“Não é possível termos um governo também na área econômica tão incapaz como esse que está aí. Um governo que é mais ortodoxo que o FMI e os banqueiros centrais.” A frase do economista Luiz Carlos Bresser-Pereira foi lida pelo deputado federal Henrique Fontana (PT-RS) durante sessão da Câmara, nessa quinta-feira (29), para ilustrar a gravidade da situação econômica do Brasil. O país vive hoje uma das recessões mais profundas da sua história, lamentou Fontana, causada não só pelos impactos da pandemia, mas pela política econômica do governo que é baseada no “fanatismo liberal”.
Enquanto países do mundo inteiro estão injetando recursos públicos para retomar a atividade econômica, fruto de um aumento responsável e necessário do endividamento, de emissão de moeda ou outras iniciativas, o que foi feito no Brasil?, questionou o vice-líder da Minoria. Fontana defendeu que a Câmara coloque em votação a medida provisória que pode restabelecer o valor do auxílio emergencial em R$ 600. “O auxílio emergencial, que no ano passado injetou R$ 320 bilhões na economia, foi cortado para R$ 44 bilhões. Cortaram sete vezes o auxílio. O drama social já seria motivo suficiente para aprovar o auxílio de R$ 600. Mas eu quero debater este valor com responsabilidade econômica para defender que ele é importante para a economia e para a vida dos brasileiros, e que o Brasil tem dinheiro para pagar”, afirmou o parlamentar.
Taxação das grandes fortunas
Fontana elogiou o terceiro pacote, anunciado essa semana, pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para injetar 1,8 trilhão de dólares de investimentos públicos, com foco na educação, para alavancar a economia norte-americana, com a aprovação de impostos maiores para a população mais rica.
“E aqui não tem pacote nenhum. Só pacote de cortes e mais cortes. O governo e parlamento seguem de braços cruzados e não colocam para votar o imposto sobre grandes fortunas ou a retomada do imposto de renda sobre lucros e dividendos, por exemplo”, cobrou.
Valorização do salário mínimo
A política econômica do governo Bolsonaro é absolutamente falida e está levando o País ao maior desastre econômico das últimas décadas. Henrique Fontana ressaltou a importância da retomada da política de valorização do salário mínimo, que garantia ganho real às famílias brasileiras. Hoje, o Brasil registra um reajuste do benefício de 5,26%, enquanto o preço da cesta básica subiu 33%. “Vejam o drama dessa política econômica! Quando a renda é cada vez menor, o PIB fica cada vez menor, pois dois terços do PIB de um país se calculam com base no poder de compra e na renda da população. É preciso reverter a política do arrocho do salário mínimo e retomar o auxílio emergencial de R$ 600 para que isso incentive a atividade econômica”, disse.
Vacinação em massa
Atualmente, 10 entre 10 economistas no mundo dizem que a grande solução para a economia nesta era de pandemia é a vacinação em massa. O Brasil, infelizmente, tem um governo que sempre boicotou a vacina e que agora enfrenta a escassez de doses e um ritmo extremamente lento na vacinação da população. Hoje, o país ocupa a posição 76 no ranking baseado nas doses aplicadas por 100 pessoas. E com apenas 2,7% da população mundial, concentra 9,7% de todos os infectados e 12,6% de todos os óbitos.
“E o que fez Bolsonaro?”, questionou Fontana. “De forma irresponsável e criminosa, agiu como um governo de caráter genocida”, denunciou, ao lembrar que o presidente contestou a vacina, recusou ofertas de laboratórios e até mandou cancelar a compra de 46 milhões de doses da coronavac em 2020. “Ele dizia que a vacina não funcionava e que não deveria ser feita. Que as pessoas poderiam virar jacaré se tomassem. E criou essa grande confusão na área sanitária com alto impacto na economia”, criticou.
Desafio do Brasil
Para Henrique Fontana, o grande desafio que o Brasil tem pela frente é mudar a política econômica e livrar-se do fanatismo liberal conduzido pelo ministro Paulo Guedes, que também está levando a uma explosão de preços de produtos básicos ao consumidor. O deputado defendeu a retomada de um programa robusto de investimentos públicos, como estão fazendo países como Alemanha, Inglaterra, França, Estados Unidos e Canadá, todos que estão conseguindo crescer mais que o Brasil nesse período, e um processo efetivo de vacinação em massa com a maior rapidez possível. “Mas, infelizmente, com Bolsonaro na Presidência, não vejo bons tempos para o nosso país”, lamentou.
Assessoria de Comunicação