Petrobras para os acionistas, sem intermediários

Deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) - Foto: Lula Marques

Em artigo publicado nesta terça-feira (5), no jornal o Tempo, o líder do PT na Câmara, deputado Reginaldo Lopes (MG), afirma que a indicação de dois lobistas – Adriano Pires e Rodolfo Landim – para a Petrobras aprofundou a crise. “Os dois lobistas têm tanta culpa no cartório que nem esperaram seus nomes serem apreciados pelo Comitê de Pessoas da Petrobras. Renunciaram antes mesmo de tomar posse. Na verdade, suspeita-se que o comitê já tinha pareceres contrários às nomeações e os dois evitaram o vexame de verem seus nomes recusados”.

O líder avalia ainda que, em pleno caos no setor de combustíveis, a anulação da posse dos dois lobistas para os cargos mais importantes da Petrobras “só não é uma boa notícia por sabermos que as próximas indicações serão feitas pelo presidente Bolsonaro, que já mostrou que em caso de substituições de auxiliares, sempre pode piorar”.

Leia a íntegra do artigo:

 Petrobras para os acionistas, sem intermediários

Como se não bastasse a política de preços dos combustíveis praticada pelo governo, que fez a gasolina chegar ao incrível patamar de R$ 8 por litro em diversos locais, nos últimos dias o presidente da República jogou a Petrobras em mais uma crise. Indicou os lobistas Adriano Pires e Rodolfo Landim para, respectivamente, os cargos de presidente da estatal e presidência do Conselho de Administração.

Mesmo antes de assumirem, pipocaram denúncias contra a dupla vindas de todos os lados. A Bancada do PT na Câmara dos Deputados fez sua parte e protocolou um documento no Ministério de Minas e Energia solicitando esclarecimentos sobre a atividade empresarial de Adriano Pires, já que ele se negava a informar para quais empresas presta serviço. Nosso requerimento indagou também se tem contas não declaradas no exterior e se ele, ou seus familiares, possuem ativos em empresas vinculadas às áreas de petróleo, energia e gás.

Os dois lobistas têm tanta culpa no cartório que nem esperaram seus nomes serem apreciados pelo Comitê de Pessoas da Petrobras. Renunciaram antes mesmo de tomar posse. Na verdade, suspeita-se que o comitê já tinha pareceres contrários às nomeações e os dois evitaram o vexame de verem seus nomes recusados.

Mais do que nomes, é fundamental compreender o movimento feito por Bolsonaro ao indicar dois lobistas para o comando da estatal mais importante do país. Foi a mais ousada aposta do presidente para acelerar o processo de desmonte e privatização da empresa. Adriano Pires é fundador da consultoria Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), que há mais de 20 anos trabalha para as principais multinacionais de Petróleo, Gás e Energia, como Chevron, Exxon Mobil e Shell.

Além do claro conflito de interesse entre suas atividades privadas e as atribuições inerentes ao presidente da Petrobras, Adriano Pires é um ardoroso defensor da política da dolarização dos preços dos combustíveis e da privatização da Petrobrás. Sua nomeação foi um movimento para literalmente colocar a raposa para cuidar do galinheiro. Não teria mais intermediários para representar os interesses dos acionistas privados. Sairiam os militares e entrariam os próprios funcionários dos investidores.

Agora, em plena crise de preços dos combustíveis, acentuada pela guerra da Rússia com a Ucrânia, a estatal do petróleo brasileira fica acéfala. O atual governo já mudou três vezes de presidente da Petrobras. Porém, a política implementada sempre foi a mesma e só aprofundada desde o golpe contra a presidenta Dilma em 2016, quando as tarifas passaram a ser baseadas no dólar através do Preço Paritário de Importação (PPI) e as subsidiárias vendidas para estrangeiros.

Desde que foi adotado o PPI, os combustíveis tiveram seus preços reajustados três vezes mais que a inflação. Tudo isso com o único objetivo de gerar ganho para a Petrobrás, que tem parte imediatamente repassado aos investidores estrangeiros. Só em 2021 os lucros alcançaram R$ 116 bilhões.

Em pleno caos no setor de combustíveis, a anulação da posse dos dois lobistas para os cargos mais importantes da Petrobras só não é uma boa notícia por sabermos que as próximas indicações serão feitas pelo presidente Bolsonaro, que já mostrou que em caso de substituições de auxiliares, sempre pode piorar.

 

Deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) é economista e líder do partido na Câmara dos Deputados

Artigo publicado originalmente no jornal O Tempo

 

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