O deputado Afonso Florence (PT-BA) criticou, em plenário, nesta quarta-feira (31), a inabilidade do presidente eleito Jair Bolsonaro, que tão logo foi anunciado o resultado das urnas, já apresentou uma agenda de retrocesso para o País, em especial para os trabalhadores, com a urgência na aprovação da Reforma da Previdência. “É uma pauta de continuidade dos desmontes promovidos pelo governo ilegítimo de Temer e, nós da Oposição, do Partido dos Trabalhadores, dos movimentos sociais, vamos perseverar na agenda que nos trouxe até aqui, que construiu uma expressiva votação na chapa Fernando Haddad-Manuela D’Ávila”, afirmou.
Florence enumerou alguns pontos da pauta da oposição. Um deles é a defesa da democracia, inclusive da liberdade de imprensa. “É um escândalo um candidato eleito dizer que vai cortar verba de publicidade da Folha de S.Paulo porque discorda de uma matéria publicada. Nós vamos defender a democracia”, declarou. Também está na agenda da esquerda a defesa dos direitos civis, dos direitos humanos, dos direitos fundamentais. “Vamos defender o direito ao trabalho, a sustentabilidade ambiental e, principalmente, vamos trabalhar para revogar a Emenda Constitucional nº 95, que congelou os investimentos públicos por 20 anos”, reforçou.
Caixa 2 – Ao fazer uma avaliação das eleições de 2018, Florence considerou que o processo foi atípico, com denúncia de caixa dois, divulgações de fake news e de uso de WhatsApp, que ainda serão apurados pelo Tribunal Superior Eleitoral. “Tivemos uma eleição atípica, na qual se disseminaram práticas violentas pelo País. Pessoas foram mortas pelo simples debate político. E a comemoração da vitória também foi cercada de excessos de ativistas apoiadores da candidatura vitoriosa”, lamentou.
Violência – O deputado Luiz Couto (PT-PB) também da tribuna manifestou a sua preocupação e indignação com a violência dos opositores da esquerda nestas eleições. Ele disse ainda que é motivo de preocupação o discurso do presidente eleito de que é preciso mudar a cultura de direitos humanos, porque direitos humanos é empecilho para o progresso. “Ele (Bolsonaro) dizia que as pessoas de bem — e eu diria que ele quer que só as pessoas de bens! — possam tê-los assegurados! Os direitos humanos são os direitos de todos, como a saúde, a educação, a segurança pública, como também o emprego”.
Luiz Couto alertou também que o presidente eleito quer pegar agora as propostas da “bancada da bala” para ser o seu programa de segurança pública. “Segurança pública? Querer colocar jovem de 16 anos nas cadeias. Colocar essas pessoas lá significa mais mortes, mais destruição. Não dá para aceitar isso”, afirmou.
O deputado João Daniel (PT-SE) parabenizou os brasileiros, em especial o povo Sergipano pelo voto em Fernando Haddad, “em defesa de um Brasil grande, com solidariedade, com programas sociais, e com justiça”. O deputado do PT de Sergipe também defendeu a apuração de todas as denúncias que existem contra a campanha de Bolsonaro. “Uma campanha mentirosa, difamatória, odiosa e preconceituosa”, enfatizou.
“A nossa bancada e todos aqueles que defendem a democracia e a Constituição deverão fazer a defesa da classe trabalhadora, do povo brasileiro, da nossa Constituição. Aqui, não abriremos mão um minuto em defesa do povo brasileiro, de todas as categorias de servidores públicos, dos trabalhadores rurais, dos movimentos sociais, urbanos e rurais”, anunciou João Daniel.
E a deputada Maria do Rosário (PT-RS) destacou a importância da criação da frente política de oposição pela democracia e contra o autoritarismo anunciada na terça-feira (30), pelo PT. “E me posiciono desde já na defesa dos direitos políticos, civis, dos direitos humanos, da educação, do civismo no sentido de cidadania, e não no sentido de ataque às instituições e à democracia”.
Vânia Rodrigues