Lula está preocupado com a destruição que Bolsonaro provoca no País, afirmam Pimenta e Gleisi

A luta contra a Reforma da Previdência e pela liberdade de Lula é fundamental para evitar a destruição de todo o legado da Constituição e dos 13 anos de governos do PT. Essa é a mensagem da presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), e do líder da Bancada do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS), depois da visita ao ex-presidente Lula, nesta quinta-feira (28), em Curitiba.

Gleisi Hoffmann explicou que Lula tem muita clareza política do papel dele e dos militantes do PT e dos movimentos sociais na defesa do Brasil. “Ele tem uma visão clara de que o País está sendo destruído. Tudo aquilo que nós construímos da Constituição para cá, especialmente tudo que foi feito nos 13 anos de governo progressista e popular está sendo desconstruído”, afirmou.

Sobre a Reforma da Previdência, Gleisi disse que a proposta apresentada pelo governo Bolsonaro penaliza a população mais pobre; reduz o piso do salário mínimo, que foi uma conquista constitucional e que teve valoração real nos governos do PT; aumenta a idade e o tempo de contribuição; e retira aposentadoria especial para professores. “Ou seja, é a destruição dos direitos do povo, que nós construímos nos últimos 30 anos, e principalmente esses direitos que foram ampliados nos governos progressistas e populares que nós tivemos no Brasil”, reforçou.

A presidenta do PT acrescentou ainda que não é só isso. “O próprio Lula alertou que eles [o novo governo] não estão só acabando com os direitos do povo, estão acabando com a soberania nacional, estão entregando o nosso petróleo, as nossas riquezas, estão destruindo o nosso patrimônio e estão desprezando o nosso território”, contou.

Paulo Pimenta reforçou que Lula consegue ver com muita clareza toda essa destruição e qual foi o motivo pelo qual ele é um preso político. “Eles queriam o poder para acabar com a nossa soberania, para entregar o pré-sal, abrir a Amazônia – veja o papel do Brasil nessa história da Venezuela -, e agora ainda tem essa proposta de destruição da Previdência Pública”, criticou.

O líder defendeu a mobilização e a resistência e disse que as pessoas precisam entender e se dar conta de que nunca mais vão se aposentar, que a pensionista vai ter que escolher entre receber a aposentadoria ou a pensão quando o seu marido falecer, que o Benefício de Prestação Continuada (BPC) vai cair de um salário mínimo para R$ 400. “E o governo não mexeu em privilégio, manteve os altos salários. Essa proposta é cruel com os mais pobres e covarde com os mais ricos”, acusou Pimenta.

Foto: Eduardo Matysiak

Vergonha para o povo brasileiro

Pimenta e Gleisi enfatizam que a luta é necessária para que essa reforma não seja aprovada. “Nós queremos um País soberano, nós não podemos ter um Brasil envergonhado no mundo, mas de fato o que está acontecendo é uma vergonha para o povo brasileiro”, afirmou a presidenta do PT.

Eles ainda criticaram a política externa do governo Bolsonaro, de alinhamento automático com os Estados Unidos, inclusive abrindo mão das relações comerciais que beneficiavam o Brasil. Pimenta e Gleisi enfatizam que a relação internacional que o País está adotando hoje coloca em risco a concretização de relações comerciais que foram abertas no governo Lula, entregando para os norte-americanos. “A China vai comprar soja, carne bovina e frango dos Estados Unidos. Vocês têm ideia do que isso significa em termos de recursos?”, questionou a presidenta do PT.

Gleisi e Pimenta já apresentaram requerimento para convocar os ministros Ernesto Araújo, do Itamaraty; Teresa Cristina, da Agricultura; e Paulo Guedes, da Economia, para explicarem em uma Comissão Geral, na Câmara, as medidas recentes adotadas pelo governo Bolsonaro que estão trazendo prejuízos aos produtores rurais.

Foto: Ricardo Stuckert

Acabaram com a indústria nacional

Gleisi citou ainda uma Portaria divulgada hoje pelo Ministério da Economia que tira o imposto de importação de 600 itens fabricados no Brasil. A medida, na avaliação da presidenta do PT, vai acabar com a indústria nacional. “Quem é que vai gerar emprego nesse Brasil?”.  Já foi assim também com o leite, quando tiraram da taxa antidumping para a União Europeia e Nova Zelândia. “Isso é de uma gravidade principalmente pelo alto índice de desemprego, que as pesquisas desta semana revelam que cresceu”, destacou.

“Tudo não ia melhorar se tirasse o PT, o Lula e a Dilma?, como explicar esses milhões de desempregados e o baixo crescimento da economia do País que chegou só a 1,1%?” , questionou Gleisi. E o mais grave, continuou a deputada, sem perspectiva de melhorar. “O País não vai crescer, não tem perspectiva de melhora. Não tem atividade econômica, não tem produção e, além disso ainda estão comprometendo as nossas relações comerciais com os outros países, criticou.

Para Gleisi e Pimenta, está tudo errado. E mais uma vez citaram frase de Lula, que disse a eles durante a visita que “tem gente que se elege para governar e tem gente que se elege para destruir”. “E essa gente que está aí se elegeu para destruir, eles querem governar para 30% e o resto que se vire com R$ 400, que é o que eles querem dar com essa Reforma da Previdência. Coma quando der, uma vez por dia está bom e de preferência que tenha uma mão de obra baratinha para eles explorar”, afirmou Gleisi.

Paulo Pimenta reforçou a necessidade de mobilização e resistência. “Nós não podemos aceitar isso. Nós temos que lutar e ser resistência contra a Reforma da Previdência e pela liberdade de Lula”. E Gleisi completou: “Por isso, a importância de a gente lutar por Lula, porque o ex-presidente significa um tempo de prosperidade para o povo, como nós nunca tivemos em 500 anos de história, onde o povo foi a centralidade de política pública, foi sujeito de direito. Ele não está preso por outro motivo. Lula está preso porque mexe com coração do povo”, enfatizou.

 

Emoção

Um momento de forte emoção foi vivenciado pelos integrantes da Vigília Lula Livre, em Curitiba, quando Gleisi Hoffmann leu mensagem do ex-presidente Lula aos que sofreram ontem (27) a perda da companheira Lirani Franco, militante da Marcha Mundial das Mulheres, professora e integrante da direção da APP Sindicato.

Na carta, lida pela presidenta Gleisi, Lula escreve que gostaria de estar em liberdade, na vigília, especialmente para dar um abraço em todos que ontem sofreram com a perda de mais uma guerreira desta frente diária de batalha que rege nossa luta e resistência. “Em um tempo em que os professores e educadores têm papel decisivo na disputa por um País mais justo, a companheira Lirani fará muita falta. Que seu exemplo nos inspire sempre e que seu legado seja símbolo para nos mantermos unidos em torno de um Brasil com justiça social”, desejou Lula.

 

Veja o vídeo na íntegra da entrevista de Gleisi Hoffmann e Paulo Pimenta:

 

Vânia Rodrigues

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