Rogério Correia quer investigação de generais que defenderam golpe em 8 de janeiro

General Gonçalves Dias na CPMI do Golpe. Fotos: Alessandro Dantas/PT no Senado

Deputado Rogério Correia conversa com a senadora Eliziane Gama

Em depoimento à CPMI do Golpe, nesta quinta-feira (31), o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional general Gonçalves Dias admitiu que deveria ter agido de forma “diferente” sendo “mais duro” com os terroristas bolsonaristas que depredaram o Palácio do Planalto no 8 de janeiro. Já para o deputado Rogério Correia (PT-MG), o militar errou quando manteve os oficiais indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro no alto escalão do GSI. Correia pediu a investigação de generais que defenderam o golpe de Estado.

“Tendo conhecimento agora da sequência dos fatos que nos levaram até aquelas agressões de vândalos e também da ineficiência dos agentes que atuavam na execução do Plano Escudo, aprovado com a coordenação de diversos órgãos civis, militares e de segurança pública, seria mais duro do que fui na repressão”, afirmou o general.

Apesar de dizer que agiria diferente, G. Dias assegurou que fez tudo o que estava ao seu alcance. “Faria diferente, embora tenha plena certeza de que envidei todos os esforços e ações que estavam ao meu alcance para mitigar danos e, o mais importante, preservar as vidas de cidadãs e cidadãos brasileiros, sem derramamento de uma gota de sangue, sem nenhuma morte”.

O general afirmou que não trocou de imediato os integrantes do GSI por acreditar no Exército Brasileiro. “As Forças Armadas são pautadas em cima da hierarquia, disciplina, cadeia de comando. Eu quero acreditar piamente que nós somos organização de Estado e não de Governo. Eu quero acreditar nisso”.

Plano Escudo

Segundo o ex-chefe do GSI, o Plano Escudo, protocolo de defesa do Palácio do Planalto, havia sido acionado desde 5 de janeiro, mas apesar disso, no fatídico 8 de janeiro, o plano não estava em execução quando ele chegou ao Palácio do Planalto.

O general Carlos José Assumpção Penteado ocupava o cargo de secretário-executivo do GSI, 2º cargo mais alto da pasta e havia sido nomeado no governo Bolsonaro. No dia da tentativa de golpe, ao chegar ao Planalto, o general G. Dias questionou Penteado sobre o plano. “Perguntei a ele [general Penteado] por que o bloqueio na frente do Palácio, que deveria ter sido feito pela Polícia Militar do Distrito Federal, não havia sido montado. Aquele era o bloqueio do Plano Escudo do Planalto e tinha que estar montado. Não estava”.

General Penteado

Ao mostrar diversas conversas e postagens do general Penteado defendendo o desmanche do Estado brasileiro, o deputado Rogério Correia afirmou que o militar concordava com a ditadura militar e é um “radical de ultradireita”. “Penteado, realmente, foi responsável por muita coisa. E ele era responsável pela proteção do Palácio”.

Para o parlamentar, Gonçalves Dias errou em não “prestar atenção” no general Penteado. E G. Dias concordou. “Eu estou chamando a atenção não apenas deste caso. É que nós não podemos errar no futuro, general Gonçalves Dias. Nós não podemos errar no futuro”, frisou Correia.

Generais

Rogério Correia também defendeu a convocação de diversos generais que defendiam o golpe, como o próprio general Penteado, o general Dutra – que também não autorizou a retirada dos bolsonaristas que estavam na frente do Quartel General em Brasília; o general Augusto Heleno; o ex-ministro da Defesa do governo Bolsonaro Paulo Sérgio Nogueira entre outros. “Alguns generais precisam vir aqui, porque eles estavam dentro e no interior do golpe, o que não é o caso do General G. Dias (…) esses generais que eu citei precisam ser ouvidos, porque eles atuaram como quinta-coluna da democracia brasileira, foi essa a atitude deles”, denunciou o deputado mineiro.

Para o parlamentar quem tramou contra a democracia brasileira não pode ser anistiado. “O povo tem gritado nas ruas ‘que não pode haver anistia para os que tentaram dar golpe no Brasil’, o que inclui as forças militares, as forças armadas também. Não foram todos, mas os que assim estiveram não podem ter anistia. Não pode ter anistia para quem tentou dar um golpe no Brasil. A democracia nos é muito cara, ela nos é muito importante”, reiterou Rogério Correia.

Gerenciar crises

Sobre as imagens que mostram o general Gonçalves Dias direcionando os terroristas para o segundo andar do prédio, G. Dias disse que não poderia “sair batendo nas pessoas”. “Fui treinado a minha vida toda para em momentos de crise, gerenciar as crises. Não se gerencia uma crise tacando fogo e jogando gasolina. Se gerencia a crise conversando e retirando as pessoas. No início não dava para fazer as prisões, tínhamos que evacuar o máximo possível para que não houvesse depredações, mortos e feridos”.

Coragem

Deputado Rubens Pereira Jr

O deputado Rubens Pereira Júnior (PT-MA) elogiou a coragem do general em se deslocar para o Palácio à paisana. “O senhor teve uma coisa que merece elogio: a sua coragem, porque, quando o senhor viu a invasão, à paisana e desarmado, o senhor foi para o Palácio do Planalto. E contra fatos não há argumentos. Pode politizar, pode tentar fazer o que for, mas essa coragem teve um ganho para o Brasil (…) o senhor conseguiu evitar que invadissem o coração do Palácio do Planalto, que é a sala do Presidente da República”.

Para o parlamentar, depois do depoimento do general G. Dias, a tese de omissão por parte do atual governo, na tentativa do golpe, fica cada dia mais impossível. “O senhor chamou reforço do Exército quando precisou. Foi desarmado até o Palácio. O senhor explicou por que que o senhor não podia prender um manifestante no quarto andar. Ora, 38 policiais vão prender 5 mil pessoas dentro do Palácio? E o senhor ainda disse: é uma tática, é uma técnica – emprego parcelado da força.

Uma prisão desmedida, malfeita poderia provocar um motim ainda maior, expondo ainda mais em risco a vida dos senhores que estavam ali. E ao final disso tudo, teve uma sindicância que está em andamento para apurar responsabilidades, por iniciativa própria, com a ratificação do Presidente da República. A tese do golpe da omissão fica cada vez mais impossível. E eu garanto ao senhor, general G. Dias: hoje o senhor pode sair daqui de cabeça erguida”, finalizou Rubens Jr.

Lorena Vale

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