Líderes petistas e parlamentares da Bancada do Partido na Comissão de Educação da Câmara repercutiram pelo Twitter a prisão do ex-ministro da Educação do governo Bolsonaro, Milton Ribeiro, realizada pela Polícia Federal na manhã desta quarta-feira (22). Além de lembrarem as falcatruas no MEC envolvendo pastores que negociavam a liberação de verbas orçamentárias mediante propina em dinheiro e até em barras de ouro, os petistas também ressaltaram o livre trânsito que os acusados tinham no gabinete do então ministro Milton Ribeiro, e até mesmo junto ao presidente Bolsonaro, no Palácio do Planalto.
Ao comentar o caso, o líder da Bancada do PT na Câmara, deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), lembrou que o próprio ministro já admitiu que atendia os pedidos dos pastores Gilmar dos Santos e Arilton Moura por conta de um pedido do próprio presidente Bolsonaro.
“Milton Ribeiro foi preso hoje. Quando ele depôs à Polícia Federal, em abril desse ano, disse que apenas obedecia a ordens de Bolsonaro. Tic Tac”, escreveu o petista.
Já a presidenta Nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), lembrou que o próprio presidente disse durante uma live – após o estouro do escândalo – que botava “a cara no fogo” por Milton Ribeiro.
“Péssimo dia pro governo corrupto de Jair Bolsonaro. PF prende ex-ministro Milton Ribeiro e pastor cabeça da organização criminosa, que cobrava propina em barra de ouro pra liberar verba da educação. Até outro dia Bolsonaro dizia que colocava a cara no fogo por ele”, relembrou.
Também ao lembrar o fato, o líder da Minoria na Câmara, deputado Alencar Santana Braga (PT-SP), ironizou: “Será que o presidente agora vai pegar atestado pra queimadura na cara?”. Integrante da Comissão de Educação, a deputada Professora Rosa Neide (PT-MT) também recordou da live e indagou: “Será que queimou?”.
Ao também mencionar o fato, o deputado Pedro Uczai (PT-SC) enfatizou que em março deste ano – logo após a denúncia do esquema de corrupção – Bolsonaro isentou o então ministro de qualquer culpa. Agora, o petista aponta que a situação mudou. “Junho de 2022. Ex-ministro Milton Ribeiro e pastor Gilmar Santos, ligado a Bolsonaro, são presos pela Polícia Federal”, descreveu.
Outros membros da Comissão de Educação também repercutiram a prisão e lembraram a conexão do esquema com o presidente Bolsonaro. A deputada Natália Bonavides (PT-RN) observou que a operação ocorre meses após denúncia que ela apresentou para que esse escândalo fosse investigado. “Falta prender o mandante, Bolsonaro!”, defendeu.
Por sua vez, o deputado Zeca Dirceu (PT-PR) frisou que o pastor preso hoje pela Polícia Federal, “esteve 45 vezes visitando Bolsonaro no Palácio do Planalto”. “Foi preso também o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro. Bolsonaro travou R$ 434 milhões para obras de 1780 escolas, enquanto pediam propina no MEC. Corrupção nunca foi tão grande!”, avisou.
Diante da prisão, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) lamentou que a educação brasileira tenha se tornado no governo Bolsonaro fonte de escândalos de corrupção.
“Lamentável ver o MEC em negociatas a peso de ouro. O que pensariam Paulo Freire, Darcy Ribeiro e outras lideranças da educação ao constatar que o presente e o futuro desta geração foram postos a leilão por um clã de negacionistas. E ver o Presidente da República envolvido. É o fim! ”, escreveu.
A deputada Luizianne Lins (PT-CE) escreveu: “Hoje foi o ex-ministro Milton Ribeiro preso, por corrupção no MEC. Logo logo, adivinha quem irá para a cadeia?”, referindo-se a Bolsonaro.
CPI do MEC
Também membro da Comissão de Educação, o deputado Rogério Correia (PT-MG) disse que existe um pedido dele para criação de uma CPI para investigar o escândalo. “Apresentei pedido para instalação da CPI da corrupção no MEC e bolsonaristas boicotam. Querem CPI para destruir a Petrobras”, afirmou.
A proposta de CPI tem como finalidade investigar o escândalo da intermediação de verbas orçamentárias do ministério para prefeituras, feitas mediante suborno pedido pelos pastores Gilmar dos Santos e Arilton Moura. Na justificativa da CPI, o parlamentar lembra ainda que os dois pastores tinham livre trânsito no Ministério da Educação e no Palácio do Planalto.
Também se manifestaram sobre a prisão do ex-ministro da Educação de Bolsonaro os deputados petistas Paulo Pimenta (RS), José Guimarães (CE), Erika Kokay (DF), Leo de Brito (AC), Maria do Rosário (RS), Bohn Gass (RS), Carlos Veras (PE), Arlindo Chinaglia (SP), Enio Verri (PR), Valmir Assunção (BA), Rubens Junior (MA), Alexandre Padilha (SP), Rubens Otoni (GO), Merlong Solano (PI), Jorge Solla (BA), Odair Cunha (MG), Nilto Tatto (SP), José Airton Cirilo (CE), Airton Faleiro (PA), Leonardo Monteiro (MG), Paulo Guedes (MG), Henrique Fontana (RS), Helder Salomão (ES), Vicentinho (SP), Zé Neto (BA), José Ricardo (AM), Josias Gomes (BA), Beto Faro (PA), Carlos Zarattini (PT-SP), Paulo Teixeira (SP), Paulão (AL), Marcon (RS) e Rui Falcão (SP).
Héber Carvalho