Reforma Tributária, 2° etapa: a hora de fazer justiça social

Deputado Bohn Gass. Foto: Paulo Sergio/Câmara dos Deputados

Elvino Bohn Gass (*)

 

O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo. Nosso índice de Gini é 0,518, enquanto a média dos 38 países da OCDE é 0,315. Diferença abissal quando se sabe que, quanto mais longe do zero, mais injusto socialmente é o país. Isto se dá tanto no número de pessoas abaixo da linha da pobreza, 63 milhões de pessoas, 30% da população, quanto na inacreditável riqueza dos 1% mais ricos, R$ 8,1 trilhões, ou seja, metade de toda a riqueza nacional.

Sobre este quadro obsceno, era de se esperar que agisse o sistema tributário brasileiro. É assim em todas as maiores economias do mundo: tributar a riqueza excepcional para garantir bens públicos ao conjunto da população. Nosso sistema tributário, contudo, não é redutor da desigualdade, mas um fator de seu aumento.

Quando pobres e ricos compram alimentos, pagam os mesmos impostos: açúcar (32%), arroz (17%), macarrão (18%), carne (17%). Mas o peso destas compras, e dos tributos nelas embutidos, sobre a renda das famílias, é desigual. Em uma renda de RS 15.000,00, os impostos sobre esses itens absorvem 2%. E a parte que não utilizada para consumo é poupada. Mas, se a renda é de R$ 3.000,00 o imposto representa 10%, ou seja, cinco vezes mais. Dado este sistema regressivo, quem paga muito imposto no Brasil são os pobres.

Já para os ricos, o sistema é uma verdadeira mãe. Deles, é taxada a renda e a propriedade. Mas, se em países como EUA, Austrália, Canadá estes impostos representam 60% do total arrecadado, por aqui, mal passa dos 25%. Detalhe: o Brasil é um dos poucos que não cobra imposto sobre dividendos. E não se diga que isso estimula a produção; dividendo é recurso que sai da empresa para o bolso do seu controlador.

Sobre a terra, a mesma coisa. O ITR do Brasil é muito inferior ao IPTU de uma única cidade como São Paulo. O grande proprietário rural quase não paga imposto, mas o morador ou locatário urbano, paga.

É como se todo o sistema tributário brasileiro fosse organizado para tirar dinheiro dos pobres e o destinar aos ricos. Exemplo disso, são os R$503 bilhões, 28% de todas as demais despesas do governo, pagos a título de juros da dívida.

Esta é a verdadeira indecência brasileira!

A isto se propõe enfrentar a segunda etapa da reforma tributária, que precisa voltar a taxar a distribuição de lucros e dividendos, como ocorre em todo mundo. Se todo o trabalhador desconta o imposto em seu salário, não há justificativa, nem ética, nem econômica, para que um proprietário não pague nada quando retira dinheiro da empresa que controla. Também é necessário tributar os “fundos dos super-ricos”, quase sempre de uma só pessoa, feitos para elidir os impostos. Calcula-se que, hoje, este tipo de fundo detenha R$ 800 bilhões de patrimônio.

A segunda etapa da reforma deve, ao menos, fazer com que os super-ricos paguem perto do que os pobres já pagam. Será uma transformação gigantesca para este injusto país. Poderemos planejar e financiar a saúde, a segurança e educação públicas, voltar a combater com vigor a fome e a miséria, impulsionar um projeto de nação. Um pouco de justiça tributária e podemos olhar nosso futuro com esperança e confiança. Podemos fazer um país para todos.

(*)Deputado Federal ( PT-RS), vice-líder do governo Lula no Congresso Nacional, agricultor, sindicalista e professor. É pós-graduado em Gestão Social.

 

Artigo publicado originalmente no site Poder 360

 

Está gostando do conteúdo? Compartilhe!

Postagens recentes

CADASTRE-SE PARA RECEBER MAIS INFORMAÇÕES DO PT NA CÂMARA

Veja Também

Jaya9

Mostbet

MCW

Jeetwin

Babu88

Nagad88

Betvisa

Marvelbet

Baji999

Jeetbuzz

Mostplay

Melbet

Betjili

Six6s

Krikya

Glory Casino

Betjee

Jita Ace

Crickex

Winbdt

PBC88

R777

Jitawin

Khela88

Bhaggo

jaya9

mcw

jeetwin

nagad88

betvisa

marvelbet

baji999

jeetbuzz

crickex

https://smoke.pl/wp-includes/depo10/

Depo 10 Bonus 10

Slot Bet 100

Depo 10 Bonus 10

Garansi Kekalahan 100