PT vota contra MP que enfraquece Embratur

Com o voto contrário do PT, a Câmara aprovou nesta segunda-feira (27) a Medida Provisória (MP 907/19), que transforma a Empresa Brasileira de Turismo (Embratur) em agência na forma de serviço social autônomo.

O líder do PT na Câmara, deputado Enio Verri (PR), destacou que o turismo tem um papel fundamental para o desenvolvimento do Brasil. “Por isso, a Embratur precisa é ser fortalecida, e não enfraquecida. Esta MP, da maneira como foi construída, não contribui para fazer da indústria do turismo uma grande geradora de desenvolvimento, de emprego e de renda para o nosso País. Ela fragiliza o papel da empresa, à medida que ela deixa de ser um órgão de Estado”, justificou.

Enio Verri reforçou que a bancada não concordava com a mudança jurídica da Embratur. “Nós não concordamos que se diminua o peso da Embratur, transformando-a numa agência e, principalmente, mudando sua natureza jurídica”, reforçou. Ele explicou que, na medida em que a Embratur se torna um serviço social autônomo, chega-se mais próximo da iniciativa privada, com a agilidade da iniciativa privada, mas também com os problemas que existem na iniciativa privada quando se trata de recursos que são públicos.

O líder alertou ainda que a mudança reduz o papel da Embratur na sua relação com o governo, na sua capacidade de angariar mais fundos e, principalmente, diminui a sua capacidade de relacionar-se com o resto do mundo. “Uma agência pode até se relacionar muito bem com o player da iniciativa privada, mas, quando se trata de grandes parcerias, nós vamos perder espaços importantes no relacionamento com outros governos, com outros países, portanto, a mudança é um equívoco”, lamentou.

Recursos do Sistema S

Os deputados conseguiram retirar do texto, por meio de emenda, dispositivo que destinava 4% da arrecadação do Serviço Social do Comércio (Sesc) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) para a nova Embratur. “Não é possível retirar dinheiro do Sistema S, principalmente do Sesc e do Senac. Isso provocaria o fechamento de 46 unidades do sistema no Brasil. Dois milhões e cem mil funcionários seriam demitidos, principalmente professores. Não poderíamos deixar que isso acontecesse”, defendeu o deputado Célio Moura (PT-TO).

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) também se posicionou contrário à retirada de recursos do Sistema S para colocar na Embratur. Ele citou que a retirada dos recursos do Sesc e do Senac prejudicaria milhões de jovens que se formam nas escolas do Sesc e do Senac, além de reduzir verba para as refeições que são fornecidas pelo sistema. “Sem esses dinheiro, cerca de 25 escolas seriam fechadas. É prejudicar, tirar do que dá certo para investir no que não dará”, argumentou.

Privatização

O deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) alegou que a transformação da Embratur em agência não era urgente. “Tratar de uma alteração desse porte, transformar uma autarquia federal em uma instituição que passa a ser um serviço social autônomo nem é um processo que deva ser feito com medida provisória. Até porque quando se trata da privatização — é disso que estamos falando — a Embratur não fará mais concursos públicos para os seus quadros, e nós somos a favor do concurso público”.

O deputado concorda que a empresa pode e deve ser aperfeiçoada, mas critica o motivo alegado para a criação da nova Embratur. “O motivo alegado é que a nova empresa – como serviço social autônomo – vai trabalhar pelo turismo, em âmbito internacional. Ora, o que a Embratur atual faz não é exatamente isso?”, indagou.

O deputado Alencar Santana Braga (PT-SP) lamentou a mudança jurídica da Embratur. “Estamos abrindo mão da Embratur, uma autarquia, uma empresa pública indireta, para transformá-la em órgão praticamente privado, longe da gestão pública, da definição da política e de outras ações importantes para fomentarmos o turismo no País”.

Cessão de funcionários

A deputada Margaria Salomão (PT-MG) e o deputado Carlos Veras (PT-PE) defenderam emenda propondo que os servidores públicos tenham o direito de ser consultados sobre a sua cessão para a nova Embratur, uma vez que a empresa deixa de ser estatal e passa a ser uma agência. “O servidor concursado tem que ter esse direito de escolha”, afirmou Margarida. “Que essa cessão possa ser feita em comum acordo, que esses servidores sejam ouvidos e possam ter o direito de optar”, completou Veras.

Os deputados José Guimarães (PT-CE), Airton Faleiro (PT-PA), Afonso Florence (PT-BA), Paulão (PT-AL) e Zé Neto (PT-BA) também se manifestaram em defesa de uma Embratur forte e indutora do setor do turismo brasileiro. E a deputada Maria do Rosário (PT-RS) defendeu a lista tríplice para a escolha dos diretores-executivos da nova Embratur.

Texto aprovado

Entre outros pontos, o texto aprovado que agora será apreciado pelo Senado, prorroga a isenção do imposto de renda retido na fonte (IRRF) para pagamentos de leasing de aeronaves e motores da aviação comercial.

Define também regras para extinção da antiga Embratur, com medidas voltadas para os empregados, patrimônio e dívidas. Os novos contratados serão regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), e o salário de todos os funcionários deverá seguir o teto do funcionalismo público (atualmente R$ 39,2 mil).

O texto aproado permite à Embratur ajudar no processo de repatriação de brasileiros impossibilitados de retornar ao País devido à pandemia do coronavírus. A autorização vale também para caso de guerra, convulsão social, calamidade pública, risco iminente à coletividade ou qualquer outra circunstância que justifique a decretação de estado de emergência. As ações serão coordenadas pelos ministérios das Relações Exteriores, da Saúde, e da Justiça, em parceria com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Fonte de recursos

Uma das principais fontes de verba para a agência Embratur será o Fundo Geral do Turismo (Fungetur), que passará a ser abastecido com o adicional da tarifa de embarque internacional, atualmente direcionada ao Fundo Nacional de Aviação Civil (Fnac). A agência Embratur poderá obter recursos com o licenciamento da “Marca Brasil”, desenvolvida neste ano para vender a imagem do turismo brasileiro no exterior.

O relator da matéria, deputado Newton Cardoso Jr (MDB-MG), incluiu um representante da Comissão de Turismo da Câmara dos Deputados e um da Comissão de Turismo do Senado Federal no conselho deliberativo da agência Embratur. Ele também retirou do seu projeto de lei de conversão apresentado o ponto de maior divergência da matéria, a cobrança de direitos autorais pela execução de obras literárias, artísticas ou científicas. O tema será tratado na MP 948/20, que trata do cancelamento e renegociação de reservas e eventos no setor de turismo.

Vânia Rodrigues

 

Está gostando do conteúdo? Compartilhe!

Postagens recentes

CADASTRE-SE PARA RECEBER MAIS INFORMAÇÕES DO PT NA CÂMARA

Veja Também

Jaya9

Mostbet

MCW

Jeetwin

Babu88

Nagad88

Betvisa

Marvelbet

Baji999

Jeetbuzz

Mostplay

Melbet

Betjili

Six6s

Krikya

Glory Casino

Betjee

Jita Ace

Crickex

Winbdt

PBC88

R777

Jitawin

Khela88

Bhaggo

jaya9

mcw

jeetwin

nagad88

betvisa

marvelbet

baji999

jeetbuzz

crickex

https://smoke.pl/wp-includes/depo10/

Depo 10 Bonus 10

Slot Bet 100

Depo 10 Bonus 10

Garansi Kekalahan 100