O líder do PT na Câmara, deputado Reginaldo Lopes (MG), e Zeca Dirceu (PR) – que assume a liderança do partido em fevereiro –, e o deputado Jorge Solla (PT-BA) entraram com representação disciplinar no Conselho Federal de Medicina (CFM) contra a 2ª vice-presidente, Rosylane Rocha, que exaltou, nas redes sociais, os atos terroristas contra os três poderes em Brasília. O Presidente do CFM, José Hiran da Silva Gallo, respondeu ao ofício dos parlamentares e repudiou os atos violentos praticados por bolsonaristas radicais.
A 2ª vice-presidente do CFM fez publicações nas redes sociais exaltando os atos antidemocráticos que resultaram na invasão e destruição das sedes do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal (STF), no domingo, dia 8. Ela publicou uma foto no Instagram do momento em que os terroristas sobem a rampa do Congresso e escreveu na legenda: “Agora vai”.
Em outra publicação, Rosylane compartilhou um vídeo da destruição no STF. “Atos pacíficos foram repreendidos. Manifestantes taxados de antidemocráticos e tratados como bandidos. Bandidos soltos e censurando todos. Aí tá a reação”, afirmou. E completou: “Supremo é o povo”.
Segundo o presidente do CFM, o documento foi encaminhado ao Conselho Regional de Medicina do Estado do Distrito Federal requerendo que o CRM-DF adote as medidas pertinentes. Ele também informou que o CFM instaurou processo administrativo para investigar a conduta de Rosylane Rocha.
“O CFM reforça seu repúdio aos atos violentos praticados no dia 8 de janeiro, em Brasília – DF, ao tempo que reitera a necessidade de apuração idônea a irrestrita, apontando responsáveis e aplicando o que a legislação pátria exija, permitindo a construção do ambiente favorável à construção do Estado Democrático de Direito”, diz trecho do ofício respondido por José Gallo.
Para o deputado Reginaldo Lopes, ter uma opinião “golpista não é exercer a liberdade de expressão, é atentar contra a democracia” e que ser bolsonarista é uma opção, mas querer dar um golpe de Estado, não.
“Não pode haver tolerância com quem, direta ou indiretamente atenta contra a democracia e suas instituições. A Representada não tem qualquer estatura ética, moral e cidadã para representar os médicos do País. Claramente cometeu um crime e isso não pode passar impune. E seguimos clamando para que a sociedade continue denunciando os terroristas pelos mais diversos canais disponíveis para isso”, assegurou Zeca Dirceu.
CFM e autocrítica
“O Conselho Federal de Medicina precisa iniciar seu processo de autocrítica para reformar sua atuação. Um órgão que é braço do Estado Democrático de Direito precisa ser dirigido por pessoas que respeitam a democracia e colocam a ciência e o respeito à nossa profissão, ao juramento de Hipócrates, acima de qualquer interesse político”, disse o deputado Jorge Solla, que também é médico.
Os parlamentares pedem que seja instaurado processo ético disciplinar a fim de apurar as condutas de Rosylene e adoção das devidas providências legais, além do afastamento provisório do cargo de 2ª vice-presidente do CFM durante o processo disciplinar.
Negligência na saúde
“O bolsonarismo, além de pregar o ódio e o golpe de Estado, tem um legado extremamente negativo de negligência contra a saúde pública e de descaso com a população que precisa do SUS (Sistema Único de Saúde). Os profissionais de saúde sabem o quanto a inação do governo Bolsonaro afetou o combate à pandemia. Desejar o fim da alternância de poder e a continuidade do que deu errado é condenar milhões de brasileiros e brasileiras ao descaso novamente”, afirmou Reginaldo Lopes.
Para Jorge Solla, durante a pandemia da Covid-19, o CFM escreveu sua página “mais triste da história” ao legitimar o discurso “negacionista de Bolsonaro” quanto ao uso político de uma terapia ineficaz para a Covid. “Agora pedimos formalmente a abertura de procedimento no conselho de ética para a punição da vice-presidente do CFM, Rosylane Rocha, pela sua manifestação pública em favor da tentativa de golpe de estado do dia 8. Essa é uma oportunidade para que o CFM comece o processo de depuração”, destacou o parlamentar baiano.
Lorena Vale