O líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), ao comentar a decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal que negou, nesta terça-feira 25, a liberdade imediata do ex-presidente Lula em caráter liminar, proposta pelo ministro Gilmar Mendes, destacou o fato de a Suprema Corte manter como suspeito o ex-juiz e atual ministro da Justiça Sérgio Moro. “Quem está sendo julgado é o Moro, ele não foi absolvido, a denúncia sobre sua suspeição será julgada em agosto”, disse o líder.
Em sua opinião, a suspeição de Moro, já apontada pela defesa de Lula várias vezes, foi agora confirmada com as reportagens do site The Intercept Brasil, que revelam conversas criminosas entre Moro e o procurador federal Deltan Dallagnol para manipular processo e forjar provas para condenar Lula, com o objetivo de tirá-lo da eleição presidencial de 2018. “Muitos fatos virão, Moro será condenado e a sentença de Lula, anulada”, comentou Pimenta.
Juiz que virou político
Para Pimenta, a relação “promíscua e criminosa” entre Moro e Dallagnol já criou um mal-estar no STF, suscitando entre os ministros da Corte a intenção de adotar procedimentos para analisar detalhadamente a conduta de Moro. O líder petista observou que até a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, já manifestou ter dúvidas sobre a conduta do ex-juiz que virou político e assumiu cargo de ministro do governo que ajudou a eleger.
Pimenta comentou que a expectativa era de que o ex-presidente Lula aguardasse em liberdade o julgamento do recurso de sua defesa no qual aponta a suspeição de Moro. A votação sobre a suspeição de Moro foi pausada e voltará a ser discutida em agosto. O ministro Gilmar Mendes Gilmar propôs que o recurso sobre Moro voltasse a ser julgado com calma, posteriormente, para que se fizesse uma análise cuidadosa a respeito também dos vazamentos do site The Intercept. Mas que enquanto isso, Lula deveria aguardar o resultado em liberdade. Porém, foi derrotado por 3 votos a 2.
Mobilização popular
No caso da liberdade em caráter liminar, além de Gilmar, votou favorável o ministro Ricardo Lewandowski. Já Edson Fachin, Celso de Mello e Cármen Lúcia votaram por negar a soltura de Lula até que o STF julgue o mérito do habeas corpus pedido por Lula, deixando o placar em 3 a 2.
A presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), conclamou a militância do partido e de todas as forças progressistas a continuar a mobilização em defesa da libertação de Lula. “Moro é o chefe de uma quadrilha montada para acusar e condenar Lula arbitrariamente”, frisou. Gleisi observou que é uma questão de tempo a libertação de Lula e a anulação de seu processo, tocado sem “nenhuma lisura” por Moro – com fatos confirmados pelas revelações do The Intercept.
O ex-deputado federal Wadih Damous (PT-RJ) acompanhou o julgamento da Segunda Turma e, mesmo contrariado com o resultado, saiu otimista. “Temos um juiz com seus atos sob suspeita – e os ministros do STF sabem, que Moro é suspeito”. Segundo ele, novas denúncias que surgirão nos próximos dias devem agravar a situação de Moro e leva-lo à condenação pelo STF, com a anulação da condenação de Lula. “Não tivemos uma derrota, mas uma vitória adiada”, afirmou o ex-parlamentar e um dos advogados de defesa de Lula.
PT na Câmara, com agências
Veja a coletiva do líder Pimenta, Gleisi Hoffmann e Wadih Damous: