O mercado financeiro reagiu negativamente à mudança na presidência da Petrobras, anunciada pelo governo Bolsonaro na última sexta-feira (19). A substituição de Roberto Castello Branco pelo general Joaquim Silva e Luna se deu em um contexto de aumento de preços dos combustíveis, e é interpretada como um passo decisivo para intervenção do Estado na gestão da empresa.
Por volta das 11h30 desta segunda-feira (22), a estatal havia perdido R$ 72 bilhões em valor de mercado em pouco mais de uma hora de pregão da Bolsa de Valores. A queda começou já na sexta-feira, quando as ações despencaram e o valor da estatal no mercado já havia encolhido mais de R$ 28 bilhões. A Petrobras é avaliada neste momento em R$ 282 bilhões. No fechamento da última quinta-feira (18), o valor de mercado da empresa era de R$ 382,9 bilhões.
Para os deputados da Bancada do PT na Câmara dos Deputados o desgoverno de Bolsonaro fez com que as ações da Petrobras despencassem. “Efeito Bolsonaro faz Petrobras despencar o valor de mercado”, afirmou o líder da Minoria na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE).
Já para o deputado Afonso Florence (PT-BA) o Brasil não aguenta mais Bolsonaro. “Barbeiragens de Bolsonaro derrubam ações da Petrobras. Novos crimes de responsabilidade contra o interesse, patrimônio e soberania nacional, e contra os interesses dos acionistas. O Brasil não aguenta Bolsonaro”.
O deputado Odair Cunha (PT-MG) escreveu, em suas redes sociais, que “Bolsonaro está quebrando a Petrobras, um dos nossos maiores patrimônios nacionais. O presidente segue forte no seu plano de destruir o Brasil. Absurdo”, protestou.
Política de Preço
“A política de preços da Petrobras favoreceu até agora quem tem ações na bolsa. Quem compra gás de cozinha e quem usa transportes públicos está pagando um alto preço nas tarifas. A Petrobras deve ter compromisso com o País e não deveria comprar plataformas no exterior”, apontou o deputado Paulo Teixeira (PT-SP).
Para o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) é preciso priorizar a capacidade de investimento da Petrobras. “A política de preços da Petrobras, vinculada à importação, foi adotada por Bolsonaro/Temer, quando o que deveria ser feito era abastecer os postos aos menores custos possíveis. É preciso priorizar o desenvolvimento da nossa economia e a capacidade de investimento da Petrobras”.
Política Neoliberal
Os três últimos presidentes da Petrobras eram considerados representantes do pensamento neoliberal, ou seja, atrelaram o preço do combustível às flutuações do dólar. O primeiro deles, Pedro Parente, nomeado por Michel Temer (MDB), renunciou ao cargo em meio à greve dos caminhoneiros, em 2018. Ivan Monteiro e Castello Branco, que o sucederam, também eram vistos com bons olhos pelo mercado financeiro e deram continuidade ao processo de privatização da empresa.
Bolsonaro prometeu, no último final de semana, fazer mais substituições em postos de comando do governo federal, apesar da repercussão negativa. “Se a imprensa está preocupada com a troca de ontem, semana que vem teremos mais”, sinalizou.
O nome do novo presidente da Petrobras precisa ser aprovado pelo Conselho de Administração. O mandato de Castello Branco se encerra no dia 20 de março. Silva e Luna era diretor-geral da Itaipu Binacional e já foi ministro da Defesa durante o governo do ex-presidente Michel Temer (MDB).
PT na Câmara com Brasil de Fato