O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) apresentou um requerimento à Câmara para que seja convocado o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, a fim de “prestar esclarecimentos sobre a produção de cloroquina nos laboratórios das Forças Armadas”. O documento, subscrito pelos deputados Alexandre Padilha (PT-SP) e Jorge Solla (PT-BA), propõe que o militar fale na Comissão Externa criada para acompanhar ações preventivas ao coronavírus no Brasil.
No requerimento, o deputado questiona o presidente de extrema direita Jair Bolsonaro por contrariar as evidências científicas e estimular, como se fosse um cientista, o uso da cloroquina para o tratamento da Covid-19, inclusive ordenando o aumento da produção do medicamento em larga escala pelos laboratórios do Exército. Correia denuncia que a iniciativa despende “significativos recursos em uma ação sem retorno comprovado.”
Conforme órgãos da imprensa, o Laboratório Químico Farmacêutico do Exército (LQFEx) começou a produzir a cloroquina em larga escala no dia 23 de março. A média da produção do laboratório do Exército era em torno de 200 e 250 mil comprimidos a cada dois anos, já que ela era voltada ao consumo interno e para combater a malária. A nova meta de produção, em meio à pandemia, é de 1 milhão de comprimidos por semana.
Sem comprovação científica
“O entusiasmo do presidente com os benefícios do medicamento não está em consonância com as respostas científicas” e contraria “os resultados de estudos mais relevantes que negam a eficácia” da cloroquina no combate ao novo coronavírus, afirma o parlamentar. Para Rogério Correia, a determinação de produzir massivamente cloroquina nos laboratórios das Forças Armadas “parece ultrapassar qualquer razoabilidade de gestão pública”.
O parlamentar lembrou que a cloroquina é um medicamento utilizado no tratamento contra a malária e o lúpus, e sua eficácia contra a Covid-19 está sendo testada por cientistas brasileiros e estrangeiros. Seu uso no tratamento dos pacientes contaminados pelo novo coronavírus ainda é desaconselhado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) devido à existência de efeitos colaterais graves, como a insuficiência cardíaca.
Rogerio Correia lembra que há insegurança da utilização deste medicamento nos pacientes da Covid-19, embora haja a possibilidade de uso, por recomendação médica, conforme o caso, em especial nos pacientes em estágio mais avançado da doença.
Quanto o governo gastou?
No requerimento, o parlamentar mineiro aponta que o ministro da Defesa precisa esclarecer pontos como quais os laboratórios que estão produzindo o medicamento; a quantidade de comprimidos de cloroquina já produzidos; os recursos financeiros empenhados; os recursos humanos empenhados nessa produção; quem são os fornecedores da matéria prima; quanto já foi gasto com cada fornecedor; e como está sendo a distribuição do medicamento.
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Convocação_ministro_defesa (3)
Redação PT na Câmara