O Partido dos Trabalhadores, maior agremiação de esquerda da América Latina, completa 44 anos neste sábado (10/2). Ao longo de sua trajetória, o partido tem se destacado pela sua incansável luta em prol da justiça social, dos direitos e da valorização dos trabalhadores e trabalhadoras. A atuação democrática da sigla foi fundamental na transformação da política no Brasil.
O PT foi fundado em 1980, durante o pior momento da história do Brasil, a Ditadura Militar. Surgiu da aspiração dos trabalhadores por uma democracia real e foi idealizado por Luiz Inácio Lula da Silva, em fevereiro de 1978. O partido obteve seu registro oficial no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 1982 e conquistou sua primeira vitória eleitoral ao eleger Gilson Menezes como prefeito de Diadema, no estado de São Paulo.
Diretas Já
Nos anos seguintes, o partido se engajou no movimento das Diretas Já, uma campanha popular que buscava eleições diretas para presidente, em oposição ao processo de escolha indireta pelo Congresso Nacional durante o regime militar. Em 1986, o PT consolidou sua presença política no Legislativo ao eleger 16 deputados federais, incluindo Lula. Esses primeiros passos foram fundamentais para solidificar a legenda como uma força significativa na cena política brasileira e pavimentaram o caminho para sua ascensão nos anos subsequentes.
“O PT vocaliza o sonho do povo brasileiro de um País justo, solidário e fraterno. De uma vida melhor para todos e todas onde as diferenças sejam respeitadas”, afirmou o líder da Bancada do PT na Câmara, Odair Cunha (MG).
Movimentos sociais e sindicais
A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) explicou que o partido nasceu das bases operárias, sociais, intelectuais e dos setores religiosos progressistas. Foi também criado pelos movimentos comunitários e pelas lutas do povo negro, das mulheres e minorias por seus direitos e contra o preconceito e a discriminação. Ela ainda ressaltou que o PT foi o partido que deu vez e voz aos segmentos sociais “excluídos e discriminados” e que no seu pouco tempo de existência “já fez muito para mudar essa realidade de injustiça social e dar dignidade ao nosso povo”.
Benedita da Silva, como deputada constituinte, teve um papel fundamental ao lado do presidente Lula na construção da Constituição Federal de 1988. Sua participação foi essencial para assegurar a representatividade e a inclusão de diversos segmentos da sociedade na formulação dessa legislação crucial, que garantiu direitos trabalhistas e que estabeleceu os alicerces da democracia e dos direitos fundamentais no Brasil.
Políticas sociais
Em 2002, Lula foi eleito presidente do Brasil, um marco histórico para o partido e para o País. Governou o País por dois mandatos consecutivos, implementando políticas sociais significativas, como o programa Bolsa Família e o aumento real do salário mínimo, que contribuíram para a redução da pobreza e da desigualdade social.
Em 2010, o PT conseguiu outro feito, eleger a primeira mulher presidenta do Brasil, Dilma Rousseff. Em seu primeiro mandato, ela fortaleceu ainda mais as políticas já implantadas por Lula e criou programas como o Mais Médicos e o Ciência Sem Fronteiras. Destinou recursos do Pré-sal para a Educação, entre outros. Além disso, o Brasil saiu do Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU).
As políticas públicas implementadas pelos governos petistas impactaram positivamente a vida da população brasileira, demonstrando um compromisso com o desenvolvimento social e a redução das disparidades socioeconômicas.
Golpe de 2016
Dilma Rousseff foi reeleita presidenta em 2014. Entretanto, já em 2013, a oposição iniciou um movimento para minar sua governabilidade. Em 2016, apesar dos mais de 54 milhões de votos que a elegeram, a primeira mulher a presidir o País foi vítima de um processo de impeachment errôneo. Dilma foi destituída do cargo sem ter cometido qualquer crime, caracterizando um golpe de Estado.
Lava jato e perseguição a Lula
As conquistas e mudanças que ocorreram no Brasil não agradaram a ala política da direita e da extrema direita. Ainda em 2014 a Polícia Federal deflagrou a Operação Lava Jato para investigar esquemas de corrupção. A investigação se mostrou seletiva e parcial, além de ter motivações políticas focando e perseguindo principalmente o PT.
