“Uma das denúncias mais graves que já vi em toda a minha vida parlamentar”, afirmou o deputado Rogério Correia (PT-MG) no plenário da Câmara dos Deputados, na segunda-feira (27), sobre as denúncias apresentas pelo advogado Rodrigo Tacla Duran contra o senador, ex-juiz Sergio Moro, e do deputado, ex-procurador Deltan Dallagnol.
Em depoimento remoto à Justiça Federal de Curitiba, Tacla Duran citou ter sido vítima de um esquema de extorsão e citou Moro e Dallagnol. Duran diz ter sido procurado em 2016 pelo advogado Carlos Zucolotto Júnior, que era sócio de Rosângela Moro e padrinho de casamento do casal, com uma “proposta”: ele deveria pagar 5 milhões de dólares “por fora” a fim de obter um acordo de delação premiada. Ele entregou fotos e gravações que comprovariam suas afirmações.
Um mês depois, teria ocorrido uma transferência de 613 mil dólares ao escritório do advogado Marlus Arns. Tacla Duran alega ter se recusado a pagar o restante e, posteriormente, foi alvo de um mandado de prisão preventiva expedido por Moro. Após a citação, o juiz Eduardo Fernando Appio, que assumiu recentemente os processos da operação, encerrou a audiência e pediu que o caso fosse enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) por se tratar de parlamentares.
Para Rogério Correia, os atuais parlamentares deveriam se afastar do Parlamento brasileiro. “Eu me lembro de algumas frases de Deltan Dallagnol e de Moro que os levariam agora, diante dessa denúncia, a pedirem demissão, a se afastarem do Parlamento, se seguissem aquilo que fizeram com o Lula durante todo o período em que o perseguiram por algo que nunca provaram”.
O parlamentar também questionou se Moro iria se “autoprender” após as provas apresentadas. “É bom lembrar algumas frases que foram ditas. A mais célebre delas foi falada por Dallagnol, ‘que tinha convicção, mas não tinha prova’. Agora foram mostradas por Tacla Duran provas contra ele, por exemplo. Quando Moro dizia: ‘Presentes evidências claras de crimes de corrupção, não se deve permitir o apelo em liberdade do condenado, salvo se o produto do crime tiver sido integralmente recuperado’. Moro vai se autoprender, vai pedir demissão do Senado depois das provas apresentadas?”, perguntou Correia.
Delações premiadas
Sergio Moro defendia que as delações premiadas não deveriam ser descartadas e que eram “provas válidas e eficazes, especialmente para crimes complexos”. Correia perguntou ao ex-juiz se o depoimento de Duran também está valendo. “Ora, Moro, Vossa Excelência, está experimentando aquilo que espetou com imprudência. Como dizia Dallagnol, sem nenhuma prova, mas com convicção. Porque eram delações premiadas, elas valiam. E agora, vale a delação premiada de Tacla Duran, que disse que Vossas Excelências o extorquiram em 5 milhões de dólares e que depositou 613 mil dólares? Tacla Duran denuncia e mostra as provas”.
O parlamentar mineiro denunciou que Deltan Dallagnol era “paladino da Lava Jato” e que combinava com Moro quem iria depor para condenar os culpados julgados por Moro. “Agora eles vêm com essa conversa de que esse que faz a delação não tem valor ético e moral. E os outros que eles escutavam, que eles sabiam que eram corruptos e que tinham interesse em descaracterizar o Presidente Lula? Esses valiam, Moro e Dallagnol, e não vale este? Isso só mostra que o que fizeram a vida inteira na Operação Lava Jato não foi combater a corrupção, foi atividade política na veia”, apontou Rogério Correia.
Perseguições
“Eles [Dallagnol e Moro] perseguiam os seus opositores, que eram exatamente os que são de esquerda, os que têm um posicionamento político-ideológico contrário à ideologia do senador Moro e do deputado Dallagnol, que hoje são confessos bolsonaristas, tanto é que o senador Moro saiu da condição de juiz para ser ministro de Bolsonaro, o superministro de Bolsonaro”, lembrou Rogério Correia.
Para o deputado, Sergio Moro e Deltan Dallagnol são “uma vergonha para o Poder Judiciário e para o Ministério Público, são o contraexemplo do que deveria ter acontecido”, além de terem desmoralizado o Ministério Público, a Justiça e o Poder Judiciário. “Senador Moro, peça demissão. Deputado Dallagnol, saia deste Parlamento. Vossas Excelências não o merecem”, finalizou o parlamentar.
Acusações explosivas
O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) gravou uma live em suas redes sociais comentando as acusações de Tacla Duran contra Moro e Dallagnol, definidas pelo parlamentar como “explosivas”. “O que esse Sergio Moro fez, não respeita prerrogativa alguma. Eu lembro quando ele divulgou aquela gravação de uma conversa do Lula com a Dilma só para interferir naquele momento político” afirma o parlamentar.
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Lorena Vale