Pimenta: “Escravidão é a maior chaga da história da humanidade”

O líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), qualificou nesta terça-feira (14) a elite brasileira como “escravocrata e perversa” por não ter aceito até hoje o fim da escravidão no País. A fala do líder foi feita em sessão solene em homenagem aos 131 anos da assinatura da Lei Áurea, que deu formalmente fim à escravidão no Brasil em 1888. Para Pimenta, a sessão foi uma “tentativa de se reescrever, de maneira grave”, a própria história do Brasil, o último país a abolir formalmente a escravidão, “a maior chaga da história da humanidade”.

Pimenta rebateu, indiretamente, discurso de um dos autores da convocação da sessão solene, o deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP), para quem a “escravidão é tão antiga quanto a humanidade” e, por esse motivo, “é quase um aspecto da natureza humana”. O parlamentar governista, um dos herdeiros da Casa Imperial, foi vaiado e interrompido por gritos de “luta, resistência e sobrevivência” por integrantes do movimento negro que estavam no plenário.

Desculpas históricas

Segundo Pimenta, enquanto a elite brasileira ainda age como se a escravidão não tivesse acabado, diferentes papas já pediram desculpas pela omissão da Igreja diante da escravidão de indígenas e povos africanos dos séculos XVI a XIX.  “A nobreza da Espanha e de Portugal acabou com o conceito de escravidão como pena de guerra e instituiu a escravidão étnica no século XVI nas Américas, primeiro com os indígenas, depois com os africanos”, disse o líder.

Ele lembrou que até recentemente, em várias cidades do Brasil, negros não podiam entrar em certos clubes e instituições sociais. Quando estudante, nos anos 80, Pimenta presenciou estudantes negros impedidos de participar de competições culturais, no interior do Rio Grande do Sul, só pelo fato de serem afrodescendentes.

Semiescravidão

O líder do PT recordou que o sistema de semiescravidão acabou justamente com os governos Lula e Dilma, com a regulamentação do emprego de doméstica – um avanço histórico ainda não assimilado por membros das oligarquias brasileiras, acostumados a tratar as domésticas sem nenhum direito trabalhista.

Segundo o líder, o 13 de Maio, ao contrário do que querem fazer acreditar as oligarquias do País, é uma data para que os negros e negras ampliem a mobilização em defesa de seus direitos e de participação na sociedade em pé de igualdade com as outras etnias.

Pimenta alertou que os jovens negros são hoje vítimas de um “genocídio de classe”. “O caminho é o da luta, organização e mobilização”, observou Pimenta, citando líderes do movimento negro como Zumbi dos Palmares, Dandara dos Palmares e a vereadora Marielle Franco, assassinada no ano passado por milícias do Rio de Janeiro.

Assista ao discurso do líder:

 

 

 

PT na Câmara

 

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