Ao usar a tribuna durante o grande expediente da sessão da Câmara dos Deputados nesta terça-feira (26), o deputado João Daniel (PT-SE) falou sobre a difícil conjuntura política que o Brasil passa desde 2016, com o golpe que resultou na retirada da presidenta Dilma Rousseff, agravada com as medidas tomadas posteriormente pelo ilegítimo Michel Temer. O parlamentar afirmou que, articulado e apoiado por interesses internacionais e de grandes multinacionais, o impeachment teve como objetivo consolidar o golpe para retirar direitos dos trabalhadores.
“Este golpe foi para que tivéssemos uma alta taxa de desemprego e assim se trouxesse a este plenário a Reforma Trabalhista, que foi o maior golpe aos direitos e conquistas trabalhistas deste País. Depois se trouxe para esta Casa a Emenda Constitucional 95 que congelou por 20 anos os investimentos em saúde, educação e nas áreas sociais e, agora, foi reapresentada, pior do que a proposta no governo Temer, a Reforma da Previdência, que é para tirar a aposentadoria do trabalhador e da trabalhadora rural, do operário e do servidor público”, criticou João Daniel. Para ele, esta última reforma [Previdência] não passou no governo passado porque houve clareza por parte dos parlamentares do resultado que a medida traria nas urnas, caso fosse aprovada.
João Daniel disse que muito se tem ouvido por parte da bancada de sustentação do governo que a Reforma da Previdência precisa ser aprovada logo. Para ele, essa pressa tem justificativa: evitar que haja debates em torno da proposta e o povo possa compreender o verdadeiro sentido da reforma e, assim, se mobilizar para impedir sua aprovação. O deputado lembrou que o Chile, que aprovou reforma semelhante à proposta de Bolsonaro, vive hoje o problema de suicídio entre idosos aposentados que não conseguem sobreviver com o benefício que recebem. “Por isso ela [aprovação da reforma] tem que ser rápida, para que não seja descoberta e debatida”, completou.
No entanto, movimentos sindicais e populares já estão mobilizados em todo País desde a semana passada quando o texto da reforma foi entregue ao Congresso Nacional, para debater com os trabalhadores e enfrentar o que esse governo pretende implementar. “Os movimentos estão atentos para enfrentar este momento. As centrais sindicais, os operários, não temos dúvida que estarão prontos para defender os interesses da classe trabalhadora para impedir este retrocesso que só se dá por conta de uma eleição que elegeu um presidente porque houve um golpe continuado, que retirou a presidenta Dilma e deixou o ex-presidente Lula fora da disputa eleitoral”, afirmou.
Lula Livre
Em seu discurso, o deputado João Daniel recordou que Lula é um preso político que tem o apoio do povo brasileiro que luta por democracia. “Presidente Lula, a nossa militância do PT e dos partidos aliados, a classe trabalhadora, as centrais sindicais não terão um minuto de trégua para sua libertação”, garantiu, ao completar que os que acusam Lula não aguentam 24 horas de investigação sobre eles. No próximo dia 7 de abril completa um ano da prisão política de Lula e em meio a este cenário o ex-presidente é indicado para o Prêmio Nobel da Paz. “Lula foi e continua sendo o maior líder popular do Brasil, e não temos dúvidas de que a democracia voltará no momento em que houver a sua libertação”, discursou, ao criticar a parcialidade do então juiz Sérgio Moro que o condenou na primeira instância, após todo um processo de perseguição político-jurídico e hoje está no cargo de ministro da Justiça do governo Bolsonaro. “Não podemos aceitar um judiciário parcial, que tem lado, como foi Moro que usou seu poder e sua caneta para criminalizar e colocar o presidente Lula como está hoje”, afirmou.
Ao falar sobre a crise internacional iniciada no ano de 2008, o deputado João Daniel destacou que está se deu por conta da ganância das grandes corporações, em especial das grandes multinacionais que querem levar todas as riquezas naturais, em especial minérios, petróleo, água e natureza. Segundo ele, no caso do Brasil não é diferente. Como exemplo citou o caso da então Companhia Vale do Rio Doce, privatizada no governo Fernando Henrique Cardoso, entregue por um valor bem aquém ao que realmente valia. Hoje, a Vale está aí envolvida em gravíssimos crimes, a exemplo do ocorrido em Brumadinho (MG), há um mês. “Nossa solidariedade ao povo de Brumadinho e Mariana, aos trabalhadores da ex-Vale, que vendeu sua unidade em Rosário do Catete (SE), sem nem sequer debater com o sindicato e que em menos de um ano 230 trabalhadores estão desempregados, além de uma grave denúncia que está colocando em risco a vida dos trabalhadores mineiros”, acrescentou.
Venezuela
Durante seu discurso, o deputado João Daniel prestou solidariedade ao povo venezuelano e ao governo legítimo de Nicolás Maduro pelos ataques que vem sofrendo dos imperialistas. Para o parlamentar, o que mais incomoda os opositores de Maduro, como foi de Hugo Chavez é que a Venezuela erradicou o analfabetismo e transforma o petróleo em desenvolvimento econômico e social daquele país. “O que querem é tomar o petróleo daquele país que tem as maiores reservas do mundo para dar às empresas norte-americanas. Este é o verdadeiro sentido da pressão de Trump e seus aliados e daqueles que não aceitam que nenhum país tenha sua construção livre justa e soberana”.
João Daniel classificou ainda como muito grave a não apuração por completo do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, mesmo decorrido um ano do crime. “Não abriremos mão um minuto na defesa de todo esclarecimento da morte de Marielle, Anderson e de todos os homens e mulheres perseguidos e assassinados por este sistema. Também não é normal que um deputado desta Casa tenha que renunciar ao mandato por graves ameaças que vem recebendo. Jean Wyllys, sua voz e sua energia estarão neste Parlamento através de homens e mulheres que tenham o mínimo de compreensão da vida”, finalizou.
Assessoria de Comunicação