Matéria atualizada às 16h50
Parlamentares da Bancada do PT na Câmara defenderam na manhã desta sexta-feira (22) a liberação integral do vídeo da reunião entre Bolsonaro e ministros, ocorrida em 22 de abril no Palácio do Planalto, na qual, segundo denúncia do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, teria ocorrido pressão do presidente pela troca de postos de comando na Polícia Federal visando proteger seus filhos e aliados políticos. A decisão sobre a liberação do vídeo foi prometido para hoje pelo ministro do STF e relator do caso, Celso de Mello. Para os deputados petistas, a população tem o direito de conhecer a verdade sobre o caso.
O líder do PT na Câmara, deputado Enio Verri (PR), ressaltou que o vídeo precisa ser conhecido pela população, para que ela saiba o que acontece verdadeiramente nas reuniões entre Bolsonaro e seus ministros.
“Se a pauta lá era para o bem do Brasil, que bom. Porém, se naquela reunião ocorreram coisas que comprometem Bolsonaro e seus ministros, mais um motivo para ficarmos sabendo. Por isso que a expectativa que temos – da Bancada do PT na Câmara e da sociedade brasileira – é a de que Celso de Mello coloque a público esse vídeo que todo mundo quer assistir”, disse.
Para a deputada Margarida Salomão (PT-MG), um vídeo de uma reunião entre o presidente e ministros, e sobre a qual pairam dúvidas quanto a legalidade dos assuntos ali tratados, precisa ser revelado ao povo brasileiro.
“Eu acho imprescindível essa liberação. Afinal de contas, aquilo não foi uma reunião de mesa de bar onde pessoas se encontraram para tomar uma cerveja. Foi uma reunião ministerial em que deveriam ser tratados assuntos de interesse do País. Portanto, o povo brasileiro tem o direito de saber o que foi tratado nessa reunião, até para conhecer o que seu governante tanto teme em revelar”, afirmou a deputada.
Corroborando as suspeitas de que durante a reunião foram feitas declarações que pode configurar crime de responsabilidade, ou mesmo crime comum, na última semana o próprio presidente Jair Bolsonaro revelou temor que de que o vídeo seja liberado na íntegra. Ele chegou a fazer um apelo público para que seja liberada apenas parte do vídeo, alegando questão de “segurança nacional”.
Além da acusação de tentativa de interferência do presidente para trocar o comando da Polícia Federal, a imprensa noticiou durante as últimas semanas que declarações “embaraçosas”, ou “criminosas” de ministros, também foram proferidas na reunião. No encontro, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, teria xingado e defendido a prisão de todos os ministros do Supremo Tribunal Federal, e a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, também defendeu a prisão de governadores e prefeitos que discordavam de decisões de Bolsonaro no combate ao Covid-19.
“Eu acredito que esse vídeo pode vir a ter a comprovação de vários crimes, primeiro porque sabemos que Bolsonaro e ministros como (Abraham) Weintraub, Damares (Alves) e Ernesto Araújo são desbocados. Portanto, como diz o ditado ‘quem não deve, não teme’. Creio que o temor de Bolsonaro com a divulgação total desse vídeo tem a ver com algum crime que possa ter sido cometido”, afirmou Margarida Salomão.
Pelas redes sociais
Pelo Twitter, vários parlamentares defenderam a liberação do vídeo. “Peço ao ministro Celso Mello que libere a íntegra do vídeo da reunião ministerial”, defendeu o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), utilizando a hastag #LiberaTudoCelsoDeMello.
O deputado Rogério Correia (PT-MG) acredita que o vídeo pode ser a prova cabal da interferência de Bolsonaro na PF para proteger seus filhos e aliados políticos investigados pela instituição. “A prova que Jair Bolsonaro interferiu na PF para acobertar a corrupção está no vídeo, bem como demonstra que governo está entregue à crise. Ministro Celso de Mello tem obrigação de deixar o Brasil saber disto!”, enfatizou.
Na mesma linha, a deputada Luizianne Lins (PT-CE) destaca que o pedido de Bolsonaro para que o vídeo não seja liberado na íntegra, demonstra a preocupação do presidente de que outros crimes possam ser revelados.
“Os brasileiros têm direito de ver as provas dos desmandos e crimes de Bolsonaro, a exemplo do vídeo em que exige interferir na PF para proteger seus filhos e comparsas. O genocida Bolsonaro pediu ao ministro Celso de Mello, do STF, para não divulgar o vídeo todo. Ou seja, tem muito mais sujeira do que a gente imagina”, afirmou.
Héber Carvalho