O Partido dos Trabalhadores, junto com o PSOL e a Rede, pediram a cassação do mandato do senador Flávio Bolsonaro ao Conselho de Ética do Senado Federal, na manhã desta quarta-feira (19). O pedido tem como base a relação do filho de Jair Bolsonaro com as “milícias, lavagem de dinheiro e desvio de verbas públicas” por meio das rachadinhas.
“São inúmeras as comprovações que denotam as íntimas relações do parlamentar com figuras centrais na milícia carioca, como é o caso da relação não escondida com o Capitão Nóbrega, recentemente morto no sertão da Bahia, na cidade de Esplanada (BA)”, diz o texto da representação.
A presidenta nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann, comentou o pedido de cassação: “não se pode usar o cargo no Senado para atrapalhar investigações”, disse, referindo-se a Flávio. “O que estamos vendo com o caso da morte do Adriano é muito assustador do ponto de vista de quem faz política”.
PT protocolou com PSOL e Rede representação no Conselho de Ética do Senado contra Flávio Bolsonaro por ligação com milicianos do Rio de Janeiro e envolvimento no esquema de rachadinhas com dinheiro público na Alerj. Não se pode usar o cargo no Senado para atrapalhar investigações
“Achamos que o Senado precisa investigar a utilização do seu cargo e das relações de poder que tem com a família para suplantar as demais investigações”, disse Gleisi. “Estamos falando de um senador que é filho do Presidente da República, irmão de um deputado federal, ou seja, uma família muito empoderada no sentido institucional e político no País”, lembrou a presidenta.
Nesta terça-feira (18), o senador divulgou um vídeo de um cadáver em suposta análise pericial, afirmando ser do miliciano morto Adriano da Nóbrega.
O deputado federal Marcelo Freixo (Psol-RJ) também comentou o pedido e lembrou do esquema de corrupção de Flávio na Alerj. “Acabamos de entregar o pedido de cassação do Flávio Bolsonaro no Conselho de Ética do Senado por suas relações com as milícias, lavagem de dinheiro e desvio de verbas públicas através das rachadinhas. A proposta é de parlamentares do PSOL, PT e Rede”, disse.
Fake news com vídeo
À Rede Brasil Atual, o secretário de Segurança Pública da Bahia, Maurício Barbosa, rebateu dizendo que a publicação de Flávio Bolsonaro tem o objetivo de questionar um trabalho em andamento. As perícias da Bahia e do Rio de Janeiro, inclusive, não reconheceram a autenticidade do vídeo. “Temos ainda outras perícias a serem realizadas, oitivas que estão sendo feitas pela autoridade policial”, apontou Barbosa.
Já a deputada federal Maria do Rosário lembrou que Flávio cometeu outro crime ao divulgar o vídeo do corpo. “É um absurdo que Flávio Bolsonaro poste vídeo do corpo de Adriano da Nóbrega durante autópsia. O art. 212 do Código Penal prevê o crime de vilipêndio a cadáver. A quem interessa ver essas imagens? Nada justifica este desrespeito”, disse a parlamentar.
O presidente da Comissão de Ética do Senado Federal, senador Jaime Campos (DEM-MT), depois de assinar o recebimento de peça, ressaltou que o Brasil passa por um “momento diferenciado”, com situações com as quais não concorda, segundo informações do PT no Senado. Ao encerrar, Campos destacou que a representação será analisada de forma transparente e republicana, respeitando todos os ritos do processo.
Da Agência PT de Notícias