O frio que tomou conta do Sul e de parte do Sudeste do País, por conta de uma massa polar que fez despencar as temperaturas nessas regiões, coloca em risco segmentos mais vulneráveis economicamente do País, especialmente a população em situação de rua. Parlamentares da Bancada do PT na Câmara apontam que a redução do auxílio emergencial de R$ 600,00 para R$ 250,00 (média), além do aumento do desemprego e da informalidade, tem contribuído para que a população mais vulnerável do País não consiga se proteger do frio.
O líder da Bancada do PT na Câmara, deputado Elvino Bohn Gass (RS), ressaltou que o atual problema com as baixas temperaturas é agravado com o aumento da fome e da miséria no País. Segundo ele, a retomada do auxílio emergencial de R$ 600,00 é um bom caminho para dar mais dignidade e condições dos vulneráveis enfrentarem as variações climáticas.
“Bolsonaro já havia colocado o Brasil no Mapa da Fome, mas com a redução das políticas sociais, nessa época de frio recorde, a situação só piorou. É urgente a retomada do auxílio emergencial de R$ 600, 00 no lugar desse benefício pífio que pode chegar a R$ 150,00 (R$ 250,00 em média). Com o governo Bolsonaro, o povo pobre do País passa fome e frio”, lamentou o petista.
Tragédia social
Segundo reportagem do site do PT Nacional, em Curitiba, onde a população em situação de rua é estimada em 4.500 pessoas, os termômetros registraram 1,9°C e sensação térmica de -1°C. No Rio Grande do Sul, nevou em 18 municípios do estado.
Para o deputado Enio Verri (PT-PR), a onda de frio apenas expõe a tragédia social que acomete o País sob o comando do desgoverno Bolsonaro. Segundo ele, além do aumento do auxílio emergencial é preciso fortalecer também as políticas públicas de inclusão social.
“É uma tragédia social o que acontece no Brasil. É certo que não podemos controlar a queda da temperatura, fruto da ação do homem sobre o meio ambiente, mas poderíamos enfrentar essa realidade se tivéssemos políticas públicas adequadas. Infelizmente não combatemos nem a Covid-19, o desemprego e miséria. Por isso, precisamos de um auxílio emergencial maior e de políticas sociais mais efetivas, inclusive para dar condições às pessoas de saírem das ruas, se elas quiserem”, disse.
Omissão do governo Bolsonaro
Segundo o ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome no governo Lula, deputado Patrus Ananias (PT-MG), o aumento da fome e da miséria no País, que faz crescer o número de pessoas em situação de rua, não é obra do acaso.
“Isso não é uma coisa gratuita. Não é o destino. É decorrência direta da ação e omissão deste desgoverno. Um governo de morte, a serviço dos interesses econômicos, e que, por conta disso, está promovendo um desmonte geral na Assistência Social, na Segurança Alimentar, na Educação, na Saúde. E as pessoas em situação de rua, as mais fragilizadas, as que mais precisam do suporte do Estado, são as primeiras a sofrerem com essa postura perversa”, observou.
O parlamentar disse ainda que, “além da necessária mobilização da sociedade para suprir as necessidades urgentes desta população nos próximos dias – com a doação de agasalhos, cobertores, comida, abrigo -, temos que deixar claro para a sociedade que assistência social é um direito do cidadão e um dever do Estado, que está sendo constantemente violado por este governo”.
Deputado Alexandre Padilha. Foto: Gustavo Bezerra/Arquivo
O deputado Alexandre Padilha (PT-SP) também culpou Bolsonaro pelo desmantelamento das políticas de proteção social. “Diante do abandono do governo Bolsonaro, a população mais pobre e, principalmente pessoas em situação de rua, contingente que cresceu muito nos últimos anos, têm sofrido com o frio intenso em diversas cidades brasileiras. No Brasil do genocida o povo morre de fome, frio, Covid etc. – e a culpa é do Bolsonaro”, afirmou.
Exemplos de Solidariedade
Segundo reportagem da redação do site do PT Nacional, diversas cidades atingidas pelo frio intenso, vereadores e prefeitos do Partido dos Trabalhadores têm atuado para socorrer as pessoas expostas nas ruas. Ongs, sindicatos e lideranças sociais, como o Padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua de São Paulo, também trabalham cotidianamente. Nas últimas noites, por exemplo, o padre Júlio tem acolhido pessoas em situação de rua dentro de sua Paróquia. Além de colchonetes para dormir, os atendidos recebem agasalho, comida e cobertores.
O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC está promovendo a campanha “Aqueça companheir@s”. A ação tem arrecadado agasalhos e cobertores para a população em situação de rua na região metropolitana de São Paulo.
No Sul do País, a prefeitura de São Leopoldo (RS), governada pelo petista Ary Vanazzi, ampliou vagas nos serviços de atendimento e pede apoio da sociedade civil para somar solidariedade para vencerem o frio, que também é rigoroso na região. Segundo Vanazzi, na primeira noite de abordagem social – na última quarta-feira (28) – equipes da prefeitura encaminharam 45 pessoas em situação de rua para abrigos com camas e comida quente.
Héber Carvalho