Parlamentares da Bancada do PT na Câmara pedem, em representação assinada líder do partido, Reginaldo Lopes (MG), e pelos deputados Carlos Veras (PE); Paulo Teixeira (SP); Paulão (AL); e Rubens Otoni (GO), que o Ministério Público de Goiás investigue e acompanhe a ocorrência de uma possível Chacina em Cavalcante (GO), ocorrida no dia 20 de janeiro, que resultou na morte de quatro trabalhadores rurais. “Os fatos indicam, e o aprofundamento das investigações por esse órgão poderá comprovar, que ocorreu de fato uma execução, uma verdadeira chacina de homens indefesos, rendidos, contidos, por policiais militares, numa ação odiosa e inconcebível”, afirmam os petistas na representação.
Deputado Paulo Teixeira. Foto: Pablo Valadares/Arquivo CD
Líder Reginaldo Lopes. Foto: Gustavo BezerraOs deputados solicitam ainda ao Ministério Público do Estado de Goiás a instauração de um procedimento de investigação criminal – se ainda não o fez – para apurar os fatos e, ao final, se for o caso, promover as responsabilizações. “Nessa perspectiva deve-se dá atenção especial às perícias e exames cadavéricos realizados, de modo que se possa identificar, como parece ter ocorrido, disparos que indicam que as dezenas de tiros disparados tinham o objetivo de liquidar, de qualquer forma, os cidadãos ali reunidos, num julgamento sumário, sem quaisquer das garantias estatais, como deve ser num Estado Democrático de Direito”, afirmam.
Deputado Rubens Otoni. Foto: Lula Marques
Na representação endereçada ao procurador-Geral de Justiça do estado, Aylton Flávio Vechi, os deputados explicam que na manhã do último dia 20 de janeiro uma ocorrência policial de rotina resultou na morte brutal (com 58 tiros, sendo 40 de fuzis e 18 de pistola) de 4 quatro trabalhadores rurais, no município de Cavalcante, Goiás. Citam ainda que segundo apurou a imprensa, seis policiais militares, da PM goiana foram averiguar uma denúncia de “plantação de maconha”, numa chácara entre Colinas do Sul e Cavalcante, na região da Chapada dos Veadeiros, em GO.
Deputado Carlos Veras – Foto: Gustavo Bezerra
“De acordo com a versão dos policiais militares, ao se aproximarem do local, onde se encontravam possivelmente sete pessoas reunidas, eles teriam sido recebidos com disparos de armas de fogo, razão pela qual teriam revidados com alto poder de letalidade, que resultou na morte de quatro dos homens presentes no local. Os outros três integrantes do grupo conseguiram, segundo a versão dos policiais, evadirem-se do local”, relatam na ação.
Deputado Paulão. Foto: Gustavo Bezerra
Por outro lado, segundo os petistas, os familiares e pessoas, que tiveram acesso ao local e aos corpos, apontam que houve, na verdade, “uma verdadeira chacina, uma execução de trabalhadores e agricultores simples e que não ofereciam e não ofereceram qualquer perigo ou resistência” à abordagem policial. “Há relatos de que as vítimas fatais já estavam contidas, subjugadas pelos policiais, quando foram alvejadas com os tiros de fuzis e pistolas, o que indica, em tese, a prática de uma verdadeira execução de pessoas rendidas e que já não ofereciam qualquer resistência à ação policial”. Os familiares e conhecidos das vítimas também afirmam que eles não tinham qualquer relação com a plantação de maconha encontrada no local e que estavam ali porque se reuniam, de forma habitual, na redondeza. “Noticiam ainda, amigos e familiares, que nenhum deles, salvo uma espingarda de caça (instrumento comum na região) portavam arma de fogo, contestando a versão dos policiais militares, de que teriam sido recebidos a tiros pelas vítimas e os demais integrantes do grupo ali reunidos”.
Conduta chocante
Na avaliação dos parlamentares do PT “são condutas que chocaram a sociedade goiana e brasileira e que devem ser investigadas com profundidade, de modo que as responsabilidades, se houver, sejam devidamente sindicadas”.
É importante, ainda, segundo os petistas, que o Ministério Público Estadual adote todas as medidas legais e constitucionais pertinentes, para que os fatos relatados na representação, a envolver policiais militares em serviço, “sejam descortinados e julgados (se for o caso) junto ao Tribunal do Júri competente e não na seara da Justiça Militar Estadual”.
Leia a íntegra da representação:
Representação MPGO – Chacina em Cavalcante-GO_-convertido1
Assista também vídeo com o deputado Rubens Otoni (PT-GO)
https://www.instagram.com/rubensotoni/p/CZKf-ebvN93/?utm_medium=copy_link
Vânia Rodrigues
