A deputada federal Erika Kokay (PT-DF) afirmou nesta terça-feira (24) que a política econômica ultraliberal e recessiva desenvolvida pelo governo Bolsonaro – de subordinação aos interesses do capital especulativo e rentista – aliado a falta de um projeto nacional de desenvolvimento, não dá esperança alguma ao País de superar os trágicos índices que apontam a queda histórica da ocupação no mercado de trabalho do País. Segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo, baseado em estudo da consultoria IDados, com a pandemia da Covid-19 o nível de ocupação no Brasil chegou a 46,8%, o menor patamar em 28 anos.
“Esse governo nunca teve um projeto de desenvolvimento econômico para o País, de estímulo à produção e geração de empregos para fazer o Brasil crescer. No entanto, todas as medidas desse governo são voltadas para beneficiar os rentistas, aqueles que vivem do lucro especulativo e que, por isso mesmo, não ajudam a criar investimentos em infraestrutura, por exemplo, simplesmente porque esses não precisam escoar produção alguma”, apontou Kokay.
A parlamentar observou ainda que o cenário se torna mais complicado com a falta de investimentos externos no País, causada pelo descrédito em relação ao governo Bolsonaro, e pela ausência de investimentos públicos, por conta do teto de gastos (EC 95). “E junta-se a tudo isso uma inflação crescente que afeta principalmente os alimentos, prejudicando os mais pobres e ocasionando o aumento da desigualdade social e da miséria em nosso País”, lamentou.
Sobre a situação atual, Erika disse que a pandemia apenas agravou um quadro de dificuldades que já existia no mercado de trabalho no País. “Antes mesmo da pandemia já tínhamos uma situação de extrema precariedade do emprego no Brasil. A pandemia apenas desnudou essa realidade que pudemos constatar de fato com o auxílio emergencial, quando mais de 60 milhões de pessoas sem emprego ou com trabalho precarizado requisitaram esse benefício”, observou Kokay.
A parlamentar relembrou que antes mesmo da pandemia chegar ao País o índice de desemprego e de pessoas na informalidade e no subemprego já era muito alto. “E tudo isso após um crescimento econômico pífio que no ano passado foi de apenas 1,1% do PIB, desmentindo os defensores das famigeradas reformas Trabalhista e Previdenciária, que haviam prometido a recuperação da economia após a aprovação das mudanças na legislação”, criticou.
Índice de desocupação no Brasil
Segundo reportagem da Folha de S. Paulo o índice de desocupação no País (de 46,8%) é o pior desde 1992, quando tem início a série histórica organizada pela IDados. A consultoria traçou uma linha do tempo retroagindo dados da atual Pnad Contínua, da antiga Pnad e também da extinta Pesquisa Mensal de Emprego, todas do IBGE.
Dados recentes da Pnad apontam que em um ano, no trimestre encerrado em agosto, apontou perda de 12 milhões de postos de trabalho. Com a queda nos empregos, o nível de ocupação ficou em 46,8%. Ou seja, hoje, de cada 100 brasileiros em idade de trabalhar (14 anos ou mais, pela metodologia do IBGE), apenas 47 estão trabalhando.
Segundo a pesquisadora do IBGE, Adriana Beringuy, essa é a primeira vez na história que o nível de ocupação fica baixo dos 50%. Segundo ela, a redução foi puxada principalmente pelos trabalhadores informais, que eram 5,8 milhões dos 7,8 milhões que perderam o emprego no trimestre encerrados em maio. Na análise por gênero, cor ou raça, foi possível contatar que as mulheres, pessoas pretas ou pardas forma proporcionalmente as mais afetadas.
Héber Carvalho com Folha de S. Paulo