Nesta quarta-feira (20) acontecerão em Brasília uma caminhada e um ato de repúdio à corrupção e ao parecer da comissão especial de Reforma Política, apresentado na semana passada pelo deputado Marcelo Castro (PMDB-PI).
O relatório pretende inserir na Constituição a autorização para o financiamento empresarial de campanhas eleitorais, o que dificultaria a sua posterior proibição, medida defendida pela ampla maioria da população brasileira. Além disso, o relatório de Marcelo Castro cria o “distritão”, sistema majoritário para a escolha de deputados e vereadores que aprofunda a influência do poder econômico nas eleições e enfraquece os partidos.
Esses dois instrumentos são contrários às reivindicações de 113 entidades, entre sindicatos, centrais e movimentos sociais, que querem o fim do financiamento empresarial de campanha para combater a corrupção, e eleições proporcionais em dois turnos para o Legislativo, como forma de melhorar a representatividade dos diversos segmentos sociais do país.
A manifestação é organizada pela Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas. A concentração para a caminhada será às 9h, em frente à Catedral de Brasília. O bloco seguirá até a Câmara dos Deputados.
“Essa ideia de constitucionalizar o financiamento por empresas nas eleições está na contramão da história de tudo que está acontecendo no nosso país. Até os depoentes que são investigados nas CPIs declaram que o dinheiro desses escândalos todos se destinou exatamente a esse financiamento partidário de eleições e tudo o mais. Nós consideramos que é uma coisa muito retrógrada e absolutamente um mal que se faz à democracia brasileira se acontecer isso”, afirma Marcello Lavenère Machado, advogado e representante da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) na Coalizão.
“Não tenho dúvida nenhuma de que a questão de não permitir o financiamento empresarial de campanha daria ao Brasil uma condição de igualdade, de oportunidades, de fortalecimento de propostas, em vez de fortalecimento de carreiras solos e indivíduos”, afirma Vagner Freitas, presidente da CUT. Para ele, o fim desse recurso também fortaleceria os partidos políticos, “que são essenciais para a democracia, na oposição ao individualismo”.
Compõem a coalização, entre outras entidades e movimentos: OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), CTB Nacional (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), CUT Brasil (Central Única dos Trabalhadores), MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral), Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político, UNE (União Nacional dos Estudantes).
Rede Brasil Atual