Grande “feito” da equipe do ministro-banqueiro da Economia, Paulo Guedes, a carestia continua alcançando marcas recordes e afanando o poder de compra de trabalhadores e trabalhadoras. A “prévia” da inflação oficial de julho, divulgada nesta sexta-feira (23) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por exemplo, é a mais alta para o mês desde 2004, quando o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) foi de 0,93%.
Em julho deste ano, o índice variou 0,72%, somando 4,88% no ano e 8,59% em 12 meses, acima dos 8,13% observados no período anterior. Em julho de 2020, a variação foi de 0,30%. Desde março o indicador extrapola o teto da meta do ano estabelecida pelo desgoverno Bolsonaro para a inflação de 2021 (5,25%), e duas das 16 regiões pesquisadas – Fortaleza (10,55%) e Curitiba (10,32%) – já superam a casa dos dois dígitos em 12 meses.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete tiveram alta de preços em julho. O maior impacto (0,33 ponto percentual) e a maior variação (2,14%) vieram de Habitação. A segunda maior contribuição veio de Transportes (1,07% e 0,22 p.p.). Na sequência, veio Alimentação e bebidas (0,49%), cujo resultado ficou acima do IPCA-15 de junho (0,41%) e contribuiu com 0,10 p.p. no índice do mês.
O resultado do grupo Habitação (2,14%) foi influenciado pela alta da energia elétrica (4,79%), que acelerou frente a junho (3,85%) e exerceu o maior impacto (0,21 p.p.) no IPCA-15 de julho. A bandeira tarifária vermelha patamar 2 vigora desde junho, e a partir de 1º de julho houve reajuste de 52% no valor adicional da bandeira, que passou a cobrar R$9,492 a cada 100 kWh consumidos. Antes, o acréscimo era de R$6,243.
Ainda em Habitação, os preços do gás de botijão (3,89%) e do gás encanado (2,79%) também subiram. No grupo dos Transportes (1,07%), a principal contribuição veio das passagens aéreas (35,64% e 0,11 p.p.). A gasolina subiu 0,50% em julho e acumula alta de 40,32% em 12 meses.
Em Alimentação e bebidas (0,49%), alimentação no domicílio passou de 0,15% em junho para 0,47% em julho. Contribuíram para essa aceleração as altas do leite longa vida (4,09%), do frango em pedaços (3,09%), das carnes (1,74%) e do pão francês (1,81%).
Já a pesquisa Sondagem Industrial, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), aponta que os efeitos da pandemia do coronavírus têm impactado a oferta de insumos para o setor. O problema é mencionado por 68,3% das indústrias pesquisadas. Em seguida, a elevada carga tributária (34,9%) e a taxa de câmbio (23,2%) estão entre os principais entraves enfrentados pelo setor no país.
A Sondagem Industrial também mostra aumento nos preços das matérias-primas, mesmo que em um ritmo mais lento. O índice caiu no trimestre, mas permanece acima da linha de 50 pontos e está entre os maiores da série, com 74,1 pontos. Indicadores abaixo de 50 pontos mostram preços abaixo do planejado. Acima desse valor, estão acima do previsto.
Inflação alta puxa a taxa de juros
Na segunda-feira (19), os analistas do mercado financeiro haviam recalculado a inflação pela décima-quinta semana consecutiva. O Boletim Focus divulgado pelo Banco Central toda segunda-feira já prevê o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial, em 6,31% no fim do ano, contra a previsão de 6,11% da semana passada.
A perspectiva do mercado financeiro é mais alta que a do Ministério da Economia. Na semana passada, o órgão estimou que o IPCA encerre o ano em 5,9%, admitindo pela primeira vez que a inflação deve estourar o teto estipulado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 3,75%, com margem de tolerância até 5,25%. Em junho, o IPCA acumulou alta de 3,77% no ano e de 8,35% em 12 meses. O índice de julho será divulgado em 12 de agosto.
A inflação está mais acelerada do que a estimativa do próprio mercado, que há um mês previa o índice de 5,9%, estimativa atual da equipe econômica. O Banco Central afirmou em 24 de junho que a chance de o IPCA superar o teto da meta de 5,25% para este ano passou de 41% para 74%.
A pressão da inflação, segundo os economistas e agentes financeiros consultados, deve resultar em uma taxa de juros mais alta, a 6,75% no ano. Na semana passada, a mediana indicava a Selic a 6,63%. Hoje, a taxa Selic está em 4,25% ao ano.
Na última reunião do Comitê de Política Monetário (Copom), em 16 de junho, a taxa subiu 0,75 ponto percentual, encarecendo o crédito e fazendo girar a ciranda financeira, que determina as decisões do Executivo desde a “ponte para o futuro” do usurpador Michel Temer.
A expectativa do mercado financeiro é de que a Selic encerre 2021 em 6,75% ao ano. Para o fim de 2022, a estimativa é que a taxa básica suba para 7% ao ano. E tanto para 2023 como para 2024, a previsão é 6,50% ao ano.
Da Agência PT de Notícias