Petistas protestam contra assassinatos de sem terra e cobram aceleração da reforma agrária

valmirferrodutraDeputados federais do PT protestaram e cobraram providências, nesta segunda-feira (26), em relação aos assassinatos de Antônio Tiningo, que era um dos líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Pernambuco, e de três militantes do Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), na região do Triângulo Mineiro.

Antonio Tiningo foi morto na sexta-feira (23), no município de Jataúba, agreste pernambucano. No sábado (24), Nilton Santos Nunes, Valdir Dias Ferreira e Clestina Leonor Sales Nunes, integrantes do MLST, foram assassinados em rodovia estadual, nas imediações do distrito de Miraporanga, a 40 quilômetros de Uberlândia (MG). No veículo em que trafegavam, foi encontrada uma criança de cinco anos, neta de Nilton e Clestina e sobrinha de Valdir.

O coordenador do Núcleo Agrário do PT na Câmara, deputado Valmir Assunção (PT-BA), atribui os crimes à concentração da estrutura fundiária e à impunidade dos crimes ocorridos no campo. “ Mais uma vez vemos trabalhadores rurais tendo suas vidas ceifadas devido aos conflitos gerados pela concentração fundiária e pela especulação em torno da terra. A impunidade consolida este processo, que impede qualquer construção de cidadania e democracia no campo. A reforma agrária é urgente e necessária para se estabelecer justiça no campo, erradicar a miséria e a pobreza e para dar fim a tantas perdas de companheiros e companheiras que trabalham para organizar os trabalhadores e trabalhadoras no campo”, afirmou o parlamentar baiano.

Outro parlamentar que lamentou os episódios e apontou a impunidade como uma das causas foi o deputado Fernando Ferro (PT-PE). “Esses crimes são mais um retrato da violência do latifúndio e da nossa dificuldade em realizar a reforma agrária. Essa tragédia tem a ver com a impunidade e com a nossa estrutura agrária secular”, lamentou Ferro, que vai cobrar do governo de Pernambuco investigações rigorosas para que os responsáveis pelo assassinato de Antonio Tiningo possam ser punidos.

Já o presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Câmara, deputado Domingos Dutra (PT-MA), cobrou maior agilidade na realização da reforma agrária e disse que irá propor ao governo federal a criação de um “Programa de Aceleração da Cidadania”, com o objetivo de fortalecer os direitos sociais da população. “Diante de mais sangue derramado de trabalhadores rurais, espero que o governo acelere as medidas para combater a violência, mas, sobretudo, avance na execução da reforma agrária. Além do Programa de Aceleração do Crescimento, seria importante que o governo construa um ‘Programa de Aceleração da Cidadania’. Vou apresentar essa proposta”, informou Dutra, que também disse que a CDH já está acionando os órgãos competentes para investigar os assassinatos.

Suspeitos – No crime de Minas Gerais, testemunhas informaram aos policiais que dois homens chegaram em um automóvel prata e pararam o veículo dos militantes do MLST. Em seguida, quando Valdir e Nilton saíram do carro, foram baleados na cabeça. Clestina foi morta antes de tentar sair do veículo. A criança foi encontrada em estado de choque e os policiais que apuram o crime não sabem se ela foi poupada ou se estava escondida dentro do veículo.

Em Pernambuco, Tiningo era um dos coordenadores do acampamento da fazenda Ramada, ocupada há mais de três anos. No final de 2011, mesmo ocupada por famílias sem terra, o imóvel foi comprado por um empresário do ramo de confecção e especulação imobiliária, conhecido por Brecha Maia. Logo que comprou a área, o fazendeiro – que possui outras fazendas na região – expulsou ilegalmente as famílias, sem nenhuma ordem judicial ou presença policial.

Na semana passada, Brecha Maia havia declarado que faria o despejo das famílias “por bem ou por mal”, e que a ação não passaria da sexta-feira (23), dia em que Tiningo foi assassinado.

Rogério Tomaz Jr. com Portal MST e agências

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