Parlamentares da Bancada do PT se revezaram na tribuna da Câmara nesta terça-feira (12) para destacar as ações do Governo Lula para socorrer as vítimas do ciclone extratropical que causou ventania intensa e muita chuva em vários municípios do Rio Grande do Sul. Os deputados e deputadas também rebateram as fake news que bolsonaristas têm espalhado sobre a tragédia, além de manifestar solidariedade com o povo gaúcho. O plenário, em dois momentos distintos da sessão, fez um minuto de silêncio pelas vítimas das enchentes.
A deputada Denise Pessôa (PT-RS), de Caxias do Sul, ao manifestar a sua solidariedade, disse que a Serra Gaúcha e todo o Vale do Taquari foram duramente impactadas pelas enchentes. “Estive acompanhando a situação desde a semana passada, vi a presença de muitos voluntários, que estiveram mobilizados, auxiliando, mas também de entes públicos, do governo do estado, e do Governo Lula”. Ela citou o vice-presidente, Geraldo Alckmin — presidente em exercício —, o ministro Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação da Presidência da República), Edegar Pretto, presidente da Conab, entre outros ministros que estiveram presentes “e não pouparam esforços para auxiliar o povo gaúcho. Também foi anunciada a liberação de R$ 741 milhões para atender os municípios atingidos”, informou.
Ela explicou que, em um primeiro momento, os recursos serão destinados para salvar vidas e para a saúde e, posteriormente, para a infraestrutura, mas também, e não menos importante, para socorrer as economias. “Temos ali muitos empreendimentos, sejam pequenas barbearias, sejam mercados, que quebraram, que simplesmente foram arrastados pelas águas. Então, além das vidas que perdemos, que lamentamos, e das pessoas que estão desaparecidas, temos as casas, as moradias, e nesse momento é necessário um esforço conjunto para retomarmos e reerguermos o Rio Grande do Sul”.
Denise Pessôa reiterou que era preciso reconhecer o esforço dos governos federal e estadual e de todas as prefeituras que têm sido solidários com as cidades atingidas. “Comportamento oposto ao de vários parlamentares [bolsonaristas] que escolheram o caminho de propagar fake news sobre a tragédia”, lamentou.
Código Florestal
Na avaliação da parlamentar gaúcha, o momento é também de reflexão, especialmente sobre a questão da flexibilização do Código Florestal, aprovada em 2021, e que deixou com que cada município regrasse as áreas de APPs (áreas de proteção ambiental) que circulam dentro das áreas urbanas. “Isso é um retrocesso, e nós não conseguimos ver todas as bacias hidrográficas de uma forma conjunta. É necessário repensar as APPs, porque hoje nós estamos passando por problemas climáticos também por causa dessas flexibilizações. É necessário que reflitamos sobre essas mudanças climáticas, mas com responsabilidade. Além de tudo, as alterações que ocorreram não foram positivas, e nós precisamos revê-las”, defendeu.
Mudanças climáticas
A deputada Reginete Bispo (PT-RS), ao criticar as fake news, lembrou que elas foram derrotadas no dia 30 de outubro. “E nós estamos num processo de reconstrução deste País, que foi duramente desmantelado, maltratado por um governo negacionista, responsável por mais de 700 mil mortes neste País. E quero dizer para os propagadores das fake news que neste ano é o terceiro ciclone extratropical que abate o Rio Grande do Sul. O ciclone passado, no Maquiné, na região de Osório, matou muita gente, assolou muita gente. Então, esse fenômeno relacionado às mudanças climáticas está acontecendo não só no Rio Grande do Sul, mas em todo o planeta, em todo o País. Isso, sim, precisa ser visto”, afirmou.
Reginete Bispo mais uma vez manifestou solidariedade ao povo gaúcho e enfatizou que o Rio Grande do Sul nunca esteve sozinho, como as fake news têm divulgado. “O Governo Lula esteve lá desde o primeiro dia. No último domingo, estiveram lá o vice-presidente, Geraldo Alckmin — presidente em exercício —, com oito ministros e uma delegação de parlamentares, que o acompanharam”. A deputada explicou que lá o compromisso do governo federal, primeiro, é salvar vidas; segundo, reconstruir as cidades; e, terceiro, restituir os empregos e ajudar as empresas a se recuperarem naquela região que foi duramente massacrada pelo ciclone extratropical.
