“Eu sou do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, não sou terrorista e não sou bandido”, assim o deputado Marcon (PT-RS) iniciou seu discurso na tribuna da Câmara nesta quinta-feira (27). O desabafo é uma resposta aos deputados bolsonaristas que nos últimos dias têm feito críticas mentirosas aos integrantes do MST e comemoraram, na noite de ontem (26) a leitura do requerimento que cria a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), para investigar o Movimento dos Sem Terra.
Sobre a instalação da CPI do Movimento Sem Terra, Marcon relembrou que essa é a sexta vez que um colegiado com esta finalidade é criado. “Eu já participei de duas, e acho que vou participar da terceira. Na última, não conseguiram convidar ninguém, porque eles não conseguiam contar as suas mentiras na CPI que aconteceu aqui na Câmara”, afirmou.
Sem esconder a sua indignação, Marcon disse que “quem quiser falar do MST que lave a boca com soda, porque já passou da hora, já é tarde para quem ainda não fez isso”.
Marcon respondeu também os sistemáticos ataques que os bolsonaristas fazem a João Pedro Stédile, da coordenação nacional do MST, pelo fato de ele ter integrado a comitiva que acompanhou o presidente Lula à China. “Eu quero dizer que a relação de Stédile com a China é muito antiga. Vocês têm que ver as agendas dele, porque quem fala e acha que o João Pedro Stédile só foi agora para a China – porque foi de carona com o Lula – está mal informado”.
O deputado sugeriu que os bolsonaristas procurassem as informações do governo “golpista de vocês, e então vocês vão ver as agendas que o João Pedro Stédile já teve com a China, agendas comerciais e políticas, há muito tempo, há muito tempo”, reiterou.
Segundo Marcon, João Pedro Stédile foi à China para discutir tecnologias para as pequenas propriedades do Rio Grande do Sul e também para vender nossos produtos [do MST] lá naquele país. “E a turma do deixa pra lá, das fake news, fica aí dizendo coisas porque desconhece a realidade”, criticou.
CPMI do Golpe
O deputado Marcon também falou sobre a CPMI do Golpe, lida ontem (26) na sessão do Congresso Nacional, e que será instalada em breve, para apurar os atos terroristas de 8 de janeiro. “Vamos chamar quem financiou, quem planejou, e vai haver lugar para muitos na cadeia. O comandante (ex-presidente Bolsonaro), que foi depor ontem na Polícia Federal, por duas horas, saiu de lá todo suado, não sabia nem qual era o carro em que ele estava, de tão perdido que estava quando saiu da Polícia Federal”, criticou.
“Então, para a CPMI do Golpe nós temos que chamar os empresários que financiaram, os políticos que estavam junto com essa mobilização, que talvez não tenham tido coragem de estar aqui, mas que estavam patrocinando politicamente, e todos que apoiaram, porque eles vão ter que pagar por isso, por quererem retomar o poder no dia 8 de janeiro”, afirmou.
Sobre o MST
O Movimento Sem Terra está organizado em 24 estados nas cinco regiões do Brasil. Ao longo dos 39 anos de luta do MST, cerca de 450 mil famílias conquistaram a terra por meio da luta e organização dos trabalhadores rurais. Em 39 anos de existência, são mais de 160 Cooperativas, 120 agroindústrias e 1900 associações.
O MST também já doou mais de 2,5 milhões de Marmitas Solidárias e 8,5 mil toneladas de alimentos para famílias em situação de fome e insegurança alimentar no País.
Vânia Rodrigues