Parlamentares Juliana Cardoso e Alfredinho cobram explicações urgentes do governador e do secretário de Segurança de SP.
A letalidade da polícia de São Paulo foi repudiada na tribuna da Câmara pela deputada Juliana Cardoso (PT-SP) e pelo deputado Alfredinho (PT-SP). “Quero expressar o meu repúdio, a minha indignação por essa escalada da violência policial que tem acontecido no estado de São Paulo”, afirmou Juliana. Ela avaliou que a ironia e o menosprezo do governador do estado, Tarcísio de Freitas, e do secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, em relação à violência policial – que inclusive foi denunciada na ONU em março deste ano – é uma “espécie de licença para matar”.
Para Juliana, com esse tipo de postura, o governador e o seu secretário de Segurança estão, “na fala deles, dando licença para matar com truculência” as pessoas que são vítimas quando eles as encontram pela rua. “É horripilante a cena que nós acompanhamos nacionalmente de um homem sendo jogado pela ponte. Ele simplesmente foi jogado pela ponte como se nada houvesse ali, foi uma situação horrorosa! É uma monstruosidade tamanha, e parece que é um papel, que jogaram um lixo, mas é uma pessoa”, criticou.
Criança assassinada
A deputada citou ainda o caso do Ryan, de 4 anos de idade, morto por um tiro durante um confronto entre policiais e bandidos. O pai do menino foi assassinado, também por policiais neste ano. “Esses policiais já mataram 84 pessoas na região do Litoral. Portanto, nós temos que dialogar sobre esse formato que o Estado de São Paulo tem feito. Um jovem estudante de medicina, por exemplo, foi executado por policiais militares com 11 tiros pelas costas, quando corria do policial depois de furtar um sabão”, relatou.
Medo
O deputado Alfredinho revelou que nunca teve tanto medo da Polícia de São Paulo como tem atualmente. “Olha que eu sou deputado, mas tenho medo porque nunca havia visto a Polícia de São Paulo tão truculenta e violenta como estamos vendo hoje. Prova disso é que o índice de violência policial no meu estado, que aumentou 90%”, lamentou. Ele acrescentou que nesses últimos meses, a polícia paulista tem cometido erros de violência inadmissíveis.
“Eu cheguei a presenciar em alguns lugares a forma como foram feitas as abordagens em pessoas do bem, pessoas trabalhadoras. Isso, graças a um governador que passa o pano e a um secretário de Segurança Pública que incentiva a violência. Essa é a verdade”, criticou. Alfredinho lembrou que Guilherme Derrite foi expulso da Rota. “Imagine alguém que é expulso da Rota, que é considerada a polícia mais letal de São Paulo e do Brasil, como ele age como secretário?”, indagou.
Alfredinho cobra explicações de Freitas e Derrite. “O governador tem que dar explicação. E o secretário tem que dar explicação, se não inclusive entregar o cargo, porque o secretário de Segurança não pode estar preparado para incentivar a violência policial”, observou.
“Pena de morte”
E a deputada Juliana defende que os maus policiais sejam responsabilizados de modo justo. “A pena de morte não pode seguir sendo aplicada dessa forma tanto pelo governador Tarcísio quanto pelo seu secretário de Segurança. A polícia existe para proteger a sociedade, não para atacar as pessoas, não para matá-las” afirmou.
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Vânia Rodrigues