O objetivo do então juiz Sergio Moro, que estava à frente da operação, era prender o maior líder petista. Em 2018, Lula liderava as pesquisas eleitorais para um terceiro mandato presidencial. Ele foi preso e passou 580 dias na prisão, tendo seus direitos políticos suspensos. Lula foi vítima de perseguição de Moro e do coordenador da Lava Jato o então procurador Deltan Dallagnol.
As acusações contra Lula foram anuladas em 2021 pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que reconheceu a parcialidade de Moro no processo.
“Está cada vez mais provado que a Lava jato foi uma farsa, cheia de ilegalidades e interesses pessoais. Moro se associou às acusações sem provas do Ministério Público para prender Lula, já com sonho de entrar na política, ser ministro e talvez presidente. Além disto, a operação resultou na destruição de várias empresas brasileiras e milhões de empregos”, criticou o deputado Zeca Dirceu (PT-PR).
Terceiro mandato de Lula
Após quatro anos de retrocessos e destruição, o Brasil decidiu pelo retorno de um presidente comprometido com as necessidades do seu povo. Lula, em 2022, emergiu como vencedor das eleições, destacando sua resiliência e reafirmando a relevância do Partido dos Trabalhadores na política brasileira.
Para o deputado Bohn Gass (PT-RS), o PT é o partido mais “sólido e bem-sucedido do País” que, por cinco vezes, já chegou à Presidência do Brasil pelo voto. “Isso é fruto do trabalho intenso, da organização e do sonho coletivo de uma nação mais justa. Viva o PT, o partido que mudou o Brasil”, comemorou.
Reforma Tributária
O deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) reiterou que o PT é a expressão contemporânea da luta do povo brasileiro por um País mais justo e democrático. “Nasceu na resistência à ditadura militar e também resistiu aos golpes recentes, que destituíram uma presidenta legítima e levaram ao poder um déspota. De forma heroica, enfrentou a perseguição, as investidas contra o Estado nacional, a democracia e os direitos dos trabalhadores. Junto com o povo, deu a volta por cima”, afirmou.
O parlamentar coordenou o grupo de trabalho da Reforma Tributária que foi aprovada após 40 anos de discussão no Congresso Nacional. “Foi a expressão da esperança nas urnas que elegeram Lula novamente presidente. E já está mudando o Brasil para melhor, como na aprovação da Reforma Tributária, que vai fazer o povo pagar menos impostos e o Brasil crescer com mais justiça social”, assegurou Reginaldo.
CPMI do Golpe
Os ataques golpistas contra as sedes dos Três Poderes em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023, resultaram em uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar a tentativa de golpe.
Para o deputado Rogério Correia (PT-MG), a CPMI foi fundamental na defesa da democracia no Brasil, desmascarou os bolsonaristas e demonstrou que a tentativa de golpe, a invasão dos Três Poderes e o quebra-quebra em Brasília foi algo articulado. “Terão que pagar pelos crimes cometidos. Na CPMI foram vários os indiciados como responsáveis pela tentativa de abolir o Estado Democrático de Direito. Que Bolsonaro e todos os que o cercavam nessa tentativa estejam na cadeia, porque é isso que prevê a legislação para aqueles que tentam abolir a democracia no Brasil”.
Reconstrução do Brasil
Na avaliação da deputada Dandara (PT-MG), a volta do presidente Lula está mudando “radicalmente” a vida das pessoas. Ela disse que a reconstrução do Brasil passa não só pela defesa e fortalecimento da democracia – tão atacada nos últimos anos – como pela promoção de políticas públicas que estão melhorando as condições de vida concreta do povo.
Dandara destacou várias ações já tomadas por Lula. “O reajuste anual do salário mínimo, acima da inflação, e a volta dos programas para reduzir as filas do Sistema Único de Saúde (SUS) e da Farmácia Popular são exemplos concretos de ações que beneficiam a população baixa renda e as mulheres. Também destacaria a aprovação da lei que amplia a Política de Cotas, que eu tive a honra de relatar na Câmara Federal. A lei vai garantir que mais pessoas da classe trabalhadora possam acessar e se formar na universidade pública”.
Lorena Vale