A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), informou hoje (17) que o partido vai entrar com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para manter o Programa Bolsa Família, referência mundial de combate à fome e à miséria que foi extinto pelo presidente de extrema direita Jair Bolsonaro.
Segunda ela, a ação deve ser protocolada semana que vem, para resguardar os interesses de milhões de brasileiros em situação de vulnerabilidade social. O partido ainda está avaliando quais as medidas serão defendidas na petição.
Gleisi frisou que o Bolsa Família, criado pelo ex-presidente Lula, funcionou de forma bem-sucedida por 18 anos e é um programa estruturado, ao contrário do chamado Auxílio Brasil, que começou a ser pago nesta quarta-feira, em meio a incertezas sobre o número total de beneficiados e das fontes de recursos.
A afirmação de Gleisi foi feita em entrevista coletiva juntamente com os líderes do PT na Câmara, Elvino Bohn Gass (RS), e no Senado, Paulo Rocha (PA), na qual denunciaram a exclusão de 25 milhões de brasileiros dos benefícios sociais, em razão da extinção do Bolsa Família e do Auxílio Emergencial.
Acompanhados de parlamentares do partido, eles apresentaram o Mapa da Exclusão, tabelas com números de excluídos dos benefícios em cada estado e município.
Fila do osso
O líder Bohn Gass denunciou que dos 39,3 milhões de beneficiários do Bolsa Família e do Auxílio Emergencial, o número caiu agora para 14,5 milhões de pessoas. Ou seja, de uma hora para outra 24,8 milhões de pessoas ficaram sem nenhuma renda. “São milhões de pessoas que vão engrossar a fila do osso nos açougues, num momento em que os preços dos alimentos disparam, a inflação é alta, os salários estão congelados e o desemprego atinge milhões de pessoas”, disse.
Para Gleisi, o Brasil vive uma “verdadeira tragédia” com Bolsonaro, que prometeu pagar R$ 400,00 com o tal Auxílio Brasil mas tem liberado apenas R$ 200,00. Ela lembrou que o PT tem um projeto (PL 4086/2020) de ampliação do Bolsa Família, o qual garante R$ 600,00 às pessoas que não têm renda, estão na informalidade ou trabalhando em condições precárias. Ou seja, R$ 200,00 a mais do que o governo de Bolsonaro acena com o chamado Auxílio Brasil.
“Estamos numa situação crítica por causa de um governo irresponsável, enquanto o presidente da República passeia de moto no Catar”, criticou a presidenta do PT.
Governo irresponsável
O líder do PT no Senado, Paulo Rocha, disse que a tragédia simbolizada pela extinção do Bolsa Família deve ser denunciada a todas as instituições, das câmaras de vereadores às assembleias legislativas, e aos movimentos sociais e populares. “O Auxílio Brasil é uma enganação, uma verdadeira fake news”, disse, ao lembrar que o programa tem cunho eleitoreiro e recursos temporários, que se esgotarão ao final das eleições, no ano que vem.
Os dados do Mapa da Exclusão divulgado pelos petistas (veja imagem abaixo) mostram que nas principais capitais do País 6,2 milhões de pessoas ficaram sem benefícios sociais. Só em São Paulo, foram 1. 593.826 pessoas, no Rio de Janeiro, 1.014.362, em Salvador, 443.952, em Manaus, 407.396, em Brasília, 391.437, e em Belo Horizonte, 321.368 pessoas.
O Bolsa Família é um dos maiores símbolos da gestão do PT. O programa de distribuição de renda criado sob o governo Lula, em 2004, ajudou a reduzir a extrema pobreza no País.
Entretanto, a partir desta quarta, o governo passou a pagar o Auxílio Brasil. Ao acabar com o Bolsa Família e o auxílio emergencial, Jair Bolsonaro abandonou à própria sorte cerca de 25 milhões de pessoas, num momento em que a fome cresce no País, impulsionada pelo alto desemprego e uma absurda inflação dos alimentos.
A fome de volta
Os dados que comprovam esse verdadeiro Mapa da Exclusão são do próprio governo federal e foram colhidos pela assessoria técnica do Partido dos Trabalhadores no painel de monitoramento VIS Data, do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS).
Ali, é possível ver que, até outubro, o total de benefícios pagos pelo extinto auxílio emergencial era de 39,3 milhões. Agora, em novembro, primeiro mês de pagamento do Auxílio Brasil, criado para acabar com o Bolsa Família, foram 14,5 milhões, uma diferença de 24,8 milhões.
Coletiva na íntegra:
https://www.facebook.com/ptnacamara/videos/631996004492327
Redação PT na Câmara