A deputada federal Margarida Salomão (PT-MG) participou na última segunda-feira (9) de audiência pública da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), sobre o programa Future-se, do Ministério da Educação. “Isso é uma cortina de fumaça para o bloqueio de verbas para a educação, fruto da Emenda Constitucional 95. A EC 95 foi um erro ideológico. Não há um País no mundo que tenha feito isso. Essa emenda é uma camisa-de-força para o orçamento. Além disso, quem propõe o Future-se é uma pessoa completamente descolada do presente. Despreparada e mal-intencionada”, disparou a parlamentar sobre o atual ministro da Educação, Abraham Weintraub.
Presidente da Frente Parlamentar em Defesa das Universidades Federais, Margarida Salomão reforça que essa asfixia financeira é um risco à soberania nacional. “Isso é um ato de lesa pátria. Vou dar um exemplo. Nós já chegamos a ter o melhor futebol do mundo porque em todo canto tem gente jogando bola. Nós podemos ter uma base social espalhada da ciência, mas estamos cortando bolsas de R$ 100 da nossa ‘categoria de base’, os meninos e meninas do ensino fundamental e médio, por meio do CNPq”, destaca.
A presidenta da subcomissão especial de financiamento de Ciência e Tecnologia finalizou a sua fala reforçando a mudança do perfil do alunato nas universidades nos últimos anos. “Nós estávamos em processo de expansão. Hoje, o povo chega à universidade para estudar, mas 70% dos alunos são de baixa renda. Manter nas universidades essa nova população significa defender a soberania nacional. A universidade tem se tornado uma bandeira da luta brasileira”, avalia.
Alta rejeição ao programa
Anunciado no último mês de julho, o plano prevê a entrada de capital privado nessas instituições, por meio, entre outras iniciativas, de fundos patrimoniais, do registro de patentes, da cessão de naming rights de espaços e de parcerias com organizações sociais (OSs), entidades privadas sem fins lucrativos. Várias universidades já se manifestaram contra a adesão ao programa, que será voluntária, entre as quais as universidades federais de Minas Gerais (UFMG), de Juiz de Fora (UFJF) e de São João del-Rei (UFSJ). “A melhor atitude que as universidades podem fazer é rejeitar o Future-se. Inclusive para pressionar o governo a focar naquilo que deve ser o objetivo estratégico: um projeto de sustentação das universidades. Estamos dispostos a discutir tudo, mas o Future-se não resolve nenhum problema e cria muitos outros. É uma falsa solução para um falso problema”, argumenta a parlamentar.
Assessoria de Comunicação
Foto – Gabriel Paiva-Arquivo