O deputado Reimont (PT-RJ) usou a tribuna do plenário da Câmara dos Deputados, nessa quarta-feira (29), para denunciar o tenebroso período da ditadura militar no Brasil, que cerceou por 21 anos as liberdades civis, derrubou o governo eleito à época, e trouxe pobreza, perseguições e mortes aos povos indígenas e contra aqueles que não concordavam com a censura e o autoritarismo dos militares. O parlamentar também criticou a liberação desenfreada de armas durante o governo Bolsonaro. O pronunciamento de Reimont foi no tempo de liderança do Partido dos Trabalhadores.
No dia 31 de março de 1964, os militares conseguiram derrubar o governo, democraticamente eleito, de João Goulart e instaurar uma ditadura no Brasil. Com o golpe, o Congresso Nacional foi dissolvido. Cassaram partidos e vozes, silenciaram a oposição. Ao todo, 166 deputados foram cassados. “Essa é uma data que cobriu de luto o Brasil e que não podemos esquecer para que nunca mais aconteça. A ditadura instaurou o medo, as mentiras e o ódio, tachou de ameaça comunista o simples esforço de atendimento às demandas populares mais básicas: terra, comida, trabalho, salários dignos, moradia e dignidade”, afirmou o deputado.
Reimont disse que o legado do golpe foi a hiperinflação, a concentração de renda, a pobreza, o arrocho salarial, a perseguição aos povos indígenas e a ampliação dos conflitos no campo. “A abertura da Rodovia Transamazônica, que atravessaria o Brasil, afetou de maneira trágica 29 grupos indígenas. Ao menos 6.951 militares foram presos, desligados. Mais de 5 mil civis sofreram demissões, cassações, suspensão dos direitos civis. Foram presos e torturados 1.024 civis, entre os quais 273 cristãos que faziam seu trabalho pastoral. Ao menos 11 bebês e crianças foram presos, fichados, alguns deles submetidos ao horror de assistir às torturas impostas a seus pais. Foram constatados 434 mortes e desaparecimentos políticos”.
Armas
Reimont também discorreu acerca da liberação desenfreada de armas nas mãos dos brasileiros estimulada pelo antigo governo de extrema direita. Ele relacionou os atuais ataques nas escolas em São Paulo e no Rio de Janeiro como consequência da violência e exemplos, muitas vezes, dados por agentes públicos. “Quando as crianças, os adolescentes e os nossos jovens olham para o nosso Parlamento, para os 513 Deputados, e veem que um deputado, na sua ira, quebra o microfone; que uma deputada, na sua ira, coloca uma metralhadora na mão esquerda e faz uma sinalização da mão do presidente Lula com três furos numa camiseta, essa provocação leva a uma violência descabida, que, na verdade, explode lá na ponta, na vida do nosso povo”, observou.
Maioridade penal
O deputado criticou quem defende a redução da maioridade penal como solução para resolver a onda de violência no País. “Um governo [período do governo Bolsonaro] que diz que todo cidadão tem que ter uma arma na mão, esse governo está dizendo o seguinte: ‘Eu sou incompetente para fazer segurança pública”, afirmou Reimont. Ele ainda destacou que o presidente Lula e o ministro da Justiça, Flávio Dino, têm produzido debates sobre o tema, além de combater o crime com programas e ações voltados à segurança pública.
Lorena Vale