O deputado Reginaldo Lopes mostra, na sua coluna no jornal O Tempo, que o bom desempenho dos paradesportistas brasileiros em Tóquio é consequência de investimentos em políticas públicas de incentivo
O Brasil tem feito bonito nas Paralimpíadas de Tóquio. Se mantiver a atual sexta posição no quadro de medalhas, será nosso melhor resultado na competição. Nas últimas três edições dos Jogos, o país ficou entre os dez primeiros colocados. O bom desempenho é consequência de uma crescente organização e incentivo nas modalidades paradesportivas que começaram no governo Lula, que exigia que qualquer iniciativa para o esporte olímpico deveria contemplar a vertente paralímpica.
No primeiro ano do governo petista, foi aprovada a Lei Agnelo Piva, que destina uma parte do dinheiro das Loterias Federais para o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). No período, foi criada a Lei Federal de Incentivo ao Esporte, a qual estou atuando para prorrogar na reforma do Imposto de Renda, que destina recursos provenientes de renúncias fiscais, e a Bolsa Atleta, que garante uma ajuda que vai de R$ 350 a R$ 15 mil para os contemplados. Em Tóquio, mais de 95% dos integrantes da delegação que têm deficiência recebem o benefício, e na Rio 2016 todos os brasileiros que ganharam medalha faziam parte do programa.
A presidenta Dilma seguiu o mesmo caminho e manteve a prioridade dada às modalidades paradesportivas. Em parceria com o governo de São Paulo, construiu em 2015 o Centro Paralímpico Brasileiro, um equipamento multiesportivo extremamente organizado e eficiente que ajuda a consolidar o esporte como meio de inclusão social. Na época, teve importante atuação o então presidente da CPB, Andrew Parsons, que, pelo seu exitoso trabalho, hoje preside o Comitê Paralímpico Internacional, mostrando a força do Brasil no cenário mundial.
Todos os investimentos fizeram com que nosso desempenho nos Jogos Paralímpicos fosse bem superior ao dos Olímpicos. Em Tóquio, o Brasil tem a quinta maior delegação do mundo, com 234 atletas com deficiência que competem em 20 dos 22 esportes do programa dos Jogos.
Na última semana, percorrendo o Estado na Caravana da Esperança, visitei Uberlândia e pude acompanhar de perto o destaque da cidade no cenário nacional dos paradesportos. Ela enviou a maior delegação de Minas Gerais, com 17 componentes, quase todos treinados no Praia Clube, que sozinho já garantiu quatro medalhas, sendo uma de ouro. O estabelecimento iniciou o trabalho com natação paralímpica em 2010 e há dois anos reforçou o alto rendimento. Para desenvolver sua ação, conta com o apoio de empresas que investem via lei de incentivo ao esporte.
O Clube se prepara para dar um grande salto. Está criando, com o apoio da prefeitura, aquele que será o segundo maior centro de excelência esportivo do país, ficando atrás apenas do localizado em São Paulo. A diretoria pretende trazer atletas de todas as modalidades do Brasil inteiro para treinar no novo espaço e alcançar um grande resultado na Paralimpíada de Paris 2024.
Dias atrás, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou que a inclusão de alunos com deficiência em escolas públicas “atrapalham” o aprendizado das “crianças normais”. Mais um gesto de preconceito fascista deste governo. As Paralimpíadas mostram que eles só precisam de oportunidades, como todos os brasileiros. Assim como ensinou a atleta medalhista Verônica Hipólito: “A deficiência nada mais é do que uma característica. Não queremos piedade de ninguém, queremos autonomia e inclusão”.
Artigo publicado originalmente no jornal O Tempo
Reginaldo Lopes, é deputado federal (MG)