PT 42 anos: desafios do novo ciclo histórico

Deputado Pimenta. Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados

Por Paulo Pimenta (*)

Quatro décadas depois de repetidas tentativas de criminalização e aniquilamento, movidas pelas “elites do atraso”, para usar a expressão de Jessé Souza, o Partido dos Trabalhadores celebra 42 anos, neste 10 de fevereiro.

Concentrando, mais uma vez, as expectativas dos democratas e do campo progressista, neste momento voltados contra a consolidação do neofascismo no Brasil, o PT se apresenta como alternativa ao fracasso do projeto neoliberal imposto ao País pela aliança entre a direita convencional que promoveu o golpe de Estado de 2016 e a extrema-direita liderada pelo ex-capitão.

A história do PT se confunde com a história do povo brasileiro. Não há nenhuma conquista nestas últimas décadas, dos trabalhadores do campo e da cidade, que não tenha tido a participação, o protagonismo e, na sua maioria, a liderança do PT ou de suas lideranças junto às lutas populares.

Justiça social – Governamos cidades, estados e o Brasil com democracia, justiça social e com a inclusão de amplos setores historicamente excluídos em nosso país. Geramos empregos, garantimos renda, possibilitamos a aquisição da casa própria, tiramos o Brasil do Mapa da Fome da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação da Agricultura). Nos governos do PT houve maciços investimentos na educação, na saúde, na cultura, na defesa do meio ambiente, na ciência e na tecnologia. Sem dúvida, a marca deste período foi a da dignidade para o povo brasileiro.

Sempre estivemos sob o fogo cerrado dos oligopólios dos meios de comunicação, desde as greves do ABC, a prisão de Lula pela Lei de Segurança Nacional, o golpe chamado de impeachment, sem crime de responsabilidade, que afastou a presidenta Dilma Rousseff da Presidência da República, até a prisão de Lula pela autodenominada Operação Lava Jato.

Liderança de Lula – Seis anos depois do golpe judicial, parlamentar e midiático, tendo sobrevivido a um golpe de Estado, à prisão ilegal de Lula para impedi-lo de concorrer à Presidência da República em 2018, o Partido dos Trabalhadores voltou a alcançar o patamar de 28% a 32% da preferência de intenção de votos dos cidadãos, segundo pesquisas de opinião publicadas nos últimos meses. Ou seja, a tradicional cifra de um terço do eleitorado com a qual o partido iniciou as quatro campanhas presidenciais vitoriosas de 2002 a 2014.

A devolução tardia dos direitos políticos de Lula pelos tribunais levou à completa desmoralização da farsa a jato montada por seus perseguidores organizados na quadrilha de procuradores de Curitiba, sob a liderança do ex-juiz, ex-ministro do governo neofascista e atual candidato a presidente da República pelo Podemos.

Vale aqui registrar a declaração na última semana de um ilustre ministro do STF, notoriamente alinhado com a defesa da tal lava-jato, de que reconhece que não ter havido crime de responsabilidade no impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Logo, houve um golpe contra a soberania popular e contra a Constituição avalizado pela Suprema Corte institucionalmente encarregada de defendê-la. O que significa que o STF prevaricou.

Forças populares – Não há registro comparável, na história do Brasil — um país com escassa tradição de instituições democráticas duradouras— , de uma experiência que tenha resistido, como o PT, à ferocidade do combate sem tréguas das oligarquias e se mantido como força popular alternativa na disputa pelos rumos do País.

Esse legado só foi possível pela dedicação de um conjunto de lideranças abnegadas presentes em muitos municípios e estados brasileiros, pela determinação, coragem, ousadia e dedicação da militância do PT, composta por filiadas, filiados e simpatizantes. Essa base é o alicerce principal de sustentação nos embates com nossos adversários. São essas forças que enfrentaram e enfrentam o ódio de classe, as intolerâncias e violências de diversas ordens, durante todos estes anos. Mas, principalmente, pela generosidade do povo brasileiro que depositou na nossa estrela seus mais generosos sonhos e esperanças.

Aos 42 anos, o Partido dos Trabalhadores está diante de mais uma oportunidade histórica, a possibilidade de derrotar o neofascismo e retomar um projeto de desenvolvimento justo, inclusivo e sustentável, fazendo do Brasil mais uma vez uma liderança no plano internacional. Um país com uma economia forte, aliada a uma profunda distribuição de renda e com avanços significativos no campo dos direitos e das políticas sociais e ambientais. Uma liderança necessária para este novo ciclo histórico que se anuncia com a crise das democracias liberais, dos Estados de bem-estar social e dos valores humanistas mais generosos.

Reconstrução do Brasil – Este momento impõe enormes desafios ao PT para torná-lo capaz de equacionar duas dimensões que o acompanham desde sua fundação: a vocação transformadora e a de liderar o campo democrático e das esquerdas. Dito de outro modo, demonstrar capacidade para apresentar um programa democrático e antineoliberal de reconstrução do País e exercer o diálogo necessário para unificar forças heterogêneas em torno dele.

O PT tem fortalecido a sua atuação institucional quotidiana, e ao mesmo tempo tem sido desafiado a responder às demandas de uma sociedade cada vez mais complexa, que muitas vezes passam ao largo da atuação política formal. O Partido tem sido uma importante trincheira de resistência e defesa dos direitos humanos, expressão, representação e voz de mulheres, do povo negro, dos povos indígenas, de diferentes grupos étnicos, da população LGBTQIA+, da juventude, pessoas com deficiência, dos trabalhadores, e em especial de uma nova classe trabalhadora, fragilizada pelos retrocessos recentes.

Nesse processo, tem se consolidando cada vez mais como um partido democrático, socialista e estratégico para a superação das desigualdades históricas que estruturam nossa nação desde a sua fundação.

Neste ano, iremos mais uma vez ofertar para o Brasil aquilo que concebemos de melhor, um programa ancorado na superação da fome, da miséria, com geração de empregos dignos e renda mínima, capaz de encarar os desafios do desenvolvimento sustentável e as responsabilidades diante da crise climática.

Um programa que se propõe a reverter o processo de desindustrialização do Brasil a partir de novas matrizes tecnológicas e reposicionar o País no cenário internacional com o potencial que lhe corresponde pela diversidade de sua capacidade instalada e pelo potencial de produção científica que detém. Um programa para um país situado em um mundo pós-pandemia, que exige uma nova política econômica articulada com uma nova pactuação humanitária e democrática.

O PT, ao nascer soube organizar a vontade política da diversidade dos trabalhadores brasileiros, da pluralidade de setores de esquerda, culturais, religiosos para resistir aos ataques da ditadura militar e, mais tarde, converter-se numa alternativa popular em defesa de direitos e de políticas para a garantia de uma vida digna. Essa construção generosa e democrática, 42 anos depois, não aceita tutelas nem pede licença para reafirmar seus sonhos e compromissos com a democracia, com a soberania nacional, com o combate às desigualdades e com a defesa plena da vida do povo brasileiro.

Chegou a hora de o Brasil voltar a ser feliz de novo!
Parabéns PT – Partido das Trabalhadoras e Trabalhadores!
Parabéns PT – Partido do amor profundo ao Brasil e ao povo brasileiro!

Paulo Pimenta é jornalista, deputado federal (PT-RS) e presidente do partido no Rio Grande do Sul.
Artigo publicado originalmente no Site GGN

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