Em sua coluna no jornal O Tempo, o deputado Reginaldo Lopes defende políticas públicas de formação e qualificação para os jovens
Nos últimos dias, estou percorrendo as estradas de Minas Gerais para visitar todas as suas regiões. Esta é a atividade que mais exerço na minha vida política, pois não existe melhor forma de compreender os problemas e as reivindicações do povo. Apesar da diversidade do nosso Estado, ultimamente uma questão é recorrente: a falta de oportunidades para a juventude. A crise econômica, agravada pela pandemia e a ausência de políticas públicas para atender os jovens, deixou uma geração sem formação e renda.
Esta percepção pode ser comprovada por recentes pesquisas com milhares de brasileiros entre 15 e 29 anos, realizadas pela Fundação Getulio Vargas. Elas revelam que nunca foi tão alta a proporção dos que não trabalham nem estudam no país. Chamados de “nem-nem”, eles representam 27,1% da juventude. A triste realidade faz com que a metade dos jovens sonhe em deixar o país, segundo o levantamento. Na comparação com outros países da América Latina, é no Brasil onde os jovens veem menos chances de progredir trabalhando.
O mais grave é saber que o desalento tomou conta justamente no auge do chamado bônus demográfico, quando alcançamos o ápice da população jovem, com cerca de 50 milhões de brasileiros nesta fase etária. Se nada for feito, vamos desperdiçar a oportunidade de acelerar o crescimento e condenar ao ostracismo uma parcela da população.
O melhor caminho é oferecer políticas públicas para garantir a qualificação profissional dos jovens. Iniciar um processo de valorização de políticas de educação como estratégia para o desenvolvimento econômico. Juntar todas as forças políticas e sociais para criar um “Pacto Decenal pela Juventude Brasileira”. Ele deve ter como meta atender anualmente 2 milhões de alunos em vagas de ensino médio integral e profissionalizante, tecnólogo e superior, ofertando bolsas de estudo com programas de permanência e assistência estudantil como o Sisu, Fies, Prouni e Pnaes.
Promover a inclusão digital e novos conteúdos educacionais, ofertando aos jovens estudo, pesquisa e extensão, em sintonia com as demandas do novo mercado de trabalho. Enfrentar o desafio de acelerar a nossa entrada na Indústria 4.0, sustentável e digital, no campo e na cidade, com uma com cursos específicos adaptados para cada região e seus arranjos produtivos locais.
O Brasil precisa retomar os programas que garantiram a interiorização e ampliação da oferta de educação técnica, científica e profissional implementados nos governos Lula. Apesar dos ataques recentes e os cortes de verbas da educação, a experiência ainda sobrevive. Foi o que comprovei em uma recente visita à cidade de São Sebastião do Paraíso, onde instalou-se um campus da Universidade Federal de Lavras.
Ali serão oferecidas oportunidades para jovens nas áreas de tecnologia e inovação, com vagas para engenharia elétrica, engenharia de produção, engenharia de software, bacharelado interdisciplinar em Ciência, Tecnologia e Inovação e mestrado profissional em Tecnologias para a Agroindústria. Esta experiência mostra qual o papel do Estado na construção de oportunidades.
Garantir a oferta e permanência nos estudos é a possibilidade de transformação de vida para milhões de jovens, que atualmente estão sem nenhuma perspectiva. Investir neles é acreditar no Brasil, no crescimento e no desenvolvimento sustentável.
Reginaldo Lopes, é deputado federal (MG)