O promotor de Justiça Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo (MP), negou que tenha ocorrido alguma negociação entre o Partido dos Trabalhadores e a facção PCC. Gakiya é atualmente o principal investigador do país contra a organização criminosa e revelou, em entrevista exclusiva ao UOL, que “não há nenhum indicativo de negociação do governo PT com o PCC”.
Ainda segundo o promotor, que foi responsável por pedir, no fim de 2018, as transferências dos chefes facção criminosa dos presídios paulistas para o sistema federal, “é bom que se diga que os presos não foram transferidos em décadas de governo do PSDB em São Paulo”. Gakiya também descartou que o suspeito preso integre a cúpula do PCC e lembrou que “a investigação sobre o plano de resgate e o pedido de remoção de Marcola foi feito por mim, ou seja, pelo MP, e deferido pelo juiz da 5ª VEC (Vara de Execução Criminal) de São Paulo”, afirmou.
O investigador do Gaeco esclareceu ainda que o governo federal teve o papel somente de disponibilizar vagas através do Depen (Departamento Penitenciário Nacional) e de organizar a ‘logística da transferência’. Apenas isso, o mesmo se diz do governo Doria, que também apenas auxiliou na logística. O que houve foi apenas cumprimento de ordem judicial. Não cabia ao governo federal ‘determinar’ ou ‘negar’ as transferências”.
Gakiya também fez questão de ressaltar o papel insignificante do ministro Sérgio Moro no combate à facção criminosa. “Portanto a percepção do preso de que o Moro determinou a remoção e endureceu para o PCC não é verdadeira, porque, como disse, as tratativas começaram quando o governo era do Temer”.
Também responsável por investigar o PCC, no início dos anos 2000, o procurador de Justiça Márcio Sérgio Christino corroborou com as afirmações de Gakyia. “O envolvimento do PCC com partidos políticos sempre foi a aventada e nunca comprovada”.
Foto – Billy Boss/Câmara dos Deputados
Agência PT de Notícias, com informações do UOL