Parlamentares da Bancada do PT se revezaram no plenário da Câmara nesta quinta-feira (25) para manifestar posicionamento contrário aos ataques à soberania nacional e às privatizações anunciadas pelo governo entreguista de Jair Bolsonaro. O deputado Nilto Tatto (PT-SP) defendeu que o Parlamento assuma a responsabilidade de interromper esse processo de destruição que o governo vem fazendo para o País. “No momento em que a emergência para o povo brasileiro é a ajuda emergencial de R$ 600, é ter um programa sério de vacinação de toda a população, de dar apoio para as micro e pequenas empresas manterem os empregos, Bolsonaro vem aqui e traz seus projetos de entrega e destruição do patrimônio público como, por exemplo, as privatizações da Eletrobras e dos Correios”, criticou.
Nilto Tatto indagou qual é a empresa de Correio que vai depois levar as correspondências lá ao interior do Rio Grande do Sul, de Goiás, de Minas, do Amazonas, do Pará. Essas empresas privadas vão fazer esse trabalho?”, provocou.
Na mesma linha, o deputado Paulão (PT-AL) afirmou que espera altivez do Parlamento para recusar as propostas de privatização, em especial a da Eletrobras. “Na minha visão, a privatização do setor elétrico afeta a soberania nacional”, afirmou. Ele citou o exemplo dos Estados Unidos, que é considerado o país mais liberal, mas que tem ao setor de energia de uma parte substantiva e geográfica controlada pelo exército americano. “Isso porque eles entendem a importância da energia para o desenvolvimento não só do país, como também da soberania nacional”.
Para o deputado Paulão, no momento em que se vende agora a parte da geração e da transmissão da Eletrobras, “você está colocando não só todo o setor elétrico da bacia das almas, mas também o controle das águas passa a ser da iniciativa privada”. Ele lamentou ainda a omissão das Forças Armadas, que na sua opinião ficou favorável a um projeto lesa-pátria. “Principalmente o alto comando das Forças Armadas, todo mundo ficou silente em relação a isso. Esse é um projeto de soberania nacional de importância. É por isso que continuo fazendo a defesa para que não aceitemos essa rapidez como quer o presidente da Casa. Ele quer colocar rapidez, celeridade, privatizando um setor tão estratégico para o Brasil”, lamentou.
A deputada Maria do Rosário (PT-RS) destacou que milhares de trabalhadores brasileiros estão sob a ameaça do desemprego com essa destruição do patrimônio nacional. Ela frisou que os Correios que são superavitários e oferecem um trabalho excepcional ao Brasil e importantíssimo de unidade nacional e soberania. “Os Correios estão na mira das privatizações para serem transformados em uma empresa que venha a garantir o lucro dos tubarões privados, assim como Eletrobras e outros setores essenciais. Solidarizo-me e me coloco ao lado de todo o Brasil que está perdendo com cada ação deste governo”.
O deputado Valmir Assunção (PT-BA) também manifestou preocupação com a prioridade de se privatizar o País, vendo a Eletrobras, os Correios, a Petrobras e o Banco do Brasil. “Essa não pode ser a agenda prioritária. Esta Casa tem um presidente que é nordestino. Ele tem que se preocupar em salvar vidas. A pandemia chegou a um grau muito elevado no nosso país, por isso, a nossa preocupação é salvar vidas. Para isso, nós precisamos, de uma forma emergencial, aprovar o benefício de R$ 600 para a população brasileira.
Correios
A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) lamentou a tragédia que o Brasil vive com a pandemia e a crise economia, e “além disso, nós estamos assistindo a mais outra tragédia. Está-nos colocado o enterro de uma empresa histórica, que são os Correios, que nós sabemos que traz notícias boas e ruins, mas que faz um trabalho que é emocionante. Ali estão as cartas que levam uma notícia de um filho distante, de alguém distante que não pode mais se comunicar e manda aquela sua carta. Esse é um sentimento humano, é aproximação. Mas não, tem que privatizar os Correios, a Eletrobras, e agora o BNDES”, lamentou.
Ela ainda reforçou: “Não, não estamos precisando de privatização! Nós temos é que enfrentar essa pandemia. Nós temos que aumentar o orçamento da saúde, da educação. Nós temos que reforçar o SUS, que é o importante, temos que ofertar mais leitos para as pessoas que estão morrendo na porta dos hospitais, temos que ter um plano mais consistente para essa questão da vacina. Esse auxílio emergencial tem que ser digno e não cheio de chantagem, como querem colocar em nossas mãos”.
Inversão de prioridades
O deputado Joseildo Ramos (PT-BA) também lamentou a inversão de prioridades do governo Bolsonaro. “No momento em que todo o Brasil assiste a morte de 250 mil vidas em nosso País, nós temos no governo Bolsonaro um ministro da Saúde que não garante vacina, que não consegue sequer apresentar níveis satisfatórios de governança, mas ao mesmo tempo tem um ministro da Economia, o Paulo Guedes, que sabe que vender o patrimônio nacional atacando a Petrobras, atacando os Correios, atacando a Eletrobras e vendendo a estrutura do País na bacia das almas”, criticou, acrescentando que o melhor seria que “estivéssemos cuidando da saúde pública”.
A deputada Erika Kokay (PT-DF) também entende que a prioridade do governo e do Parlamento não são prioridades que não correspondem ao que a população deseja. “O governo Bolsonaro, ainda que fale em auxílio emergencial, busca fazer do auxílio emergencial um gatilho contra a saúde e a educação. Isso é inadmissível! Para além disso, nós temos a privatização da Eletrobras, uma empresa que deu 30 bilhões de lucro nos últimos 3 anos. A mesma coisa acontece com os Correios, uma empresa lucrativa”, afirmou. A deputada ainda manifestou preocupação porque o lucro dos Correios vem de cerca de 10% dos municípios. “Os 90% dos municípios que não dão lucro certamente serão prejudicados por uma empresa privada que visa ao lucro”, alertou.
Solidariedade
O deputado João Daniel (PT-SE) defendeu o retorno imediato do auxílio emergencial e repudiou o processo de privatização desencadeado pelo governo Bolsonaro. “Quero registrar o nosso mais forte ato de solidariedade a todos os eletricitários do Brasil, que, neste momento, estão ameaçados pelo governo Bolsonaro, que quer privatizar todo o nosso sistema elétrico. Isso é um ataque à soberania, é um ataque a todos os trabalhadores e trabalhadoras, em especial aos consumidores brasileiros que irão pagar mais pela energia elétrica”.
João Daniel também manifestou compromisso com todos os trabalhadores e as trabalhadoras dos Correios. “Essa empresa que não pode ser privatizada, uma empresa que tem a história do povo brasileiro. Neste momento, a todo custo, o governo quer privatizá-la porque Bolsonaro é entreguista e quer entregar essa empresa e tantas outras estatais a serviço do monopólio das grandes conglomerações internacionais”.
Vânia Rodrigues