Parlamentares atuantes em temas de direitos humanos elogiaram a prisão, na semana passada, em Curitiba (PR), de dois homens acusados de usar a internet para difundir mensagens de ódio e discriminação contra mulheres, negros, homossexuais, nordestinos e judeus, além da estimularem o abuso sexual de crianças e adolescentes.
Segundo a Polícia Federal, que realizou a operação Intolerância, Emerson Eduardo Rodrigues e Marcelo Valle Silveira Mello planejavam um ataque contra estudantes de alguns cursos – considerados “esquerdistas” pelos detidos – da Universidade de Brasília (UnB), como Ciências Sociais e Comunicação.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Câmara, deputado Domingos Dutra (PT-MA), enalteceu a ação e informou que o órgão emitirá uma moção de felicitações à Polícia Federal. “Devemos felicitar essa operação exitosa. Da mesma forma que tem sido diligente no combate a corrupção, entendemos que a Polícia Federal deve se aprimorar no combate aos crimes homofóbicos e de natureza discriminatória cometidos na Internet, de modo que seja desestimulada a covardia daqueles que se valem do anonimato para dissimular o ódio contra negros, homossexuais, mulheres, nordestinos e outros segmentos sociais”, declarou Dutra.
O deputado Dr. Rosinha (PT-PR) também comemorou a ação da PF, mas alertou para um possível crescimento dos atos de violência relacionados às várias formas de discriminação. “Curitiba tem um viés muito conservador e, infelizmente, ocorrem algumas ações criminosas movidas por ideologias de direita, como uma festa nazista, inclusive com assassinato, que aconteceu alguns anos atrás. Esses tipos de crime ainda são pouco investigados e punidos no Brasil e por isso a ação da PF é muito importante. O Brasil precisa tomar cuidado para que não se repitam tragédias como a de Realengo e nem aumentem os crimes causados por discriminação e preconceito”, ponderou o parlamentar paranaense.
Na última quinta-feira (22), a ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos, divulgou nota parabenizando a ação da Polícia Federal e lembrando que a operação Intolerância “é oriunda de denúncias oferecidas pela Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos e do Conselho Nacional LGBT, por meio do Disque Direitos Humanos – Disque 100”.
Realengo – Flúvio Cardinelle Oliveira Garcia, chefe do núcleo de repressão a crimes cibernéticos da PF no Paraná, informou que há indícios de que houve troca de informações dos dois presos com o assassino Wellington Menezes de Oliveira, que matou 12 crianças em Realengo, no Rio de Janeiro, em abril do ano passado.
Um site mantido por Emerson e Marcelo continha ameaças de morte ao deputado federal Jean Wyllys (PSol-RJ) e ofensas contra a presidenta Dilma Rousseff, além de conteúdo pornográfico infanto-juvenil.
Marcelo Mello reside em Brasília e estava hospedado em um hotel em Curitiba (PR), cidade na qual pretendia morar. Emerson Rodrigues é morador da capital paranaense.
Rogério Tomaz Jr. com agências
