Miguel Rossetto.
Para o ex-ministro, a desqualificação do mundo do trabalho é insustentável para se pensar em um futuro no Brasil. “Nada autoriza uma relação de causa e efeito entre esta legislação do trabalho e a realidade do emprego. Não foi a legislação que impediu que, nos últimos 10 anos, o país tivesse crescimento da geração de emprego e melhorasse sua economia”, apontou o ex-ministro.
O deputado Wadih Damous (PT-RJ) avaliou o pronunciamento do ex-ministro Rossetto como “o mais brilhante” que aconteceu na comissão. Ele também é da mesma opinião de que não é necessário destruir a legislação do trabalho para promover o desenvolvimento econômico do país.
“Esse é o mantra que é batido e rebatido aqui. Na verdade, esse projeto promete algo que ele não pode realizar. Não é a legislação trabalhista que garante emprego, que estabelece o desenvolvimento da economia. O que estabelece isso é a política pública de desenvolvimento econômico e social”, avaliou Damous. Para ele, “os argumentos do ministro Rossetto para quem está de boa-fé, que não é o caso de boa parte da comissão, são inquestionáveis. São argumentos que você não tem outros para contrapor”, elogiou.
“O que presenciamos é que, de repente, a CLT é tratada como vilã do mercado de trabalho. Então, é um conjunto de bobagens, é manifestação de ignorância a serviço de projeto golpista”, alertou Wadih Damous.
Na mesma linha, o deputado Patrus Ananias (PT-MG) afirmou que o povo brasileiro testemunhou um governo profícuo do ex-presidente Lula, dentro da CLT. “Isso mostra que não há nenhuma incompatibilidade entre a legislação trabalhista, a CLT e a geração de emprego, trabalho e renda. Isso, depende de iniciativas econômicas, de políticas estratégicas que pensem o conjunto do país e que trabalhe as potencialidades nacionais”, sustentou.
Benildes Rodrigues
Foto: Gustavo Bezerra/PTnaCâmara