Ela informou ainda que o Governo Lula liberou, no domingo — está lá disponível para os municípios que já têm os seus planos de ação —, R$ 741 milhões para investir no salvamento de vidas, em comida, em saúde, na reconstrução de casas, na reconstrução da estrutura pública, de hospitais, estradas e pontes. “Mais de 900 homens das Forças Armadas estão lá trabalhando. O Grupo Hospitalar Conceição, junto com as Forças Armadas, instalou um hospital de campanha. Então quem está falando, divulgando fake news é porque se aproveita da dor e sofrimento do meu povo, do povo do Rio Grande do Sul — da dor e sofrimento!”, lamentou.
Fake News
O deputado Joseildo Ramos (PT-BA) também se solidarizou com o povo gaúcho e rebateu as fake News. “O Alexandre Garcia disse que, em três barramentos, abriram-se as comportas para, de maneira deliberada, criar a inundação no Vale do Taquari. Isso foi dito! É inacreditável um negócio desses!”, protestou. O deputado citou ainda que, segundo a imprensa, o deputado Gustavo Gayer (PL-GO), “daqui, repetiu uma mentira criada por uma veterinária gaúcha, a Samara Baum, que havia dito que os donativos para a população atingida pelas enchentes no Rio Grande do Sul só seriam entregues na presença de Luiz Inácio Lula da Silva. Mentiras! E esse Gustavo Gayer é mentiroso contumaz”, criticou.
Essa disseminação de fake news, na opinião do deputado Joseildo, mostra que é importante regular a mídia para estabelecer critérios e regras para o pensamento fluir. “O pensamento livre e soberano fará bem à democracia”, argumentou.
Solidariedade
Ao manifestar a solidariedade do povo mineiro ao povo gaúcho, o deputado Rogério Correia (PT-RS) reiterou que o Governo Lula imediatamente reconheceu a tragédia e decretou estado de emergência. O vice-presidente, Geraldo Alckmin, foi ao Rio Grande do Sul, verbas foram anunciadas, reuniões foram feitas com prefeitos. “O Governo Lula levou, não apenas solidariedade, mas ações concretas para o povo gaúcho. Mas, infelizmente, uma parte dos deputados do Rio Grande do Sul preferiu fazer demagogia e prática de cinismo e passaram a fazer fake news que diziam, até, que tinha sido interrompido o alimento que chegou porque esperavam que o presidente Lula chegasse ao Rio Grande do Sul. Vários deputados chegaram a levar essas fake news para o povo brasileiro, uma mentira completamente deslavada”, denunciou.
O deputado Alfredinho (PT-SP) também manifestou solidariedade e lamentou a divulgação “irresponsável” de fake news. “Infelizmente, alguns se aproveitam desse momento de tanta calamidade para disseminar fake news, usando a calamidade, o sofrimento do povo e se aproveitando para fazer valer tudo”.
As deputadas Ana Paula Lima (PT-SC) e Jack Rocha (PT-ES) e os deputados Bohn Gass (PT-RS), Helder Salomão (PT-ES), João Daniel (PT-SE), Marcon (PT-RS) e Zé Neto (PT-BA) também se manifestaram contra as fake news e em solidariedade ao povo gaúcho.
Fake News desmentida
O vídeo fake espalhado por bolsonaristas em que o jornalista Alexandre Garcia diz que “é preciso investigar que não foi só a chuva” que causou as enchentes no Rio Grande do Sul e sugere que três represas pequenas abriram as comportas ao mesmo tempo causando uma enxurrada foi analisado pelo “O Estadão Verifica” que concluiu que a informação é falsa. Segundo a checagem, os órgãos de controle e fiscalização negaram que tenha havido abertura de comportas de represas no Rio das Antas, no Rio Grande do Sul, causando as inundações em cidades do Estado. Informaram ainda que três usinas hidrelétricas citadas no vídeo não possuem comportas que armazenam ou retêm água para geração de energia.
A Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) do RS informou que “não há evidências de que as barragens tenham influenciado no agravamento da enxurrada”. A Companhia Energética Rio das Antas (Ceran) ressaltou que a água excedente passou por cima das barragens, sem nenhum tipo de liberação mecânica. E a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), responsável pela fiscalização de geração hidrelétrica, afirmou que as cheias não poderiam ser agravadas por conta da estrutura das barragens. Assim como a Agência Nacional de Águas (ANA), que confirmou que a produção de energia é feita apenas com a força da correnteza, sem uso de comportas.
Vânia Rodrigues, com informações de O Estadão Verifica