O deputado Rogério Correia (PT-MG) está entrando hoje (29) com requerimento na Câmara interpelando o presidente da República a dar esclarecimentos acerca das declarações divulgadas nesta segunda 29, pela imprensa. Jair Bolsonaro afirmou saber as razões do desaparecimento de Fernando Santa Cruz Oliveira, pai do atual presidente da Organização dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz. Bolsonaro disse textualmente: “Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, conto pra ele. Ele não vai querer ouvir a verdade. Conto pra ele”.
Fernando Augusto Santa Cruz de Oliveira é dado oficialmente como desaparecido em fevereiro de 1974, após ter sido preso junto a amigo chamado Eduardo Collier, por agentes do DOI-Codi, órgão de repressão da ditadura militar, no Rio de Janeiro. Era estudante de direito e funcionário do Departamento de Águas e Energia Elétrica em São Paulo e integrante da Ação Popular. No relatório da Comissão Nacional da Verdade, responsável por investigar casos de mortos e desaparecidos na ditadura, não há registro de que Fernando tenha participado da luta armada. O documento, inclusive, ressalta que Fernando à época do seu desaparecimento “tinha emprego e endereço fixos e, portanto, não estava clandestino ou foragido dos órgãos de segurança”.
“Que o presidente responda à interpelação sem apelar a notícias falsas, as chamadas fake News”, exigiu Rogério Correia. O parlamentar relembrou que em 2011, por exemplo, em palestra na UFF, o então deputado federal Jair Bolsonaro chegou a afirmar que Fernando Santa Cruz teria morrido “bêbado, depois de pular o Carnaval”. E citou ainda que na época Felipe Santa Cruz era o presidente da OAB-RJ e entrou com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a cassação do mandato de Bolsonaro por “apologia a tortura”.
Rogério Correia lamentou que na ocasião não deu em nada. “Deu no que deu, com um incapaz mentalmente e com impulsos fascistas na presidência do País. Espera-se que o STF e as autoridades competentes tenham aprendido a lição. Jair Bolsonaro, inclusive, é reincidente no apoio à tortura, com elogios à figura do ex-coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o mais conhecido dos torturadores da ditadura militar. O presidente da República volta a cometer crime, inclusive passível de impeachment”, alertou.
Assessoria Parlamentar