O líder da Minoria na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), fez duras críticas à decisão do governo Bolsonaro de reduzir pela metade os benefícios sociais oriundos do auxílio emergencial de R$ 600 aprovados pela Câmara. “O governo, de forma perversa e cruel, reduziu para R$ 300 os R$ 600 que as famílias brasileiras estavam recebendo. A mãe de família, solteira, que tem 4, 5, 10 filhos estava recebendo R$1.200 e agora vai receber R$ 600. Tudo foi reduzido. É uma lógica escravista, que ainda quer capitalizar politicamente, como se os nordestinos, como se os brasileiros que moram nas periferias das grandes cidades pudessem vivem com esse auxílio de R$ 300”, protestou.
Guimarães disse que o País todo está questionando por que reduziram de R$ 600 para R$ 300? “Por que essa maldade? Por que essa perversidade toda? Ele (Bolsonaro) não disse que tem o compromisso com os mais pobres, com aqueles que precisam de proteção do Estado, por que não prorrogou com os mesmos R$ 600?”, insistiu.
Guimarães argumentou que o auxílio emergencial sustenta e induz o funcionamento da economia real nas pequenas e médias cidades, assim como acontece no Programa Bolsa Família, em que para cada R$ 1 investido, a economia cresce R$ 1,78 reais. De acordo com o IBGE, a Fundação Getúlio Vargas, os institutos e órgãos que avaliam o impacto dos benefícios sociais nos países miseráveis como o nosso, isso termina influenciando a economia brasileira e promovendo um certo crescimento.
Estado mínimo
O líder do PT, deputado Enio Verri (PR), também criticou a visão do Estado mínimo do presidente Bolsonaro e do ministro Paulo Guedes, alertando que isso terá como consequência o aumento da miséria em nosso País em 2021. “Temos um Estado em que o seu presidente vai atender à sua base social, fazendo uma moralzinha com as Forças Armadas e cortando pela metade a renda emergencial de R$ 600 para R$ 300”, lamentou.
Verri desafiou Paulo Guedes e Bolsonaro a viver com R$ 300 mensais. “Aliás, eu desafio a D. Michelle a viver sem os R$ 89 mil que foram depositados na conta dela” provocou o líder, repetindo a pergunta que o Brasil todo faz nos últimos dias: “Por que Queiroz depositou R$ 89 mil na conta da primeira-dama? Por quê? Que colocassem R$ 300, já que a população pode viver com R$ 300”, provocou.
Para o deputado Rogério Correia (PT-MG), a redução do auxílio emergencial é uma maldade. “É muita maldade, é mesmo. R$ 600 é o mínimo para se sustentar uma família numa época desta e, mais do que isso, se buscar aquecer a economia”, defendeu. Ele reforçou que o auxílio diminuiu o impacto negativo da pandemia na economia, salvou vidas e aqueceu a economia num período muito difícil. “Mas não é esse o entendimento da equipe econômica e muito menos do presidente Bolsonaro, que agora se apressa em diminui-lo pela metade num momento em que o Brasil, de novo, teve mais um trimestre de recessão econômica. Então, o que aponta para o futuro é muita perversidade, muita maldade com o povo brasileiro”, reforçou.
Rogério Correia afirmou que o Parlamento não pode concordar com essa redução no valor do auxílio emergencial. “A nossa proposta é de pelo menos manter até dezembro esses R$ 600 e se discuta realmente uma renda mínima no Brasil, até no sentido de se recuperar a nossa economia”, defendeu.
Orçamento para 2021
O líder José Guimarães criticou também a proposta orçamentaria para 2021, que o governo entregou na segunda (31/08), ao Congresso Nacional. Ele observou que prevaleceu no orçamento, em certa medida, a posição do ministro Paulo Guedes (Economia), de ajuste fiscal, de teto de gastos. “Meus caros parlamentares, um teto de gasto já está furado faz tempo, porque este governo é o governo da irresponsabilidade fiscal e não tem meta coisa nenhuma, já abriu tudo. Portanto, já não se comporta mais falar em teto do gasto. E, agora, ainda tem a desfaçatez, ainda tem a coragem de anunciar ao País a redução no auxílio emergencial de R$ 600 para R$ 300”.
Segundo Guimarães, o Congresso Nacional vai discutir um orçamento pífio. “E onde é que o governo resolveu meter a tesoura? Em primeiro lugar, no salário mínimo, porque não houve aumento real, só reposição da inflação de 2,58%. O salário mínimo que era de R$ 1.079, reduziu R$ 12 e passou a R$ 1.067. Meteu a tesoura na educação e cortou dela mais de R$ 4 bilhões. Defendeu o SUS, e cortou mais de R$ 2 bilhões do Sistema Único de Saúde”, criticou.
Vânia Rodrigues