Os deputados Arlindo Chinaglia (PT-SP), Carlos Veras (PT-PE) e Odair Cunha (PT-MG) afirmaram nesta sexta-feira (14) que vão atuar de maneira técnica na comissão especial que analisará o Voto Impresso (PEC 135/19), instalada nesta quinta-feira (13), na Câmara, por determinação do presidente Arthur Lira (PP-AL). Segundo os petistas, membros titulares do partido no colegiado, o tema não pode ser objeto de uso político por parlamentares que desejam mudar as normas vigentes com o objetivo de tumultuar as eleições no próximo ano, e muito menos para desviar o foco dos reais problemas enfrentados pelo País.
O tema do voto impresso é uma obsessão do presidente Jair Bolsonaro, que defende o modelo ao insinuar que o voto eletrônico não é confiável. Como exemplo, Bolsonaro já afirmou várias vezes que foi vítima de roubo nas eleições de 2018 e que teria vencido o pleito no 1º turno. Cobrado pela imprensa, pelos partidos de Oposição – inclusive o PT – e até pelo Ministério Público, Bolsonaro nunca apresentou provas que comprovem a acusação.
Para o deputado Arlindo Chinaglia, líder da Minoria no Congresso Nacional, o voto eletrônico nos moldes atuais tem se mostrado seguro e sem comprovação de fraudes. Ele defendeu que o tema seja tratado de maneira técnica e sem manipulações políticas.
“Eventuais riscos do voto em urnas eletrônicas nunca foi provado. Esse tema não é prioritário frente à pandemia, falta de vacinas, mortes, desemprego, auxílio emergencial insuficiente, privatizações, crianças e jovens fora das escolas etc. Nosso papel é convidar especialistas, representantes e técnicos dos Tribunais Eleitorais que conhecem o sistema e mostrar para a sociedade se há qualquer dúvida e como corrigir, se é de fato necessário o voto impresso ou seria gastar muito dinheiro público por nada!”, afirmou.
Já o deputado Carlos Veras, que também é presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorais da Câmara (CDHM), disse que o debate vai tornar mais claro para a sociedade brasileira como ocorre o processo eleitoral no País. “Temos plena confiança no sistema eleitoral, liderado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Não vamos permitir que o governo federal utilize da comissão para desviar o foco da CPI da Covid e o enfrentamento à pandemia”, afirmou. Veras ainda acrescentou que a prioridade do Brasil é vacina no braço e comida no prato.
O deputado Odair Cunha declarou que a insistência dos bolsonaristas em instalar a comissão reflete o medo de perderem as eleições no próximo ano e, por isso, já tentam encontrar uma forma de tumultuar a proclamação do resultado do pleito de 2022.
“Nós do PT vamos tratar esse tema tecnicamente. Com certeza o Tribunal Superior Eleitoral será ouvido nesse processo, e se precisarmos fazer algo para aperfeiçoar a democracia e as instituições, nós apoiaremos. Porém, é preciso reconhecer que a sanha bolsonarista em aprovar essa PEC tem a ver com o medo deles perderem as eleições no ano que vem”, observou.
A comissão será presidida pelo deputado Paulo Eduardo Martins (PSC-PR) e terá como relator o deputado bolsonarista Filipe Barros (PSL-PR). A deputada Bia Kicis (PSLDF), igualmente bolsonarista, é autora da PEC que torna obrigatória a expedição de cédulas físicas em eleições, plebiscitos e referendos, conferíveis pelo eleitor.
Héber Carvalho