O vergonhoso e mentiroso discurso do presidente Bolsonaro na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, nesta terça-feira (24), dominou a maior parte dos debates desta terça-feira (24), nas sessões da Câmara e do Congresso Nacional. “O planeta inteiro ficou sabendo quem é e o que pensa o sujeito que ocupa a Presidência do Brasil. E o mundo inteiro ficou sabendo que Bolsonaro é um mentiroso!”, afirmou o deputado Bohn Gass (PT-RS), ao acrescentar que Bolsonaro não é um mentiroso comum. “Ele é alguém capaz de usar a tribuna mais nobre do maior encontro das nações mundiais para proferir uma inverdade atrás da outra, sem medida, sem vergonha, sem compromisso”, criticou.
Segundo Bohn Gass, agora o planeta sabe que o Brasil é governado por um líder, cuja principal característica é a pequenez, “intoxicada por preconceitos ideológicos”. “Agora as Nações Unidas sabem que um mentecapto governa o Brasil. E agora a mídia internacional confirma que Jair Messias Bolsonaro é o pior presidente do mundo”.
Para o deputado do PT gaúcho, foi sem dúvida um discurso histórico. “Nunca antes na história da ONU um líder demonstrou tanta paranoia, fez tantos ataques e tantas ofensas e desrespeitou tanta gente, tantos líderes e tantas nações. Bolsonaro fez um discurso encharcado de fake news, de preconceito e de ódio. Foi lamentável, foi horrível, foi vergonhoso!”, concluiu.
Na mesma linha, o deputado Zeca Dirceu (PT-PR) reforçou que foi uma “fala ridícula e lamentável, um discurso de ódio, de insulto e de agressão”. Ele desafiou, da tribuna, qualquer um que tenha acompanhado o discurso a mostrar um ponto que tenha contribuído com qualquer tipo de perspectiva de mudança e de avanço no Brasil. “Bolsonaro não sabe qual é o seu papel. Das eleições para cá, já se passou quase um ano, e ele ainda não compreendeu que a sua função é adotar medidas que melhorem a vida do povo, que gerem prosperidade, desenvolvimento, que proporcionem avanços no Brasil”, lamentou Zeca Dirceu.
Submissão infantil
Na avaliação do deputado Henrique Fontana (PT-RS) foi um discurso que mais poderia ser definido como uma peça de campanha eleitoral ou uma peça dentro daquilo que é o script político com o qual o presidente está desgovernando o Brasil. “Primeiro, salta aos olhos a submissão ao governo Trump e aos Estados Unidos. E o interessante, o irônico desta submissão infantil, é que, ao mesmo tempo em que os Estados Unidos critica o protecionismo chinês, está em guerra comercial com a China, o presidente brasileiro, ao invés de defender os interesses comerciais do Brasil, ele vai lá fazer a propaganda de que ele vai abrir o mercado brasileiro de todas as áreas para que o Brasil seja recolonizado”, criticou.
Henrique Fontana disse ainda que Bolsonaro se pauta pela ideia do que ele define ser o marxismo cultural. “O marxismo cultural é algo que ele inventou para dividir o Brasil. E ele fala como especialista para aqueles 12%, 13%, 15% dos seus mais fanáticos seguidores. A estes, ele diz: ‘o importante é derrotar a esquerda, é destruir a esquerda’. Mas, quero dizer, desta tribuna, que o mundo precisa de mais esquerda, de mais ideia de solidariedade, de mais ideias que protejam as nações desse ataque brutal que a financeirização da economia está gerando sobre as nações do mundo inteiro, com o aumento do desemprego e desigualdade social”, afirmou.
Fontana enfatizou que o governo Bolsonaro gera um prejuízo enorme ao propor conflitos com diversas nações que são parceiras econômicas importantes e estratégicas do nosso País, como a Alemanha, a França e os países árabes. “Enfim, o Brasil vai de mal a pior com Bolsonaro na presidência E, hoje, foi mais um dia de vergonha nacional”, lamentou.
O deputado Leonardo Monteiro (PT-MG) considerou que o discurso de Bolsonaro foi rancoroso e provocador. “Ele provocou as nações indígenas do nosso País, provocou vários países, ou seja, uma provocação internacional, que pode ter consequências dramáticas, do ponto de vista das relações internacionais, para o nosso País”, alertou.
Mini Trump
Na avaliação do deputado Valmir Assunção (PT-BA), o discurso de Bolsonaro deixou o povo brasileiro envergonhado. “O mini Trump, como podemos caracterizar Bolsonaro, ou seja, um presidente menor ainda do que o Trump, nos Estados Unidos — e Trump já é algo muito pequeno —, foi uma vergonha”, lamentou. Indignado, Assunção contestou a afirmação de Bolsonaro de que o seu governo tem compromisso com o meio ambiente. “Compromisso com o meio ambiente com a liberação de 350 tipos de agrotóxicos neste ano? Compromisso com o meio ambiente quando deixa a Amazônia queimar? E ele ainda culpa a imprensa internacional”, protestou.
Valmir Assunção disse ainda que Bolsonaro não sabe distinguir o que é socialismo, o que é democracia e o que é capitalismo. “Ele participou da ONU para falar para os robôs que o levaram à Presidência da República quando deveria ter falado para os líderes mundiais, a fim de elevar a importância do Brasil nas potências mundiais. Sai de lá sendo uma chacota mundial. Isso é uma vergonha”, lamentou. O deputado finalizou sinalizando que chegará uma hora que será preciso aprovar uma lei para proibir o “mini Trump” de viajar o mundo para representar o Brasil, “porque ele não representa o povo brasileiro, não representa a ansiedade do nosso povo, não representa a dimensão deste País”.
O deputado Marcon (PT-RS) também chamou Bolsonaro de mini Trump e disse que esperava que, na ONU, o presidente fosse representar os brasileiros e dizer para o mundo inteiro que ia persistir na recuperação da Amazônia; que ia parar de incentivar queimada na Amazônia; que ia respeitar os povos indígenas, os sem-terra, os negros, as minorias. “Mas, infelizmente ele discursou para o Trump e brigou com todo o mundo. Foi 7 a 0 contra o Brasil”, lamentou.
A deputada Maria do Rosário (PT-RS) e os deputados Padre João (PT-MG), José Guimarães (PT-CE), Alencar Santana Braga (PT-SP), Jorge Solla (PT-BA) e Célio Moura (PT-TO) também criticaram o discurso do presidente Bolsonaro.
Vânia Rodrigues