Como não consegue governar e sua agenda política tem sido participar de passeios de motos com dinheiro público, Bolsonaro quer manter sua campanha eleitoral à custa da pobreza, do desemprego e da fome do país. O presidente sempre criticou os programas sociais e as políticas de inclusão e de combate à desigualdade social, implementados pelos governos Lula e Dilma Rousseff. Programas que sempre foram uma marca nossa, de transformá-los em políticas permanentes de Estado e mudar o país.
Turbinar o Bolsa Família com motivos eleitoreiros, como declarou Guedes, é mesquinho. E a história de vida do povo brasileiro mostra que o governo ainda tem muito que aprender sobre promover dignidade a pessoa humana e distribuição de renda.
Desde quando lançamos o Bolsa Família, o planejamento era combiná-lo a outras políticas sociais essenciais, como a valorização do salário mínimo, Minha casa Minha Vida, PROUNI, Luz para Todos, Mais Médicos, Pronatec e tantas outras. Um plano de governo não pensa na população no ano de eleição, mas como uma forma de ampliar acesso dos cidadãos à saúde, educação, moradia e oportunidades de crescer economicamente em sua vida.
Ainda em janeiro de 2004, a Lei 10.835, proposta por Eduardo Suplicy e sancionada por Lula, instituiu a renda básica de cidadania. A lei prevê que todos os brasileiros e estrangeiros residentes há pelo menos cinco anos no país devem receber um benefício suficiente para cobrir despesas mínimas com alimentação, educação e saúde.
E tanto o Bolsa Família, quanto outros programas voltados para transferência de renda ou melhoria na qualidade de vida da população mais pobre são passos necessários para alcançar essa renda básica.
Com a expansão do Bolsa Família, 11 milhões de famílias estavam sendo atendidas em 2006. Atualmente, 14 milhões de famílias recebem o benefício, metade delas no Nordeste. Onde o atual presidente quer aumentar sua votação.
Em um período de crise sanitária e econômica, o governo pouco se preocupou com as pessoas que perderam o emprego, a renda e se encontram em situação de extrema pobreza e fome. Existem, hoje, mais de 400 mil famílias na fila de espera do programa Bolsa Família e que também não receberam o auxílio emergencial do governo. Sem contar que 1,2 milhão de famílias cadastradas estão na fila de espera para receberem o benefício do programa social.
É impensável comparar as políticas que ajudamos a criar e fortalecer, que foram responsáveis por tirar mais de 36 milhões de pessoas da extrema pobreza e lutar pela sua erradicação e o que está sendo feito hoje.
A situação ficou ainda pior após os cortes no número de famílias amparadas e no valor do auxílio emergencial na pandemia. O governo e sua base reduziram de R$ 600, aprovado pelo Congresso, para R$ 150 a R$ 375. Colocando o Brasil de volta no mapa da fome.
Lembrando que, neste ano, o auxílio emergencial ficou quatro meses sem ser pago. E, após ser retomado, em abril, prevê uma despesa 90% menor que em 2020, atingindo metade do público original do benefício.
Por isso, precisamos romper novamente com a política eleitoreira, que não tem um projeto de país, por que não se preocupa com seu povo. Temos que voltar a ter um governo de verdade, que garanta a população o direito a moradia, educação, alimentação e saúde.
Ter de volta um Brasil que não atrele a criação de um novo programa com privatizações. Que não enxergue a pobreza como votos. Mas alie crescimento econômico, desenvolvimento sustentável, combate à desigualdade e inclusão social.
Enio Verri é deputado federal (PT-PR)
Artigo publicado originalmente no Brasil 247